Última jogada

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Soraya

A noite pareceu se arrastar, os minutos mais
pareciam horas de pura tortura psicológica.
Me remexi sobre a cama, vendo os raios
de sol adentrarem pelas frestas oferecidas
pela cortina do quarto. Durante as horas
de insônia, meus pensamentos vagaram ao
em torno de Simone; era enlouquecedora
a forma como a delegada preenchia meus
pensamentos ininterruptamente. Olhei para
Bolsonaro, que suspirava em um sono
pesado e profundo, bem ao meu lado na
cama. Com delicadeza, afastei o lençol que
me cobria, enquanto erguia meu corpo do
colchão, utilizando de movimentos lentos
para não despertar o homem ao meu lado.
Livrei-me das peças de roupa, e deixei que
água morna do chuveiro caísse sobre minha
pele por longos minutos, o suficiente para
proporcionar certo alivio ao estado exaustivo de meu corpo. Após a ducha morna, realizei o restante de minha higiene matinal, e segui para o closet, aonde determinei alguns instantes de meu tempo à procura de uma bela roupa. Depois de perfeitamente  pronta, degustei de um café da manhã farto preparado por Eliza, e as outras empregadas.

- Deixe tudo organizado para o café da
manhã de Bolsonaro, se caso ele perguntar
por mim, diga que fui mais cedo para galeria.

A mulher balançou a cabeça em um sinal
positivo, e eu penas me retirei.

Eu nã estava com animo, e muito menos
com paciência para bancar a boa esposa,
contudo, me afastar do olhar supervisor
de meu marido aquela manhã, era minha
melhor opção. Ao colocar os pés para fora da mansão, me deparei com um moreno alto, de corpo esbelto, e semblante sério. Ele pousou os olhos sobre mim, como se esperasse por alguma ordem.

- Você está à procura de alguém?

perguntei ao me aproximar.

- Creio que a senhora seja Soraya Bolsonaro,
certo?

- Sim., Sou eu.

- Bom, sou Flávio, fui encaminhado
pelo comissário Luis Inácio Lula da Silva. Sou seu novo segurança particular.

Encarei os olhos castanhos do homem, quase em tom de mel, e suspirei pesado. Não eram os olhos castanhos de Simone que me vigiariam por um dia inteiro, e eu teria que me acostumar com isso, certo?

- Certo. Acompanhe-me, estou indo para meu trabalho.

Ele assentiu e prontamente seguiu meus
passos como um cão bem treinado. Kelmon
estava devidamente pronto, parado ao lado
do carro que me levaria até a galeria.

- Bom dia, sra. Bolsonaro.

- Bom dia, Kelvin.

- É Kelmon.

Eu ouvi o homem sussurrar

Depois que nos acomodamos no interior
do carro, ambos na parte da frente, e eu no
banco de trás, como mandava os costumes,
seguimos pelas ruas de São Paulo até a
galeria Thronicke. Renan permaneceu ao lado de fora, no inicio do corredor, enquanto me acomodei no interior de minha sala. O ar na galeria parecia bem mais leve do que pelos cômodos da mansão Bolsonaro, aqui, eu não precisaria fingir.

- Estou realmente surpresa ao vê-la aqui tão
cedo.

Ergui o olhar, e mirei a morena que adentrava a minha sala com um olhar curioso. Damares costumava chegar cedo ao trabalho, já que era a principal administradora depois de mim.

- Bom dia, Damares.

- Bom dia Soso , sua cara não está das melhores, parece que
não dormiu.

murmurou a mulher ao se aproximar, sentando-se na poltrona à frente.

- Eu realmente não dormi muito bem. Na
verdade, eu não sei o que é dormir bem há
um bom tempo.

Xeque Mate- Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora