Ela vai morrer

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Bolsonaro

Tamborilei coma ponta dos dedos a
barra de ferro da cela no qual eu estava
trancafiado. O metal frio entrava em
contato com minha pele, fazendo-me frisar a cada segundo que ela era culpada por eu estar aqui. Soraya foi a mente maliciosa por trás de minha derrocada.

- Maldita...

Era frustrante recordar cada mínimo
detalhe dos últimos anos, sem me dar conta de que ela era o meu pior inimigo. Soraya  criou seu exército de poucos soldados na escuridão de minha visão. Se apoderou das melhores estratégias, identificou minhas fraquezas, e nunca me deu a chance de perceber. Sua mente diabólica, e seu corpo atraente me fizeram mergulhar em uma ilusão, como uma hipnose, que fazia daquela mulher o melhor que eu poderia ter. Foi astuta, em se mostrar tão fraca e sensível, quando na verdade era tão nociva quanto eu. Meneei com a cabeça
em um sinal negativo, praguejando-me
internamente por ter sido tão burro.

Ela havia me enganado por mais de cinco
anos. Se fez a melhor esposa, a mulher
que todo homem gostaria de ter. Me
enfraqueceu, e me traiu. Eu não conseguia aceitar, não o fato de ter sido traído, mas o de não ter percebido que ela nunca foi real.

- Não, não pode ficar assim.

Eu sentia o sangue correr em minhas veias, acompanhando a velocidade arrebatadora de meus pensamentos tão confusos e revoltos. Eu sentia ódio, como nunca havia sentido antes em toda minha vida. Soraya havia me derrubado da maneira mais cruel, e humilhante. Eu não poderia permitir, não poderia cair, e não leva-la comigo. Eu ainda não sabia o que Charlie era para ela, mas sabia que tudo aquilo era por causa dele. Infeliz, até mesmo depois de morto, ainda me causava prejuízos.

- Infeliz maldito! Espero que esteja
queimando no inferno!

Esbravejei furioso.

Minhas têmporas latejavam constantemente. Eu me encolhi no canto
da cela, enquanto rodeava meus joelhos
com os braços. As horas naquele lugar
pareciam se arrastar, e pensar que aquele seria o meu destino, aumentava ainda mais a minha sede de vingança. Eu fechei os olhos com força, quando as imagens de Soraya inundavam minha mente. Seu olhar malicioso, sua postura confiante, suas palavras ofensivas. Aquilo se repetia a todo instante, como uma tortura psicológica. Naquele momento, tudo se encaixava, deixando claro todos os oS pontos que me recusei a ver. Minha vida nos últimos anos passou como uma sequência de flashes em minha cabeça, mostrando minha ascensão e minha derrocada.

- Você vai morrer, Soraya...

sussurrei com um sorriso.

- Eu mesmo vou cuidar disso.

Era a única coisa que eu conseguia pensar. Era meu único desejo. Eu mataria Soraya, como um dia matei Charlie.

- Se amava tanto aquele inmbecil do Charlie, é para o lado dele que vou te mandar, Soraynha.

Respirei fundo, sentindo aquela sensação de adrenalina me consumir pouco a pouco.

- Falando sozinho, Bolsonaro?

Ergui a cabeça, encarando o olhar
minucioso de Simone em minha direção.
Audaciosa, não? Me levantei do chão
rapidamente, sem tirar os olhos da policial. Eu sabia que ela era tão culpada como Soraya, e eu me vingaria dela também. A dor da perda agora seria seu melhor fim, certo?

- Estou apenas conversando comigo
mesmo.

- É bom se acostumar, é a única companhia que terá pelo resto da sua vida.

Disse antes de se afastar.

- Talvez esteja certa, agente. Eu vou ficar
sozinho, mas você também irá.

Xeque Mate- Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora