Capítulo 11

591 78 21
                                    

Maiara

Passei a madrugada toda sem conseguir se quer pregar os olhos. As palavras da Marília afirmando com todas as letras que já não queria mais ter um filho me consumiu por toda a noite.

Não sei explicar se foi a noite mal dormir, se tem sido a forma que a Marília tem agido conforme nossas brigas nos últimos tempos. Mas alguma coisa me fez acordar indispostas, desanimadas com uma sensação estranha.

Eu não sei o que estamos no tornado ou o que na verdade nos tornamos. Nosso amor agora virou uma farsa? Não sabemos lidar uma com a outra? Ainda nos amamos como antes? São tantas perguntas que rodeia os meus pensamentos que fazem meus estômago embrulhar.

Levando da cama e saio correndo em direção do banheiro, se demorasse uns segundos a mais todo o quarto estaria sujo pelas coisas que meu estômago julgou não ser boa o suficiente pra manter dentro dele.

Fico ali por longos minutos até sentir que mais nada saíra de dentro de mim. Me levanto com uma pequena dificuldade, já que não havia ingerido nada desde que acordei. A verdade é que preferi passar mais tempo na cama do que encarar uma Marília de cara feia quando descesse pro cafe.

Entendo que somos grandes e deveríamos resolver as coisas como gente grande. Mas me conheço e sei que hoje qualquer 'a' diferente que ela pronunciar em minha direção pode me desconcertar mais do que eu já estou desconcertada.

Não estou de tpm, mas me sinto como se estivesse. Tudo em mim parece a flor da pele, os sentimentos parecem estar mais intensos do que costumam ser, algumas partes do meu corpo parecem sensíveis e minha barriga levemente diferente. Mas, pelo dia do mês que estamos, sei que falta poucos dias pra que comece toda aquela chatice que acontece no corpo das mulheres.

Ligo o chuveiro e resolvo entrar no banho, apesar da pouca força meu corpo implora por um banho quente nesse momento.

Entro debaixo do chuveiro e sinto a água quente cair sobre o meu corpo, as gotas escorrerem pela minha pele me causando uma sensação de alívio imediato. Aproveito cada minuto que decido ficar ali, só saio quando sinto as pontas dos meus dedos enrugarem.

Vou até o closet e escolho o primeiro vestido que vejo em minha frente da pilha de roupas que costumo chamar de 'roupas pra ficar em casa'. Me troco rapidamente e logo saio do guardo. Respiro fundo até começar a descer as escadas me preparando pra qualquer coisa que possa está me esperando no andar de baixo.

Desço e percebo que está um silêncio sem fim, olho em volta e não vejo a Marília. Caminho até a cozinha e quando olho pela porta de vidro que tem na cozinha que dá acesso à área externo, vejo a Marília sentada em um sofá que tem ali.

Parece perdida em seus pensamentos, olhando pro nada.. penso inúmeras vezes em ir até ela, mas mudo de ideia assim que ouço a voz da minha irmã preencher toda a casa.

— Tô entrando. — Ela diz fechando a porta.

— Na cozinha. — Falo.

Não demora pra que vejo ela adentrar a cozinha. Ela se aproxima e me dá um abraço seguido de um pequeno beijo. Me encara por alguns segundas, se afasta e me olha dos pés a cabeça, balança a cabeça e não diz nada.

— Você tá bem? — Ela pergunta me olhando. — Cadê a Marília?

— Estou. — Dou um sorriso. — Está ali. — Aponto para o lado de fora.

— Brigaram de novo?

— Como você sabe?

— Ela sempre se isola quando vocês não estão bem. Posso perguntar o que houve?

Depois da tempestade. - MaililaOnde histórias criam vida. Descubra agora