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Aurora

Falcão: Tu pode parar de andar pra lá e pra cá? - ele perguntou pra mim, no tom nada delicado que ele tinha.

O Matheus estava sentado no sofá da sala, abraçado com a minha mãe, que rezava um terço.

Eu não conseguia parar de andar. Não conseguia falar. Meu coração parecia sair pela boca.

Eu não tinha uma boa sensação.

Aurora: Os tiros pararam tem minutos. Por que a gente não tem notícias de ninguém ainda?

Isabela: Aurora, você tá me deixando nervosa.

Aurora: Eu tô nervosa, mãe!

Ela me fitou com aquele olhar de quem mandava eu calar a boca. Sai de perto do sofá, indo até a janela da frente de casa, e fiquei esperando ali, por mais uns dois minutos, até o meu pai aparecer dentro de um carro.

O Gabriel e a Sophia saíram dali, junto com o pai e o Davi. Meu irmão mais velho estava machucado na perna, mas tinha um curativo na região, e não dava pra ver a gravidade do ferimento. Minha mãe correu pra porta pra pegar o Gabriel, ela tava chorando pra caramba.

Barão: Calma, preta. Deixa ele sentar no sofá.

Lobo: Eu tô bem, mãe. Relaxa. Foi só de raspão.

O Davi e o meu pai colocaram o Gabriel sentado no sofá, e a minha mãe se abaixou, pra ver a perna dele.

Eu queria perguntar. Mas não tinha coragem.

Só faltava ele.

Isabela: Você foi no hospital? Vocês levaram ele no hospital?

Não consegui esperar alguém responder.

Aurora: Cadê o Patrick? - perguntei, temendo a resposta.

Minha mãe olhou em volta pela primeira vez, notou que entre todos, ele era o único que não havia voltado.

Meu pai respirou fundo.

Barão: Ele tá bem. Falei com ele antes de vir pra cá.

Alguma coisa me dizia que não estava tudo bem. Eu só ia conseguir sossegar na hora em que visse o PT.

Isabela: Como assim? Cadê ele?

Barão: Falou que ia ficar na boca, pra resolver a parada dos meninos que se machucaram. Pra ver se algum dos nossos morreu, prestar um apoio pra as famílias.

Tinha algo errado. Eu sabia, tinha certeza, que havia algo de errado nessa história.

Tirei o meu celular do bolso.

Isabela: O Patrick é inconsequente, Henrique. Ele não tá fazendo besteira, né?

Barão: Não, amor. Ele tá de boa.

"Onde você tá?" - mandei pro Patrick.

Ele não ficou on-line. Não me respondeu. Nem visualizou a minha mensagem.

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