Amanhã

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Soraya

Gritei com todo ar que preenchia meus
pulmões assim que abri os olhos. Ergui
meu corpo parcialmente, sentando sobre
a cama, enquanto procurava organizar meus pensamentos embaralhados. O quarto
estava parcialmente escuro, a não ser pela
baixa luminosidade vinda do abajur sobre
a mesinha ao lado da cama. Me encontrava totalmente desestruturada, nervosa e ofegante.

- Um pesadelo...

passei a palma de minha mão sobre a testa, sentindo minha pele úmida pelo suor frio.

- Um maldito pesadelo, Soraya.

Meu coração batia descontrolado no peito,
enquanto eu buscava ar para me acalmar.
Levei as mãos até a cabeça, vendo as imagens de Simone que, se repetiam insistentemente, evidenciando seu olhar impiedoso, e suas palavras tão duras.

"Acabou o jogo."

"Você está presa, Soraya."

Meneei com a cabeça em um sinal negativo,
fechando os olhos em uma tentativa falha de
sumir com tais ideias. Isso não aconteceria,
não poderia acontecer. Afastei o lençol de
meu corpo, e me arrastei para fora da cama.

- Vai dar tudo certo. Vai dar udo certo.

repeti aquelas palavras como um verdadeiro mantra, enquanto andava de um lado para o outro.

-Você não vai cair, você não pode cair.

Segui em passos apressados até o banheiro da suíte, onde tão logo encarei meu reflexo no espelho extenso que se encontrava na parede.

-A rainha não pode cair.

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Bolsonaro

Encarei as ultimas quatro cartas recebidas
por Leila, já havia mais de dez. Em cada
uma delas, existiam evidencias de minhas
más atitudes para com muitas pessoas. Todos os feitos ilícitos que um dia me propus a fazer para ascender como empresário, apareciam ali, entre aquelas linhas impressas. Confesso que um pedaço de mim temia o autor das cartas. Seja lá quem fosse, conhecia meus planos, e meus atos como ninguém mais; como se tivesse total conhecimento sobre minha vida, e sobre meus passos, até mesmo meus pensamentos.

"As pistas estão se esgotando. O jogo está
chegando ao fim. Procure, investigue.
Lembre-se de três coisas:

Charlie Cooper.

Industrias Turner.

Calton Enterprise.

"O tempo está acabando, o rei vai cair."

A última frase ecoou em meus pensamentos
insistentemente, fazendo minha cabeça
latejar. Amassei uma das cartas com força,
espremendo o papel na palma de minha
mão, como se o infeliz que as redigiu
pudesse sentir a força empregada ali. Fechei
os olhos por alguns instantes, enquanto
meus pensamentos vagavam em todas as
possibilidades, todos os suspeitos. E naquele
momento, absolutamente ninguém ficava de
fora.

- Deixe isso um pouco de lado. Vai ficar
irritado outra vez.

Ouvi Leila murmurar, antes de me envolver
por trás cuidadosamente. A mulher estava
de joelhos na cama, enquanto suas mãos
desceram de meus ombros até o peitoral,
envolvendo meu pescoço com seus braços
logo em seguida. Desde o primeiro jantar,
onde a nova responsável pelo caso teve a
brilhante ideia de me entregar as cartas;
passamos a nos encontrar em horários livres.

Xeque Mate- Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora