𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐕𝐈𝐍𝐓𝐄 𝐄 𝐒𝐄𝐈𝐒 - Novos planos

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     Kuina já havia passado por tanta coisa naquele estranho mundo que não saberia dizer se poderia sentir mais alguma dor, rodeada de eventos tão lancinantes antes mesmo de ser arremessada no país dos jogos

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     Kuina já havia passado por tanta coisa naquele estranho mundo que não saberia dizer se poderia sentir mais alguma dor, rodeada de eventos tão lancinantes antes mesmo de ser arremessada no país dos jogos. Era como se o universo estivesse lhe testando, vendo até onde a sua teimosia poderia lhe levar. Fora quando acordou após a partida de seus dois colegas, com seu corpo meramente mais estável pelo ferimento recém adquirido, que percebeu que nem ao menos aquela dor que a fez ficar de cama, totalmente imóvel nos últimos tempos, poderia se igualar ao mal que sentimentos não palpáveis lhe causavam. Nenhuma bala, nem aquela que ousassem algum dia atirar em seu peito, lhe faria sofrer mais do que a saudade que sentia de sua mãe, das palavras dolorosas de seu pai, dos pesadelos que possuía com o corpo sem vida de Ann em seus braços, pesadelos que às vezes a perseguiam até mesmo enquanto estava acordada, sendo silenciados apenas pela algazarra que seus demais amigos provocavam ao seu redor.

     Amigos.

     A angústia de não saber como Harumi e Chishiya estavam também era avassaladora, postos sobre um perigo imenso enquanto ela estava ali, estirada na cama de casal, tendo levantado apenas poucas vezes para ir ao banheiro, ato que só conquistou após muita teimosia. Ela precisava saber que ainda conseguia se mexer, como se temesse que seu corpo apodrecesse antes de sua mente tão agitada.

     — Eles vão voltar logo, Kuina — Usagi tentou tranquilizar a garota que permanecia deitada, colada ao walkie-talkie, buscando pelas estações de rádio algum sinal de vida da dupla aventureira.

      — Sim, nós prometemos para eles um prazo de dois dias — Arisu apoiou calmo, sentando-se no beiral da cama, apesar de há cinco segundos atrás estar rondando o prédio de cima a baixo por tamanha ansiedade.

      Não faltava muito tempo para a estimava de dois dias acabar, a lua mais uma vez recaindo sobre seus ombros, permitindo que o Sol radiante se deitasse para descansar enquanto ela se encarregaria de cuidar de pessoas tão angustiadas quanto as daquele grupo, que já trocavam o dia pela noite.

      — É, o máximo que pode acontecer é eles morrerem — Yuta comentou, fazendo todos olharem automaticamente para ele — Pensando melhor, isso é bem ruim — Constatou, levando uma das mãos até seu queixo de forma pensativa.

      Kuina havia aprendido a gostar do estranho taxista, vislumbrando até mesmo em momentos como aqueles, o nervosismo posto sobre seu corpo, qual tanto tentava esconder, mas seus pés que batucavam freneticamente o chão vez ou outra, quando se permitia esquecer daquela mania por um tempo, denunciavam. Yuta sempre tinha uma piada para tudo que era dito, lembrando até mesmo um pouco do rapaz platinado que a jovem sentia falta agora, todavia não era como se os dois fossem parecidos, Chishiya possuía um humor mórbido, despretensioso, derivado de seu desleixo diante a preciosidade que era a vida, já Yuta possuía tanto amor por aquela dadiva que lhe fora dada que precisava encontrar humor em pequenas coisas para se esquecer do peso dela sobre seus ombros, era engraçado como havia conseguido sobreviver a tanto tempo, tendo esse medo tão grande diante a morte, talvez nisso, ele se assemelhasse mais a Arisu, apesar do moreno mais baixo também já ter demonstrado, diante os momentos que Kuina esteve junto a ele, que não possuía tanto medo de morrer assim, se doando por completo para aqueles que precisassem. Talvez Yuta fosse no fim mais parecida com ela mesma, e não soubesse bem ao certo porque, ou por quem, permanecia vivo, reunindo a honra de diversas pessoas importantes que havia deixado para trás para que eles pudessem estar ali naquele exato momento.

𝐓𝐇𝐄 𝐑𝐄𝐀𝐋 𝐆𝐀𝐌𝐄 - 𝘚𝘩𝘶𝘯𝘵𝘢𝘳𝘰 𝘊𝘩𝘪𝘴𝘩𝘪𝘺𝘢Onde histórias criam vida. Descubra agora