Capitolo Diciassette:

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R.A.B:

A mansão Black nunca esteve tão pavorosa para mim.

Estava escura, fria e o pior. Os gritos dos meus pais me lançando maldições e azarações juntamente com meus gritos de dor, deixavam as coisas ainda mais pavorosos na minha mente.

Principalmente quando eu não tinha feito nada para ser submetido a aquela tortura. Entretanto, segundo Orion e Walburga Black, esse era o problema.

Não fazer nada útil. Não trazer orgulho pro sobrenome Black como eu deveria. E principalmente, por não ser o suficiente...Nunca.

Esse último motivo em específico foi a desculpa que meus pais usaram para mais uma tortura. O fato da minha pessoa ter recusado um casamento arranjado com uma prima de quarto grau minha, que estudava na França, seu nome era Leta Durand. Segundo Warburga isso tinha sido uma vergonha pro sobrenome Black.

Uma decepção, como - Segundo suas palavras. - o bastardo traidor de sangue, Sirius. Meu último erro, no entanto que resultou em Orion me torturando também, foi o fato da minha pessoa ter sorriso e falado em um ato burro de coragem:

"Não vejo mal em me parecer com meu querido irmão gêmeo."

Foi a gota da água pra eles. E assim os crucius junto com as azarações vieram a tona, assim como suas palavras e gritos maldosos sobre mim, sobre o fato da minha pessoa ser tão inútil que até mesmo meu 'querido' irmão tinha me abandonado.

E de todas as mentiras que meus pais tinham me contado, essa foi a que mais doeu. Porque eu - mesmo por alguns segundos. - acreditei.

Outra maldição, um brilho vermelho de uma maldição desconhecida, e apaguei soltando um angustiante grito de dor e desespero, porque novamente eu estava no meu inferno particular.

Sem nenhuma esperança de sair do mesmo. Porque no final das contas, eu não era o suficiente para ser salvo...

Acordei em um pulo, a respiração ofegante por mais um pesadelo que eu parecia sempre ter quando fechava os olhos na vã esperança de dormir.

Fechei os olhos com força ao me sentar na cama no centro do quarto ao qual, ficarei hospedado pelo restante das férias na mansão Potter. Colocando a mão no peito, sentindo uma mera lágrima escorrer do meu rosto, a familiar sensação esmagadora e ruim que permanecia no meu peito, após um pesadelo.

Porque meu subconsciente sabia que isso não era algo criado da minha mente traumatizada, era uma memória antiga de meses após a fuga de Sirius de Grimmauld Place, para a mansão Potter. Suspirei baixinho ao abraçar meus joelhos e encostar minha cabeça no dossel da cama.

- Droga. - Resmunguei ao notar pelas janelas fechados do cômodo, que ainda deveria ser madrugada.

O breu escuro da noite, junto a suas estrelas mostrava isso.

Eu não sabia o certo o que me levou a sair da cama, andar até as janelas e as abrir para observar o céu noturno. Eu só o fiz. Talvez fosse o sono e a desilusão de saber que eu não conseguia mais dormir pelo resto da noite. No Grimmauld Place sempre que uma sessão de tortura que meus pais faziam terminava eu andava até a janela mais próxima, e me apoiava na mesma para olhar o céu.

Não importava o fato de estar a tarde, de manhã ou a noite. Eu sempre o fazia, porque o céu me dava a vã esperança de um dia melhor. Assim como seu sol e suas estrelas. Elas sempre me fazia pensar. Como agora.

Como mágica - Algo um tanto irônico, considerando o fato da minha pessoa ser um bruxo. - todos os últimos acontecimentos importantes, se voltaram a minha mente.

Hearts At War - StarchaserOnde histórias criam vida. Descubra agora