AuroraChegamos no hospital. O Patrick ficou acertando o pagamento com o cara do helicóptero, quando eu só corri atrás do Matheus, antes que ele fizesse alguma besteira, porque estava bem doido.
Ele literalmente corria pelo hospital, até pararmos em frente ao balcão da recepção. Ouvi ele falando o nome da Débora, e vi a mulher falando que só podia entrar dois visitantes por vez. O Matheus respirou fundo, e eu percebi que ele ia surtar de novo, então me meti na frente do meu irmão.
Aurora: Moça, ela não tem acompanhante. Ele é o acompanhante - o Patrick chegou ao nosso lado - E nós vamos visitar.
Ela fez cara feia pra mim, mas pelas circunstâncias achei melhor não arrumar rolo. A moça falou com outra menina que estava dividindo o trabalho com ela e depois pediu os nossos nomes completos.
- Quarto 403, no terceiro andar.
Hospital público normalmente já era um caos, mas hospital universitário ganhava. Me dava uma tristeza tão grande ver as pessoas daquela forma, sendo tratadas de forma precária. Por tudo o que eu tinha na minha vida, nunca precisei passar por algo desse tipo, então quando eu via era meio que um choque de realidade.
Nós subimos pelo elevador, e eu tava absurdamente preocupada com as reações do Matheus. Parecia que a qualquer momento ele voltaria a ter uma crise de pânico.
Quando encontramos a sala, paramos no meio do corredor. Não era um quarto, era uma enfermaria extremamente apertada onde os pacientes eram divididos por uma cortina. Nem tinha condições de entrarmos todos de uma vez.
PT: Vai lá, a gente te espera aqui. Qualquer coisa estamos aqui fora.
O Matheus concordou com a cabeça e entrou no quarto, me deixando sozinha com o Patrick.
Só com o olhar, eu senti a tensão e a preocupação que ele estava sentindo. Ele suspirou, deixando os ombros relaxarem.
Aurora: Você falou com a mãe? - perguntei, quando ele me puxou pelo braço, pra abraçar o meu corpo.
Ele encostou o nariz na minha cabeça, e deu um beijo ali, me apertando.
PT: Falei - se limitou a dizer, com a voz muito rouca.
Aurora: Que foi? - perguntei, olhando pra ele.
Nem consegui olhar muito pro rosto dele, o Patrick voltou a me abraçar e se escondeu na curva do meu pescoço.
PT: Nem sei o que o Matheus tá sentindo, pô. Eu vivo com um medo do caralho de acontecer alguma parada assim com a Isa, ou contigo. A gente sabe que a mãe dela e a irmã morreram por câncer. Pô, eu não queria estar na pele dele agora.
Aurora: E nem na pele da Débora. Ele vai precisar da nossa ajuda agora - mordi o lábio, me afastando um pouco - Ela também vai.
PT: Cadê a família dela?
A minha cabeça começou a doer só de pensar, e eu tive a sensação de que o sumiço da família da Débora não podia representar algo bom.
Aurora: Eu não sei. Tô preocupada com isso. Apesar de não serem muito grudados, eu sei que o Mauro não seria capaz de deixar a Débora pra trás, se soubesse do que esta acontecendo - me encostei na parede, sem soltar a mão do Patrick - Será que o Matheus já sabia?