· 𝚃𝚑𝚎 𝚝𝚠𝚎𝚗𝚝𝚢-𝚜𝚎𝚟𝚎𝚗𝚝𝚑 𝚜𝚒𝚐𝚑𝚝 ·

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[ ᴏʟɪᴠᴇʀ ᴍᴀʀᴄᴏ ᴅᴇ s/s ]

Como poucos sabem, eu sou irmão de uma atriz famosa. S/n S/s, uma mulher de vinte e seis anos, bonita e encalhada.

Muito prazer, eu sou o Oliver.

Faz alguns dias desde que minha mãe conseguiu passagens para os Estados Unidos para visitar minha irmã. Seria uma surpresa, se tudo desse certo. Porém não foi como eu e Angélica imaginávamos, acabamos contando para a tonta da S/n que estávamos indo durante uma ligação. Ela estava com alguém no quarto, um homem.

Não que eu me intrometa na vida amorosa da minha irmã, mas tenho certo incômodo com ela estando longe de mim e começando um "relacionamento". Eu não costumo dizer à ninguém, mas minha irmã, depois de minha mãe, é a mulher mais importante da minha vida.

Durante o tempo em que ela ainda morava conosco, eu adorava sair com ela. Tínhamos nossas conversas, nossos rolês, nossas piadas internas. Mas agora eu estou preso em um país sem minha irmãzona, o que me deixa chateado.

Eu não sou de ter muitos amigos, admito. Sou muito na minha e odeio os brasileiros por serem... Brasileiros! Quer dizer, não eles em si, mas seus gostos estranhos e falta de senso de compaixão. Exemplo: mandrakes. Não existe escola no Brasil que não tenha pelo menos um mandrake. Mas eu? Eu sou diferente. Sou da ciência, do estilo americano. Gosto de usar roupa de marca e não me importo com a opinião de ninguém.

Então eu me tornei o excluído.

Hoje em dia, até me acostumei com a falta que S/a me causou, e fico feliz dela ser reconhecida em praticamente o mundo todo! Sua última série feita foi um sucesso, seus filmes, suas entrevistas e seu rosto posto em todas as revistas de moda. Convenhamos que minha irmã é maravilhosa em muitos aspectos, mas...

...

Bom, entretanto, estou ansioso para ir vê-la. E também... Faz alguns meses que iniciei uma conversa na internet com uma gringa. Ela tinha a minha idade e era muito linda, queria conhecê-la. Sua casa ficava bem distante de onde minha irmã estava morando mas, eu precisava encontrá-la para saber se ela realmente era Emmeline Stonkes. A garota que eu estou apaixonado faz pouco menos de dois meses.

Mantive contato com ela durante toda a viagem. Aprendi inglês básico apenas conversando com a ruiva, e então minha mãe me questionou sobre fazer cursos. Então poucos meses antes de ir visitar minha irmã iniciei um curso online na Babel, só para estar preparado para a América do Norte. O que não foi muito complicado.

Estou hospedado no apartamento da S/a fazem três dias, ela já trouxe o "amigo" para jantar conosco no primeiro dia, já me levou ao teatro, me apresentou meu ator favorito e me levou para comer donuts, o que é muito diferente dos que fazem no Brasil. É bom.

Admito que fiquei meio surpreso de ver que minha irmã mora em um apartamento. Tipo, ela é rica! Por que não morar em uma mansão ou em uma casa só? Isso me deixa frustado, se eu fosse um ator famoso E rico, com certeza moraria numa mansão como a da Kim Kardashian, ou sei lá. A casa é bonita, espaçosa e muito limpa, mas... (?)
Parece um apartamento típico de uma pessoa qualquer, e não uma famosa.

Falando assim até parece que sou ambicioso ou muito desumilde, e sou mesmo.

Parei o que estava fazendo quando ouvi leves batidas na porta em seguida minha irmã entrando.

- Oli, eu preciso sair. Tenho um assunto com a empresa e preciso resolver, tem uma chave extra na bancada caso você e a mamãe queiram sair. Eu volto em algumas horas. Tchau, te amo! - Ela disse antes de sair sem fechar a porta.

- Tchau. - Disse sozinho depois que ela já tinha saído.

Não odeio ficar sozinho ou na presença da minha mãe, geralmente a casa Fica bem quieta. Nunca fui de conversar tanto com a minha mãe, acabei virando um moleque de mente fechada desde os oito anos, então, conversar não é meu forte.

A não ser que seja com pessoas do meu convívio social fora quesitos familiares, ai o assunto já é outro.

Me levantei da cama, pegando uma camisa qualquer em cima de uma cadeira do quarto e a vestindo. Por mais que eu julgue o local de morada da minha irmã, aqui é bem grande. Tem quatro quartos todos com suítes, sala de estar, cozinha, sala de jantar, varanda e um banheiro separado. É grande, mas muito humilde. O quarto que estou é muito parecido com o antigo quarto da S/a. As paredes são cinzas com alguns detalhes em madeira adjunto à prateleiras, o chão feito de madeira escura carrega um felpudo tapete preto redondo, a cama de casal com edredons brancos e bejes destacam as duzentas almofadas e travesseiros que são postos de decoração e conforto, a penteadeira praticamente vazia ao canto do quarto, posto ao lado do guarda roupa, e do outro lado uma estante de ursos de pelúcia. Um quarto infantil, meio sem cor, mas muito elegante e bonito como o resto da casa. Sai do quarto fechando a porta e indo até a sala, que era ocupada pelo som da TV ligada.

Eu não queria ficar em casa, falta apenas alguns dias para eu ir embora e eu não saí para explorar direito.

– Mãe, – Chamei pela loira que apenas resmungou para que eu continuasse. – Eu queria saber se você me deixa ir na cafeteria que tem um pouco mais para frente da rua.

– É o que? – Ela perguntou agora prestando atenção em mim.

– Posso ir na cafeteria lá em baixo? – Disse agora mais grosso, suspirando um pouco irritado pela falta de atenção dela.

– Aquela lá em baixo perto da esquina de frente com a Avenida?

– Sim?

– Sozinho, Oliver?

– Eu já tenho quinze anos, mãe! Sei me virar. – Resmunguei logo me justificando. – Fora que eu não quero ficar aqui enquanto a S/n não está. Eu quero sair. Por favor!

– E com que dinheiro que tu vai, menino?

– A senhora pode me emprestar e eu te pago em casa. Não quero gastar muito, relaxa.

– Por que não fica em casa com a mamãe? Olha, tô vendo esse filme que a sua irmã fez como protagonista, assiste comigo. – Ela disse apontando para a TV.

– Eu já vi esse filme umas duzentas vezes mãe, eu quero sair!

– Ah, então vai! Cai fora daqui vai. – Ela se deu por vencida se aconchegando mais no sofá. – Pega cinquenta dólares na minha bolsa e não vai muito longe.

– Valeu mãe! Você é demais! – Agradeço em pulinhos empolgados.

– Me manda a localização pelo whats pois se acontecer alguma coisa eu sei onde você está. – Ela deu uma pausa para prestar atenção no filme. – E não é pra gastar tudo, Oliver.

– Ta bom, ta bom! Eu já sei disso. – Respondi indo para o quarto me trocar.

[···]

Andar pela cidade era relaxante, um bom rock soava pelos meus fones de ouvido Bluetooth abaixo do gorro branco que eu usava. O clima estava frio, e mesmo de luvas conseguia sentir a ponta dos meus dedos congelados!

Eu andava pela calçada, vendo algumas garotas passarem me olhando e também alguns adultos indo para o seu destino. Eu gostava do clima gringo,   mas as vezes me lembrava do calor do Brasil, das pérolas dos idosos nas ruas, no pessoal das escolas indo comprar sorvete na vendinha da esquina. Coisa que não tem nos Estados Unidos — digo, não sei a parte do sorvete, mas... Queria que a S/n estivesse morando no Brasil denovo, ia ser demais!

Andava olhando para o chão, pensando na depressão e no quanto meu tênis precisava ser lavado urgentemente, até que cheguei na cafeteria.

Terminaria meu dia ali, rodando a tela do twitter comendo uma rosquinha e tomando um café expresso típico americano. Isso sim que é vida.

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ALÉM DA ATUAÇÃO - 𝐽𝑜𝑠𝑒𝑝ℎ 𝑄𝑢𝑖𝑛𝑛. Onde histórias criam vida. Descubra agora