O cargo

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Leila

Semanas depois..

Tentei me manter concentrada na tela do
notebook, onde relia pela terceira vez o
último relatório encaminhado pelo banco
central da Suíça. O gerente geral havia
encaminhado o documento com os dados de
Alexandre, como os que Simone havia conseguido há tempos atrás. O caso Bolsonaro era um perfeito enigma, que escondia a identidade do autor de um crime tão minuciosamente planejado. Mesmo com auxilio da equipe policial, e do comissário, as pistas legais se encaminhavam por um único caminho, que levava a Alexandre. A diferença era que nas últimas semanas, uma nova peça entrou em jogo, colocando meus pensamentos iniciais em questão.

- Bom dia!

Lancei um sorriso cansado para Simone que
agora estava parada na soleira da porta com
um olhar tranquilo.

- Bom dia, agente Tebet. Entre.

A mulher se aproximou de minha mesa,
recostando-se na cômoda que ficava logo
atrás de mim. Recebi um beijo rápido no
topo de minha cabeça, me fazendo suspirar.
Simone e eu estávamos em uma espécie de
amizade com benefícios, nada além disso,
de acordo com a mesma, relacionamento
não era seu objetivo. No fundo eu sentia
que Soraya tinha uma grande participação
naquilo, não de forma direta, já que ambas
as mulheres quebraram o contato, desde
o episodio em sua casa. Lembro de ver a
expressão irritada de Simone ao contar sobre ter ouvido a mulher transar com o marido.

- Muito atarefada?

- Bastante. Esse caso está consumindo minhas energias.

bufei.

- Entendo perfeitamente.

completou ao se afastar, se sentando na cadeira a minha frente.

- mas creio que vá conseguir, estou aqui pra ajudar você.

- Obrigada, você tem sido maravilhosa.

Simone sorriu gentilmente, me fazendo olhar ela por mais tempo que o necessário.
Ouvi algumas batidas na porta, e assim que
encarei a entrada da sala, avistei a agente
Mailza que não tardou a entrar.

- Com licença, agente Leila.

murmurou a mulher ao entrar com uma pilha de papeis no braço.

- Pode entrar, agente Mailza.

- Desculpe interromper, mas estou
encarregada de entregar as correspondências hoje. E esta aqui está em seu nome.

ela estendeu o envelope branco, se remetente, apenas com meu nome.

- Muito obrigada.

- Não tem nada pra mim?

Simone indagou com um sorriso.

- Ah, não, agente Tebet.

- Ninguém liga pra mim.

brincou.

- Para não dizer que ninguém liga, a agente
Eliziane solicitou sua presença na sala dela

- Eu já estou indo, por favor, pode avisar a
ela?

- Claro. Até mais.

disse ela ao se retirar.

Simone ergueu seu corpo da cadeira, e
caminhou até a cômoda no canto da sala,
servindo-se de um copo com água. Eu
permaneci em silêncio, enquanto analisava o envelope fechado em minhas mãos.

- Está tudo bem? Parece que acabou de
receber uma bomba.

brincou após bebericar um pouco do liquido em seu copo.

Xeque Mate- Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora