Cornonaro

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Simone

Fiquei ao lado de Mailza, enquanto a
mesma tentava desbloquear o maldito
notebook que mais parecia morto. Rosângela  estava focada em analisar o sistema do FBI, e os dados informados pelo sistema da Bolsonaro Enterprise. A invasão silenciosa só reafirmava que não estávamos lidando com armadores, muito pelo contrario. O preparo tecnológico e intelectual era tão alto como os que tínhamos em nossa base.

O que me deixava ainda mais frustrada. As
palavras de Bolsonaro ecoavam em minha
cabeça, repetidas vezes, atormentando meus
pensamentos com a verdade. Eu estava
fazendo um péssimo trabalho, ele tinha
razão.

- Acho que a placa queimou. Eu vou ter que
abrir a maquina.

A Oficial Silva falou enquanto retirava os cabos conectados ao aparelho.

- Isso vai demorar.

sussurrei, enquanto massageava as têmporas.

- Um pouco, agente Tebet. Eu praticamente
vou ter que montar a maquina outra vez.

Olhei para o relógio, vendo os pequenos
ponteiros marcarem dez e treze da noite. Eu
me encontrava simplesmente exausta. Tanto
de maneira física quanto psicológica. Fechei
os olhos e ergui um pouco a coluna, tentando relaxar a musculatura tensa de meu corpo rígido. Aquele havia sido o pior dia desde que coloquei meus pés em São Paulo.

- Simone, é melhor você ir pra casa. Tente
relaxar.

Rosângela falou ao se levantar da cadeira giratória.

- Não posso.

- Claro que pode. Não vai ter proveito algum
nervosa desse jeito. E muito menos cansada.

- Eu preciso resolver isso, Silva.

murmurei de mal humor.

-Vai demorar algumas horas para montar
tudo, mas não me importo em ficar.

Mailza falou calmamente.

- Não quero abusar, Mailza.

- E nem vai.

- Mas eu preciso.

retruquei.

- Amanhã vamos continuar. Você disse que
iria sair, desistiu?

A menor perguntou, despejando uma
boa quantidade de café quente em sua
xÍcara azul. No mesmo instante lembrei o
combinado com Soraya, e só agora senti a
real vontade de sair daquela sala.

- Eu estava quase esquecendo. Eu preciso
mesmo ir. Amanhã vou estar cedo aqui.

- Certo, vou esperar você pra continuar.

Mailza falou.

- Tudo bem, eu vou saindo. Tranquem tudo.

falei ao me retirar.

[..]

Depois de passar em meu apartamento, para
tomar um bom banho e trocar de roupa.
Segui caminho para a mansão Bolsonaro, onde Soraya estava a minha espera. O trajeto era longo, já que meu apartamento ficava para o lado oposto de onde o casal tinha sua residência. Mas eu não me importaria de demorar alguns minutos, na verdade, nada me impediria de fazer o que eu planejei a tarde inteira. O ar imponente e arrogante do empresário ainda me causava ânsia, suas palavras sarcásticas se repetiam em minha cabeça como um cd furado. Apertei os dedos no volante de meu carro, vendo as juntas esbranquiçadas pela força que eu empregava ali.

"Você está fazendo um péssimo trabalho, e está me causando um fodido prejuízo. Se quer ser uma das melhores agentes, é melhor treinar mais um pouco."

Xeque Mate- Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora