𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐂𝐈𝐍𝐂𝐎 - O que resta fazer

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     O inchaço dos olhos de Harumi ainda incomodavam a sua visão, apesar de ter visto pelo reflexo das vidraças de um prédio que eles não estavam mais avermelhados, talvez o que de fato lhe incomodasse fosse o quanto seu corpo havia conseguido der...

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     O inchaço dos olhos de Harumi ainda incomodavam a sua visão, apesar de ter visto pelo reflexo das vidraças de um prédio que eles não estavam mais avermelhados, talvez o que de fato lhe incomodasse fosse o quanto seu corpo havia conseguido derramar tanta água, incessantemente, desesperado. Aquela fora a primeira vez que se permitiu chorar depois de anos.

     As vezes ela se perguntava para onde todas aquelas lágrimas iam, onde cada choro engolido se alojava, e a resposta talvez tenha sido mais óbvia do que ela esperava: Para lugar nenhum. Cada lágrima segurada se mantinha dentro de seu corpo, abaixo de seus olhos, afogando sua mente, maquinando um plano perverso com direito a juros, para quando finalmente fossem libertadas. Harumi chorou por horas, com o som do último bipar da máquina que marcava os batimentos do coração da criança em sua mente, o zumbido infinito do grande zero estampado na tela ainda lhe infernizava, batendo mais forte do que qualquer soco que já havia levado em toda a sua vida. O vazio daquela cidade nem ao menos tinha lhe preocupado até agora, fora apenas na chegada da noite que ela se tocou onde de fato estava, ou havia deixado de estar, seus joelhos descobertos estavam vermelhos, consequência de quanto tempo ela havia passado caída do lado de fora da porta do quarto do hospital.

     Seu caminhar era perdido, desconexo do mundo ao seu redor, e apesar de não acreditar nisso, até mesmo questionou se os seus lamentos desesperados não haviam sido escutados por algum Deus, que a levou no lugar de seu irmão.

     Harumi havia encontrado um único lugar com luz, uma pequena balada próxima ao hospital, e agora esperava escondida entre as sombras de seu telhado, que alcançou subindo pelo cano preso na parede da frente, o capuz de sua jaqueta escondia seu rosto.

     Mais duas pessoas haviam se aproximado, parando na porta do local após o corredor de entrada que a construção possuia, escorando-se sobre ela, como se esperassem por algo. Um tempo depois um outro homem apareceu, e o grande telão qual estava sobre a entrada ecoou em alto em bom som. Ela sentiu seu corpo se arrepiar, nem ao menos havia o notado ali.

"As inscrições para o jogo estão encerradas. Quatro participantes foram escritos"

     — Quatro? Mas nós estamos em três — Um dos homens comentou, ele era baixo e rechonchudo, parecia com o dono de algum bar extremamente depravante, como aqueles que Harumi costumava frequentar. O homem caminhou de volta para o início do pequeno corredor, um rapaz esguio e loiro lhe acompanhou, tão curioso quanto. Apenas o último homem que chegou permaneceu parado, se aproximando da porta agora vazia.

     A garota olhou em volta, confusa, também procurando o quarto participante, seja lá o que aquilo significava, até que avistou, bem em sua frente, no início daquele corredor reto antes da porta, que não era coberto pelo telhado que o cercava, um laser vermelho rodeando o lugar, como uma gaiola.

𝐓𝐇𝐄 𝐑𝐄𝐀𝐋 𝐆𝐀𝐌𝐄 - 𝘚𝘩𝘶𝘯𝘵𝘢𝘳𝘰 𝘊𝘩𝘪𝘴𝘩𝘪𝘺𝘢Onde histórias criam vida. Descubra agora