Capítulo 15

568 78 16
                                    

Maiara

Mal saímos do hospital e a Marília me encheu de perguntas. Respondia uma ali e outra aqui, mas nada com muito interesse.

— Foi só isso que ele falou? — Ela diz prestando atenção na estrada.

— Foi Marília! Não tem nada demais, minha alimentação que está péssima e acabou me deixando assim. Vou precisar mudar alguns hábitos,mas fora isso eu estou ótima.

— Você não está mentindo pra mim, né? — Ela para o carro no sinal vermelho e me olha. — Não está né?

— Por que eu mentiria? Eu não sou assim. Você sabe tudo que você precisa saber e pronto.

Eu já estava estressada, não queria está ali com ela, não queria está tendo conversa alguma. Eu estava chateada, decepcionada e brava. Muitas coisas poderiam está sendo diferente, mas nesse momento eu só quero da um fim na briga que havia sido interrompida e seguir com a minha vida.

Depois de quinze minutos já havíamos chegado em nossa casa. Eu entro sem nem ao menos olhar pra trás e sigo direto pro quarto. Não demora pra Marilia entrar no mesmo e ficar me olhando.

— Por que tá me encarando assim?

— Você tá estranha!

— Será que é por que a mulher que antes era minha estava por aí bebendo e esquecendo o celular com outra mulher?

— Você acabou de voltar do hospital, Mai. Podemos conversar sobre isso depois? Eu vou preparar algo pra você comer, depois resolvemos. Você precisa descansar.

— Não Marília, eu não quero que você prepare algo pra mim. Eu não quero que você fique aqui e tente reparar todas as coisas que você fez. Eu não quero. Eu quero que você me de um tempo, deixa eu pensar, colocar a cabeça no lugar, vê o que é melhor pra mim.

— Você tá me mandando embora? Outra vez?

— Por favor, Marília. Não estamos dando certo, nem somos um casal mais. Vivemos na mesma casa como completas desconhecidas. Eu não me casei com você pra viver assim.

— É só uma fase, nós daremos um jeito. — Ela se aproxima e senta ao meu lado. — Vamos resolver isso.

— Você já falou isso antes.. agora não parece fazer sentido pra mim. Eu não entendo você.

— Não me entende como? Por que? Me diz! É por algo que eu fiz?

— Não é sobre o que você fez é sobre o que não fez.

— Entao me diz!

— Você me pediu pra ficar, pra não desistir que faria algo. Mas, na boa. Eu não vejo diferença. Você age com indiferença depois de algumas horas agindo como se tivesse tudo bem. As vezes passamos dias incríveis, mas os últimos tem sido horríveis. Eu juro, juro que queria entender e continuar tentando. Mas acho que com você agora não resolve. Eu não sei se isso vai ser um ponto final ou apenas uma vírgula em nosso relacionamento. Mas acho que pra funcionar pra gente vai ser melhor assim. Você precisa colocar as coisas no lugar e definir as suas prioridades..

— Você é a minha prioridade. — Ela diz me interrompendo e segurando em minha mão. — Você sempre soube disso, meu amor.

— Eu sei que eu já fui, mas hoje não acredito eu ainda seja. Você tem questões pra resolver que você não se abre pra mim e eu não quero viver nesse impasse com você — Sinto minha voz falhar e lágrimas se formarem em meus olhos. — Não é por não te amar mais, pelo contrário, eu te amo tanto que essa situação entre nós tem me destruído a cada dia que passa um pouco mais. Eu te amo, eu te quero, mas eu preciso que você me queira e tenha certeza disso. Que saiba todas as condições e que não decida a nossa vida sozinha. As escolhas sempre foram decididas entre eu e você mas isso mudou de um tempo pra cá. Eu entendo a sua preocupação, mas você não me ouve, não me entende e não se abre comigo. Sempre fomos melhores amigas antes mesmo de nos tornar qualquer outra coisa, mas até a nossa amizade se perdeu.

— Eu compreendo que tenho falhado profundamente com você, como esposa, como amiga, como sua companheira. Mas não é por não te amar, Mai. Mesmo nos piores dias eu continuei te amando, mesmo falhando até em demonstrar. Esse não é o futuro que sonhei pra nós, eu sempre me imaginei ao teu lado, nunca quis nada além disso.

Vejo uma lágrima solitária escorrer pelo seu rosto e sinto meu coração sendo esmagado dentro do meu peito. Eu quero muito dizer pra ela ficar,mas eu não quero acordar na manhã seguinte e ver que mal olhamos uma na cara da outra. Tentamos inúmeras coisas, por longos meses e nada mudou

— Não é o que eu sonhei pra gente também. — Passo a mão em seu rosto. — Mas vamos nos dar esse tempo até nos resolvermos. Vai ser melhor..  não quero continuar me machucando e nem te machucar.

— Eu vou.. mesmo que eu queria ficar, mesmo que eu não tenha deixado claro isso nesses últimos dias, mas eu vou porque jamais te obrigaria a ficar ao meu lado mas saiba que eu tentarei mudar toda essa situação.

Ela me puxa pra seus braços e me abraça com força. O quanto eu desejei que isso tivesse acontecido a um tempo atrás. Que ela tivesse me abraço, me feito se sentir próxima novamente antes que tudo isso chegasse a esse ponto, mas não foi assim.

Elas se afasta e eu enxugo as lágrimas rapidamente do meu rosto e a olho. Ela gruda sua testa na minha e deposita um beijo suave em meus lábios.

— Eu te amo!

— Eu sei.

Ela se levanta e sai do quarto sem  levar absolutamente nada que havia ali, apenas a sua roupa do corpo e nada mais.

Desabo assim que ela fecha a porta e me deixa completamente sozinha. Sussurro vários eu te amo entre uma lágrima e outro. Apesar de a decisão não ter sido fácil, mas julgo ter sido necessária, não dava pra continuar assim.

Não demora pra que eu veja a minha outra metade passar pela porta, se sentar ao meu lado e me puxar para seus braços. Ficamos ali em silêncio, grudadas uma na outra enquanto meu corpo tremia conforme a intensidade do meu choro aumentava. Já não havia lágrimas pra escorrer pelo meu rosto. Meus olhos já estavam inchados e meu nariz entupido.

— Quer que eu faça alguma coisa por você? — Maraisa me olho.

— Só fica aqui comigo.

E ficamos ali, por longas horas sem nada dizer, sem se levantar e sem se alimentar... Sem fazer absolutamente nada a não ser desabar em seus braços.

— Irmã, dormiu? — Ela diz em um pequeno sussurro.

— Não.

— Posso te fazer uma pergunta ou ainda é cedo?

Eu levando a cabeça de seu peito e a olho já imaginando o que ela iria perguntar.

— Imagino o que seja, mas diz.

— Você contou pra ela? — Ela me olha já imaginado a responda. — Seja sincera comigo.

— N-não!

— Maiara, ela merece saber.

— Será mesmo? — Me levando e me sento na cama. — Talvez, mas agora não é o momento.

— E quando será?

— Eu não sei.. talvez um dia!

Ela resolve não dizer mais nada, sabe que nada que ela falar no momento vai me fazer mudar de ideia.

Depois da tempestade. - MaililaOnde histórias criam vida. Descubra agora