família

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Simone

Flashback

Minha cabeça parecia fervilhar com tantos acontecimentos nas útimas horas. Como tudo saiu do controle assim? Eu me via perdida, sem saber o que fazer, mesmo quando minhas obrigações eram claras.

Soraya era umna criminosa, e eu uma oficial do departamento de polícia, isso nunca poderia dar certo.

- Droga!

exclamei irritada, batendo com a mão contra o volante do carro.

As imagens daquele vídeo se repetiam
constantemente, frisando em minha
cabeça uma desculpa para justificar os atos impróprios da alemã. Nada, infelizmente, nada justificava fazer justiça com as próprias mãos, não para a policia. O grande problema era que meu coração não parecia compreender isso, pois tentava a todo custo fazer minha cabeça aceitar que eu poderia perdoá-la. Eu não poderia. Soraya havia mentido, não só para Bolsonaro durante os longos anos de casamento, mas para todos ao seu redor, incluindo eu, pessoa que ela disse estar apaixonada.

- Por que você tem que ser assim?

Meneei com a cabeça em um sinal
negativo. enquanto continuava a  dirigir pelas ruas de São Paulo, a caminho de casa. Depois do confronto no galpão
abandonado, onde de fato eu pude
descobrir tudo, incluindo os motivos para Soraya exercer tais praticas, eu deixei que ela fosse embora. Eu sabia que era errado, que a loira poderia muito
bem reunir todo o dinheiro roubado, e se
perder no mundo em uma fuga repentina.

No entanto, eu simplesmente não pude
reagir de outra forma ao ver seu olhar
perdido após o término do vídeo em que
Jair Messias Bolsonaro assassinava Charlie Cooper. Apesar de seu ar imponente e forte, bem característicos de sua personalidade singular, eu pude notar a falta de brilho em seus olhos castanhos, agora tão opacos. Era nítida a maneira como aquilo a afetava brutalmente. Soraya em certo momento de sua vida foi destroçada, e agora estava sedenta por vingança.

- Eu não devia ter deixado você ir! O que
você fez, Simone?

disse a mim mesma, em uma briga interna entre o certo e o errado.

E se ela tivesse a coragem de matar
Bolsonaro? E se realmente fugisse? Eu teria colocado tudo a perder por ser fraca o suficiente, por não dar a cabeca de Soraya em uma bandeja de prata. Até em que ponto eu poderia deixar meus sentimentos de lado para cumprir meu dever como profissional?

Bufei em frustração, e pisei fundo no
acelerador do carro. Eu precisava de um
tempo pra mim, um tempo longe de tudo
aquilo. Eu não poderia simplesmente agir por impulso, precisava pensar e analisar tudo que qualquer decisão minha poderia acarretar. A madrugada parecia mais fria do que o normal, a movimentação era fraca, apenas a presença de alguns carros pelas avenidas desertas. Faltava pouco para amanhecer, e quando todos estivessem ativos, eu queria estar bem longe daqui. Assim que cheguei a minha casa, tendo todo cuidado para não acordar Eliziane, cuidei de arrumar uma pequena mala. Havia decidido que precisava ficar longe, mesmo que fosse por alguns dias. Eu poderia dar uma desculpa no trabalho,
por uma viagem de uma última hora para complementar minha investigação,
que agora estava completa. Mas meu
verdadeiro destino estava no Rio de Janeiro, na nova casa de minha família. Elas poderiam  me trazer calma.

[...]

Errado, não poderiam. Não quando sua
cabeça estava cheia de pensamentos que
envolviam Soraya Bolsonaro. Ela era mais do que qualquer um poderia suportar. Se infiltrava em minha cabeça, e permanecia ali por um tempo indeterminado.

- Estou tão feliz que está aqui, filha.

Fairte murmurou, enquanto fazia um carinho leve em meu braço.

Xeque Mate- Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora