AuroraRespirei bem fundo quando a psicóloga encerrou a minha primeira sessão de terapia, e eu pude fechar a tela do meu computador.
Fazia exatamente algumas horas que eu tive alta hospitalar, e um dos principais pedidos da minha mãe foi que assim que eu voltasse pra casa, passasse a fazer terapia, assim como a Helena.
Tivemos alta cerca de quarenta e oito horas depois da nossa internação, e eu agradeci a Deus, porque já não aguentava mais ficar naquele hospital.
Peguei meu celular, ao lado do notebook, e mandei uma mensagem pra Helena, perguntando se ela já tinha finalizado a sessão de terapia dela. Tinha total certeza que a parte mais dolorosa da nossa recuperação seria ter que ficarmos longe uma da outra, devido nossa falta de condições pra se movimentar.
No mesmo momento que eu enviei a mensagem, o Patrick bateu na porta pela milésima vez desde que eu fiquei sozinha.
Prendi a risada.
Aurora: Pode entrar.
Eu nem terminei de responder e ele já tinha aberto a porta e colocado a cabeça pra dentro do quarto, me olhando igual uma criança curiosa.
PT: Porra vida, três horas de terapia. O que tu tanto falou com essa mulher? - perguntou, entrando no quarto, e parando abaixado ao lado da minha cadeira.
Aurora: Eu tinha muitas coisas pra conversar com ela - falei, fazendo um carinho no rosto dele, que pareceu relaxar um pouco- Eu namoro com você, Patrick, a minha vida já é problemática por esse simples fato.
Ele fechou a cara, claramente puto.
PT: Probremática é tu - resmungou.
Me estiquei um pouquinho, deixando um beijo no canto da boca do meu preto.
Aurora: Foi bom. Tirei meia tonelada das minhas costas - ele ficou de pé, me ajudando a levantar com toda a delicadeza do mundo, e caminhar pra deitar na minha cama - E você? O que fez além de bater nessa porta a cada cinco minutos?
Me sentei na cama, e ele sentou do meu lado.
PT: Fiquei esperando dar cinco minutos pra eu bater na porta de novo.
Eu dei uma gargalhada sincera, virando de frente pra ele.
Aurora: Você deve estar cheio de coisa pra resolver. Não precisa ficar aqui agora - falei, deixando o meu sorriso sumir, porque eu queria muito que ele ficasse, mas sabia que não podia - Mas volta pra dormir comigo.
Ele sorriu fraquinho, escondendo o rosto na curva do meu pescoço, e foi impossível controlar o arrepio no corpo.
PT: Eu to mermo cheio de coisa pra resolver, mas eu não quero te deixar sozinha - murmurou, passando o nariz em meu pescoço, e por fim deixando um beijo ali.
Aurora: Tá tudo bem, eu não to sozinha. Tá todo mundo aí embaixo. Tenho que matar um pouco da saudade da nossa família também - ele se afastou, me olhando com a carinha mais dengosa que eu já tinha visto na minha vida - Eu vou te esperar.