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PT

Subi pro quarto da Aurora depois de quinze minutos tentando convencer o meu pai de que eu não tinha feito nenhum tipo de merda pra princesinha dele.

Pô, não tava doido ainda.

A porta do quarto tava aberta, mas ela nem estava ali.

PT: Aurora - chamei e ela não respondeu, mas vi que a luz do banheiro dela estava ligada.

Cheguei perto, vendo que a porta estava encostada. A Aurora percebeu que eu estava entrando, e vi ela abraçando os joelhos pra esconder o próprio corpo de mim, já dentro da banheira, com o cabelo preso no alto da cabeça.

O nariz dela tava vermelhinho, os olhos também. Maior bagulho ruim no peito.

PT: Não, amor, porra. Eu não fiz nada, eu juro - me aproximei dela, sentando na lateral da banheira.

Aurora: Eu tô cansada. Tô com sono.

Duas paradas que me tiravam o rumo: A Aurora chorando, e a Aurora sem roupa. Eu tinha os dois de uma vez só... tava foda formular alguma parada útil pra dizer.

PT: Tu ainda me ama, né? - perguntei, com medo da resposta - Fala pro teu preto, que tu ainda me ama.

Aurora: Eu tô com sono.

PT: Eu te amo, não ia vacilar contigo nunca, minha menina - ela nem me deu muita moral, mas vi o seu olho enchendo mais ainda - Tu tá cansada, eu não queria falar contigo disso agora. Tô procupadão, né? Fiquei com a parada da família da Débora na cabeça e vim atrás desses proceder.

Vi a Aurora abrindo a boca pra me responder, ela já tava indignada.

Aurora: O que você fez, Patrick?

PT: Nada. Eu não encontrei ninguém - ela estreitou os olhos e eu já comecei a ficar mais nervoso do que antes. Não queria falar do Mauro, não queria que ela tivesse que pensar nele - Eles não estão. Não tem nada deles na casa. As roupas sumiram, documentos também. No mercadinho da família ainda tem as paradas, mas não tem nada de dinheiro, e a galera tá falando que não abre desde o dia que a gente foi pra Búzios.

Aurora: Que estranho - ela comentou, desfazendo o abraço do próprio corpo e chegando mais perto de onde eu estava sentado, deitando o rosto do lado da minha perna - Você faria besteira se eles estivessem.

PT: Não. Eu tô pensando mais antes de fazer - desfiz o nó que prendia os cachos dela, e comecei a fazer um carinho com os meus dedos - Tu tá cansada, né, amor?

Aurora: Amor é o soco que eu vou dar na sua cara - imitou o meu pai, mas deu uma risadinha no final - Eu fico estressada com esse negócio. Você some, e o seu histórico de sumiço é péssimo, sempre da problema no final.

PT: Tu tá certa - ela me olhou sem entender - Pode ficar estressada, pode até me bater.

Aurora: Eu sei que eu tô certa. 

Me abaixei um pouco mais, dando um beijo no canto da boca da minha princesa, que fechou os olhinhos quando eu me aproximei. A coisa mais linda do mundo.

PT: Eu te amo pra caralho. Até dói o peito quando te vejo.

Aurora: É princípio de infarto - ela gargalhou muito, gastando da minha cara, mas segurou o meu pescoço pra não deixar eu me afastar - Eu também te amo. Te amo muito, amor. Te amo tanto que não quero que ninguém mate a gente, você tem que sair daqui.

PT: Ia te dar banho - fiz cara triste.

Aurora: Pega alguma coisa pra mim comer? Vou terminar aqui e depois eu desço pra comer, antes de dormir.

PT: Pego. Vou trazer aqui pra ti.

Aurora: Obrigada, lindinho - falou apertando a minha bochecha.

Desci as escadas naquele pique, e fui direto na cozinha pegar umas comida pra Aurora se alimentar. O Barão e a Baronesa estavam comendo na mesa e ficaram só me encarando enquanto eu enchia a bandeja com várias coisas, porque não sabia o que ela queria comer.

Quando subi, a Aurora já estava enrolada em um roupão no quarto dela com a maior cara de cansada. Ela largou o celular encima da cama, e eu vi que estava aberto na conversa com a Débora.

Aurora: Eu só queria uma coisinha pra comer, e não pra passar o mês - falou, sentando na cama.

Coloquei a bandeja perto dela, e me deitei também, tirando a camisa do corpo e entregando para ela vestir.

PT: Vou te dar uma parada bem boa pra tu comer - falei, quando vi ela me secando na cara dura.

Aurora: Misericórdia.

Ela colocou a blusa e sentou com as pernas de índio na cama. A Aurora tava sem nada por baixo, e eu me aproveitei do momento pra deixar minha mão entrar por dentro da minha blusa, que ela usava, e massagear as suas costas enquanto ela comia um pouco.

Depois que ela terminou de comer, ela colocou a bandeja na penteadeira de maquiagem e ligou o ar condicionado. Eu tava tão confortável ali que parecia que ia dormir a qualquer momento. Meu corpo tava mais pesado do que o normal e os meus olhos nem ficavam abertos. O único mísero movimento que eu consegui fazer foi puxar o cobertor para cobrir o meu corpo e depois abrir os braços para que ela entrasse no meu abraço.

Ela deitou de frente pra mim, e antes de ajeitar pra dormir, ela me deu um selinho enquanto esfregava o pé gelado no meu.

Deixei pra me preocupar com o Mauro, com o que tava rolando, e com o que podia rolar, para depois. Ali dentro na nossa favela ninguém faria porra nenhuma. A proteção era intensa e o Mauro não ia ter culhao pra tentar contra a minha vida, sozinho.

Eu só tinha medo de uma parada: A Aurora.

Tinha medo de que ela não tivesse tão certa assim do que tava fazendo, e que a qualquer momento iria me olhar e perceber que eu não era tudo isso pra ela, até porque, tinha uma puta de uma concorrência... e eu nem tô falando só do Mauro. Ela teria o cara que ela quisesse nos pés dela, a hora que ela quisesse, mano. E aí então seria mais uma pessoa que se deu conta de que eu era fodido o bastante pra não merecer a companhia de ninguém.

Como se tivesse escutado os meus pensamentos, ela encostou o nariz no meu pescoço, e me deu um beijo ali, sussurrando baixinho:

Aurora: Eu quero nunca ter que sair do teu lado. Me sinto muito mais segura e confiante assim, sabia?!

Meu coração até acelerou, acho que ela percebeu, porque deu uma risadinha.

PT: Tu não vai precisar sair. Se tu quiser, tu vai ficar aqui pra sempre, Bela Adormecida. Eu vou fazer nós dois dar certo.

Era a primeira vez que eu deitava em uma cama com a Aurora e a gente não transava. Na real, era a primeira vez que eu deitava numa cama com uma mulher - tirando a Sophia - e a gente não transava.

No papo limpo? Tava gostosinho demais.

Fruto Proibido Onde histórias criam vida. Descubra agora