𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐕𝐈𝐍𝐓𝐄 𝐄 𝐔𝐌 - Respiração

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     Era difícil para qualquer pessoa presa naquele país encontrar o mínimo de sentido sobre as regras que regiam o mundo, apesar da forma tão bem articulada que os jogos haviam sido criados, com seu manual explicado passo a passo, fixados sobre a...

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     Era difícil para qualquer pessoa presa naquele país encontrar o mínimo de sentido sobre as regras que regiam o mundo, apesar da forma tão bem articulada que os jogos haviam sido criados, com seu manual explicado passo a passo, fixados sobre a única honestidade que jamais havia sido alterada: alguém irá sair vivo, e alguém irá sair morto. Parecia que ao mesmo tempo que tão semelhante a coisas banais, como sentimentos e ações recorrentes na sociedade, ainda existissem coisas que não funcionariam, tudo parecia multiplicado em mil, as respostas para os eventos extremamente exageradas, como raios que caiam do céu e jogos infantis mortais. O medo de algum bicho embaixo da cama sendo substituído por algum vindo de qualquer local imaginado, ou inimaginável. O tecido fino dos cobertores, antes tão seguro diante a escuridão, não sendo capaz de salvar mais ninguém dos monstros, apesar de grande parte dos jogadores já estarem na fase adulta — na verdade, Harumi nunca havia nem se quer visto alguma pessoa extremamente jovem por ali.

     Fora estranho notar como percepções como aquela só pareceram de fato matutarem sobre a mente da morena após o fim de todos os jogos, tendo vivenciado tal sentimento apenas no dia que havia sido abandonada naquele lugar. A verdade era que as coisas não precisavam fazer lógica para ela, contanto que lhe levassem a seu objetivo, era assim que havia aprendido: sem perguntas demais, apenas o trabalho. Aquelas ações poderiam lhe proteger na maioria do tempo, mas não lhe pareceram tão úteis assim naquele caótico universo. Harumi não possuía mais um objetivo para seguir, deixada a mercê, sem qualquer explicação que pudesse preencher ao menos um pouco aquela tremenda fenda que a incerteza lhe causava.

     Ela sempre esteve cercada de corpos e partidas, e não entendeu o motivo de um simples comentário sobre um conseguir lhe causar um arrepio como aquele. Que corpo eles estavam investigando? Quem era importante o suficiente para que despojassem de seu tempo para estuda-lo?

     — E a causa da morte? — Aquela segunda voz, que possuía um timbre mais aveludado, soou novamente, tão indignado com a normalidade da situação quanto qualquer um que escutasse aquele diálogo. Sedento por uma única explicação maluca o suficiente para que pudesse saciar todos os seus porquês.

     — Também não tem mais nada — A pessoa de cordas vocais mais agudas respondeu com a mesma simplicidade decepcionante.

     — Chishiya já pode ir dormir — Arisu murmurou ainda do cômodo ao lado, sua voz embriagada de sono denunciando que ainda estava lutando com ele, apesar de possuir um timer perfeito do momento da troca de turno. O rapaz não havia percebido nem ao menos a presença de Harumi quando cruzou a abertura da porta, assim como ela e o platinado ao seu lado, que tão concentrados nas vozes abafadas do walkie-talkie em sua frente que nem ao menos notaram o mesmo levantando de sua cama. A recente descoberta chocando até mesmo a fantasma, que não conseguiu manter sua atenção focada em todos os cantos do aposento, se contentando em apenas anotar caso o tilintar da maçaneta da porta soasse — Você já pode ir dor...

     — Shh! — Harumi chiou enquanto o moreno começava a se aproximar, impedindo que ele repetisse aquela frase, suas mãos fechadas coçando seus olhos, uma mania condenada para muitos médicos, que logo foi cessada pelo pequeno susto que o rapaz levou.

𝐓𝐇𝐄 𝐑𝐄𝐀𝐋 𝐆𝐀𝐌𝐄 - 𝘚𝘩𝘶𝘯𝘵𝘢𝘳𝘰 𝘊𝘩𝘪𝘴𝘩𝘪𝘺𝘢Onde histórias criam vida. Descubra agora