Capítulo Oito

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A rotina depois daquele dia não parecia mais a mesma, eu nunca fui o tipo de pessoa que pensa em coisas sexuais, mas desde que jogamos eu só conseguia pensar em como me sentia durante e depois do jogo. Carolina era uma pessoa ocupada e jogar demandava tempo e esforço físico, percebi isso só depois de ver como ela permaneceu deitada por um longo tempo até conseguir pegar no sono.

- Isso, você precisa comparar esses dois arrays, dessa forma. – Ensinei ao Emerson o que ele precisava fazer para resolver seu problema na tarefa do trabalho. – Depois você pega apenas o que é diferente e joga para onde você quer.

- Beleza, obrigado. – Ele falou.

Voltei para minha mesa, fiquei olhando para a tela enquanto apertava a bolinha que me ajudava com meus problemas de tendinite. A última vez que nos vimos foi quando jogamos e isso já fazia quase duas semanas, antes do jogo, nos víamos com mais frequência, talvez fosse apenas a ansiedade dela querendo jogar logo. Jéssica me disse que geralmente alguns relacionamentos eram bem impessoais, quase as pessoas não se viam no dia a dia, apenas em momentos em que encenavam.

"Amanhã vamos a um clube, 19hrs, não se atrase."Kat.

- Assim do nada? – Acabei falando mais alto do que queria, mas foi automático, já que ela não falou comigo ou mandou mensagem. Quando abri o link do clube ele parecia ser muito chique e ter muitas pessoas ricas.

- O que houve? – Emerson perguntou.

- Nada. – Ri sem graça.

- Está namorando? – Ele perguntou.

- Não...

- Está toda vermelha, está namorando sim. – Ele deu impulso na sua cadeira de rodinhas. – Quem é ele? – Ele ficou me encarando. – Ou... ela?

- Eu não estou namorando. – Guardei o celular. – E eu preciso sair cedo hoje, surgiu um imprevisto. – Comecei a arrumar minhas coisas na mochila.

- Sei que imprevisto é esse. – Emerson brincou.

- Eu termino minhas coisas em casa. – Avisei ao Fernando, que apenas fez um sinal de joinha para mim.

Desci rapidamente e fui para fora do prédio, ir naqueles lugares acabavam com a minha autoestima porque eu nunca estava me sentindo bem-vestida. Liguei para o Vitor vir a meu socorro, precisava comprar roupas novas ou algo que pelo menos me fizesse parecer menos boboca nesses lugares. Pouco menos de quinze minutos nos encontramos na estação de metrô.

- Como assim? – Vitor falou confuso quando eu expliquei que queria parecer menos boboca.

- É, todo mundo se veste bem e eu não sei me vestir.

- Você se sente confortável se vestindo assim?

- Sim, mas... eu não sei, acho que, quero ter um estilo.

- Você está fazendo isso por você ou por ela?

- Acho que estar com ela desperta isso em mim, mas no fundo, eu nunca tive confiança para ter um "estilo". – Simulei aspas com meus dedos.

- Você é linda de todas as formas...

- Tá bom, chega disso, eu preciso de um estilo. – Eu sabia que ele viria com papo motivacional, mas eu não tinha tempo.

- Vamos começar assim, primeiro você olha no google estilo de roupas que você usaria e a partir daí vamos definir seu estilo. Eu vou fazer uma ligação e já volto.

Comecei a procurar e logo o Vitor voltou, ele estava acompanhado da Jéssica, os dois pararam na minha frente e eu encarei os dois, já havia encontrado meu estilo, mas isso mudaria completamente minha aparência.

- Eu acho que esse é meu estilo. – Mostrei para eles.

- Interessante. – Jéssica falou.

- Isso facilita muito as coisas. – Vitor suspirou.

- Primeira coisa, vamos cortar o cabelo. – Jéssica falou animada. – Depois compras.

- Depois compramos um caminhão. Já que agora você vai virar caminhoneira. – Vitor passou o braço pelos meus ombros.

- Há há. – Eu ri sem humor. – O termo certo é desfem, mas eu não ligo que me chamem de bofinho, mas só vocês.

Eles começaram a rir e seguimos nosso caminho, Jéssica estava de carro, mas Vitor era o motorista, no banco de trás nós duas estávamos vendo cortes de cabelos que combinariam comigo e eu gostava, no fim escolhi um.

- Eu amei esse. – Jéssica falou animada. – Vai ficar lindo em você.

- Eu acho que também vou fazer uns óculos novo. Tem uma ótica que entrega em uma hora.

- Eu acho que uma armação fininha e redonda ficaria linda em você. Uhh! Estou ficando até com calor. – Jéssica se abanou.

- Se controla mulher, você vai deixar minha irmã sem graça. – Vitor a afastou de mim.

E foi assim que minha tarde começou, primeiro eu cortei o cabelo, era um corte normal, curtinho em cima, com um pequeno volume, embaixo um degrade. Eu não sabia que cortar cabelo com máquina e fazer o pé com gilete deixava coçando tanto, depois seguimos para a ótica, não foi difícil escolher a nova armação. Por fim fomos para a loja em que meu irmão trabalha e conseguimos desconto, mas Vitor me contou o segredo de comprar roupas bonitas e baratas, seria melhor comprar online.

- Então, as vezes é complicado, um tênis custa trezentos reais ou até mais. Geralmente para ficar sempre estiloso eu apelo para a pirataria. Com trezentos reais eu compro três tênis maneiros para sair e eles duram bem. Pode escolher o que você quiser.

Ele abriu seu armário e tinham muitos tênis bonitos, Jéssica ficou encarando-os, no fim ela pegou um branco com detalhes azuis. Ela colocou no chão e pegou outro preto, mexeu nas sacolas e colocou as roupas em cima da cama.

- Acho que essa combinação vai ficar boa. – Jéssica falou. – Cadê seus acessórios?

- Na cômoda. – Vitor apontou.

- Vai tomar banho, que essa é a parte do filme em que a protagonista experimenta milhares de roupa para ir a um evento importante. Vitor, você é o responsável pela trilha sonora.

- Pode deixar! – Meu irmão tirou o celular do bolso e colocou Material Girl, enquanto eu ia me despindo para o banheiro para tomar banho e começar a experimentar as roupas.

- Música perfeita... – Jéssica veio até mim e se aproximou de meu ouvido, meu irmão parecia distraído como celular. – E só para deixar claro, se a sua dona não te quiser essa noite, eu quero.

­Eu comecei a me sentir nervosa e sai apenas correndo para o banheiro, pude ouvir a risada de Jéssica enquanto eu fazia isso, eu não sei porque ela se divertia tanto em me provocar, talvez ela simplesmente soubesse que eu acredito fácil em brincadeiras.

Dominando minha chefe (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora