Calmante

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Bolsonaro

Me remexi sobre a cama macia, sentindo
meu corpo mais pesado que o normal. A
claridade vinda das frestas oferecidas pela
cortina estavam exatamente sobre meu rosto, me fazendo bufar de forma impaciente. Inclinei meu corpo para o lado, sentindo o corpo de minha esposa tocar o meu. Abri os olhos com certa dificuldade, as pálpebras pareciam pesar mais do que o normal, quase me impedindo de despertar. Vi minha esposa deitada ao meu lado, com uma expressão serena, como se estivesse tendo uma das melhores noites de sono da vida. Levei as mãos até meu rosto, enquanto resmungava sobre o cansaço que eu estava sentindo. Nos últimos  tempos aquilo estava piorando, tinha a sensação de que quanto mais eu dormia, mais cansado eu ficava. Isso seria possível?

Olhei para o relógio sobre a mesinha, e o
mesmo indicava que já passava da hora de
levantar. Sentei sobre o colchão, enquanto
pegava meu aparelho celular ao lado. Franzi
o cenho assim que visualizei dezoito ligações perdidas. Algumas de Lula, outras de Renan. Por uma fração de segundos senti que uma bomba estouraria sobre minha cabeça, como uma espécie de pressentimento. Fechei os olhos e respirei fundo, para em seguida olhar para minha bela esposa que repousava sobre os lençóis de nossa cama. Disquei o numero de Lula, depois de alguns segundos, ouvi sua voz temerosa do outro lado da linha.

"Bom dia, Bolsonaro."

"Bom dia, Comissário. Algum problema?"

Ele ficou em silencio por alguns instantes
que fizeram meu coração acelerar. Calcei
os chinelos posicionados ao lado de minha
cama, e segui em passos lentos até a varanda de meu quarto. O dia estava nublado, o céu fechado pelas grossas camadas de nuvens escuras. Um temporal viria.

"Você pode comparecer na delegacia. Temos
uma ocorrência."

"Diga o que aconteceu."

"Bolsonaro..."

"Fale de uma vez, Lula!"

exclamei

nervoso.

"A Bolsonaro Enterprise foi violada novamente. E dessa vez temos uma situação mais delicada. Por favor, compareça aqui."

Não dei chance para que ele continuasse a
falar. Abaixei o celular devagar, sentindo
meus dedos doerem ao redor do mesmo, que estava sendo apertado com o maximo de força que possuía naquele instante.

- Maldito..

Eu poderia ouvir o som baixo da voz do
comissário chamando pelo meu nome no
telefone, até que a ligação chegou ao fim. Meu corpo inteiro vibrava de raiva, ou melhor, de ódio. Os roubos não parariam até me deixar na miséria, eu sentia isso. Era como ter uma fortuna amaldiçoada, que nunca seria totalmente minha. Nunca me deixariam em paz. Infelizes! Me custava acreditar que Alexandre seria tão inteligente aquele ponto, era apenas um mero peão em um jogo pesado.
Invadir um sistemna tão bom quanto o meu
não era para um simples iniciante, muito
menos para um amador. Seja lá quem for,
não estava disposto a brincar, e eu não
poderia mais aliviar aquela situação. Eu
jogaria pesado, descobriria quem realmente
estava por trás desse maldito inferno que se
tornou a minha vida.

- Merda!

bati com força no batente da varanda.

– Você vai conseguir, Bolsonaro. Você sempre conseguiu. Não fez tudo aquilo para
cair desse jeito. sussurrei para mim mesmo,
enquanto respirava fundo.

- Jair? Está tudo bem, querido?

Ouvi a voz serena de minha esposa vindo do
quarto. Me afastei da varanda e segui para
dentro. vendo Soraya ainda sobre a cama. Ela parecia tranquila, descansada.

Xeque Mate- Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora