Capítulo 12

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Todos os dias parecia uma repetição do dia anterior. Nossa cama de casal agora é grande demais pra eu ocupar ela sozinha. Eu não sei quando fomos nos perdendo tanto assim, antes era apenas brigas e algumas horas ou um dia num clima ruim que logo se resolvia, mas agora não.

Transitamos pela casa parecendo duas completas estranhas, sempre que vou me deitar e quero sentir ela perto preciso colocar qualquer peça de roupa dela pra sentir de perto seu cheiro. As conversas são rasas , sem intensidade e demora alguma é literalmente o básico do básico. O pior é que eu tentei, tentei muito puxar assunto pra ver se as coisas ficavam bem novamente,mas acho que não conseguirei mudar isso.

Eu não deveria me sentir de alguma forma alivia por ter ficado duas semanas sem ela em casa, eu realmente não deveria. Mas, é o que tem acontecido. Apesar da saudade e da falta que ela me faz, me sinto alivia por ela está fazendo os seus shows e eu tendo um tempo pra pensar.

Hoje é dia dela voltar pra casa, sinto um frio na barriga e um pequeno nervosismo, nunca sei como agir quando ela chega. Parece que estamos no começo do namoro onde ainda estamos nos adaptando a alguém em nossa vida.

— Irmã.. — Maraisa diz descendo as escadas. — Deixei as malas no seu quarto. Você vai ficar bem sozinha? — Ela da a volta no sofá e se senta ao meu lado.

— Obrigada metade. — A olho e dou um sorriso. Havíamos acabado de chegar de uma semana cheia de shows e eu estava realmente exausta, queria dormir, descansar e acordar só quando a Marília chegasse. — Vou ficar bem, não precisa se preocupar. — A olho. — E outra, você mora a menos de cinco casas da gente. — Dou risada.

— Eu sei, mas me preocupa em deixar você aqui sozinha por tanto tempo.

— Maraisa, eu já sou grandinha, eu sei me virar. Relaxa, você também precisa descansar, prometo que se precisar de qualquer coisa eu te ligo.

— Promete?

— Prometo!

Ela me abraça, da um beijo em meu rosto e se levante do sofá. Segue até a porta abre a mesma e antes de sair me olho mais uma vez pra ter certeza.

— Se sentir algo você me avisa?

— Irmã, eu aviso! EU PROMETO!

Ela apenas concorda com a cabeça e sai pela porta fechando a mesma logo em seguida. Me levanto do sofá e sinto uma leve tontura.

— Segura! — Falo voltando a sentar no sofá novamente.

Respiro fundo e tento recuperar o fôlego já que tem faltado um pouquinho nos últimos dias. Dou um tempinho ali, até que resolvo me levantar com mais cuidado agora. Sigo em direção das escadas e vou pro quarto. Sento na beirada da cama e pego o celular pra vê se havia alguma mensagem da Marília e pra pedir algo já que julgo que meu mal no momento seja fome.

Vejo as notificações e nada de importante, mas resolvo dar uma de boa esposa e abro o WhatsApp pra enviar uma mensagem pra ela.
Fico encarando o celular por longos minutos sem nem ao menos saber como começar uma mensagem pra minha mulher.

"Oi amor.." apago. "Oi vida, tudo bem?" Apago mais na vez. Merda, desde quando ficou difícil escrever algo pra ela? Respiro tentando diminuir a tensão que se formou. Olho pra nosso conversa aberta novamente e começo a rolar a conversar e me dou conta que em todas as mensagens trocadas nesse tempo que estivemos fora não foi nada como as que trocávamos antigamente. Eu mal sabia do seu dia, mal comentava do meu e mal dizíamos eu te amo, entre uma e outra aparecia uma 'eu te amo' seguido de um 'eu também'. Balanço a cabeça em negativo e rolo toda a conversa pro final e foco em escrever algo.

"Oi. Cheguei em casa, sei que você deve chegar na madrugada. Mas deixarei algo pra você comer na cozinha, caso chegue com fome."

Envio e logo em seguida leio e parece que acabei de enviar uma mensagem pra alguém que parece que eu conheço a alguns meses apenas. Eu posso fazer melhor, óbvio que eu posso!

"Eu sei que não estamos na nossa melhor fase, mas eu só queria que você soubesse que mesmo sabendo que ainda não está aqui, você ainda é a primeira pessoa que procuro quando chego em casa. Eu sinto saudade de você.. sinto saudade.. de nós. Eu te amo!"

Envio, bloqueio o celular e o coloco ao meu lado em cima da cama. Começo a pensar em tudo que já vivemos e em tudo que já compartilhamos juntas. Me dói nos ver numa situação dessa, me dói ter a sensação de que nossa amor e nossa relação está escorrendo pelos meus dedos sem eu conseguir fazer absolutamente nada. Me dói mais ainda imaginar viver em um mundo.. meu mundo sem ela.

— Meu Deus como você chora Maiara! — Falo pra mim mesma, enquanto levo minha mão direita até meu rosto e enxugo algumas lágrimas que insistia em cair.

Nas últimas semanas eu estou de parabéns, já chorei por uns dez anos, sem dúvidas. Um comercial de margarina me faz chorar sem nem ao menos perceber. Eu não pareço bem e isso de certa forma tem me preocupada. Tpm sem fim? Dou risada do meu pensamento.

Me levanto da cama e pego o celular ao meu lado, abro o app de comida e peço uma pizza e vou direto pro banho.

Tomo um banho relaxante e saio assim que vejo a notificação em meu celular que o pedido havia saído pra entrega. Me enrolo na toalha e vou pro closet e pego uma camiseta da Marilia e um short. O calor estava demais e minhas roupas não são tão confortáveis como as delas.

Assim que termino desço pra pegar o pedido que não demorou pra chegar. Pego e volto pro quarto novamente, ligo a tv, escolho um filme qualquer bem clichê e romântico e fico ali comendo e vendo aquilo por horas.

Pego meu celular pra ver as horas e vejo que havia perdido a noção do tempo, já era mais de três horas da manhã e também já havia passado do horário da Marilia está em casa. Abro o WhatsApp novamente pra vê se ela havia mandado algo e nada. Minhas mensagens haviam sido lidas, mas não haviam sido respondidas.

Envio mais algumas mensagens e nada. Fico por mais algumas horas a esperando até que o dia começa a clarear e nada dela aparecer. Apesar de toda preocupação o cansaço já havia tomado conta de todo o meu corpo. Pego no sono à sua espera.

Depois da tempestade. - MaililaOnde histórias criam vida. Descubra agora