A derrubada do rei

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"Não está me vendo, não é? Mas vou te
mostrar que estou aqui."

O homem pressionou o botão na lateral do
celular, e o desligou. E tão logo se livrou do
mesmo, o jogando em um canto qualquer
daquele chão. Bolsonaro não queria mais
ver aquelas mensagens, não queria pensar
sobre aquilo. Acreditava que não passava
de um truque para deixá-lo completamente
louco, desestabilizado diante uma reunião tão importante para o futuro de sua empresa.

Bolsonaro encarou o funcionário mais a frente, que desandava a falar sobre os projetos futuros de sua empresa, mas não absorveu sequer uma palavra emitida pelo rapaz. Tudo que conseguia pensar naquele instante, era em Charlie Cooper. Sim, ele pensava em um homem que estava morto há mais de cinco anos. Seus olhos se fecharam, e uma sequencia de lembranças invadiram seus pensamentos como ondas magnéticas que tirava de orbita. E como se não fosse o bastante, no fundo de sua cabeça ele ouvia gritos, urros de uma multidão enfurecida. Estaria ele enlouquecendo? As vozes se tornavam cada vez mais intensas, e
constantes. Bolsonaro abriu os olhos, e
as luzes da sala de reunião começaram a
trepidar, como se as lâmpadas a qualquer
instante fossem se apagar.

- O que está acontecendo?

indagou o senhor do lado oposto da mesa, enquanto franzia o cenho em confusão.

- Estão ouvindo isso?

perguntou o outro.

Bolsonaro se deu conta que as vozes não
estavam somente em sua cabeça, todos os
outros também ouviam como ele. As luzes
continuaram a piscar constantemnente,
deixando todos ali presentes com um
semblante ainda mais confuso.

- Não deve ser nada demais.

Renan exclamou em uma tentativa de acalmá-los.

- Não, eu estou ouvindo gritos.

o senhor falou novamente.

– Vocês também?

Eles assentiram rapidamente, encarando
uns aos outros. Realmente havia gritos, cada
vez mais altos e intensos. Bolsonaro engoliu
em seco, tendo seus pensamentos tomados
pelas mensagens de texto com as ameaças.
A lâmpada voltou ao normal, mas os gritos
ainda estavam presentes, e cada vez mais
forte.

-O que está acontecendo, Bolsonaro?

perguntou o principal acionista.

- Eu não sei...

murmuro perdido.

- mas não se preocupe, não deve ser nada de mais. E...

As luzes que até então tinham voltado ao
normal, voltaram a trepidar insistentemente. Ele arfou pesado, encarando o olhar temeroso de Renan que balançou a cabeça em um sinal negativo. Bolsonaro deixou que seu olhar alternasse entre o vazio e os membros da reunião.

- Isso não pode estar acontecendo comigo.

sussurrou para si mesmo ao abaixar a
cabeça.

(Inicie a musica)


- Bolsonaro...

O advogado murmurou aturdido, com um
olhar perdido em direção ao seu chefe.
Bolsonaro tinha receio do que estava por vir, mas tinha que demonstrar tranquilidade diante os investidores, não poderia perder o controle e colocar tudo a perder.

Xeque Mate- Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora