Capítulo 38

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Marília

Perdi todo o sentindo quando ouvi a Maiara afirmar que o Léo estava prestes a chegar. Não era o planejado.. realmente não era o planejado. Tínhamos ainda duas semana mais ou menos pra assimilar tudo isso até ele resolver nascer, mas parece que ele é tão ansioso quanto as suas mães.

Tento manter a calma e não surtar pra não deixar ela nervosa, mas só quero que saiba que por dentro eu estou gritando igual doida.

— Cê tem certeza? — Falo tentando parecer que estou calma. Mas julgo está falhando drasticamente.

— Marília, se você não quiser que eu te encha de porrada nesse exatamente momento, você simplesmente me leva pra maternidade e avisa a Maraisa.

— E os nossos pais?

— Meu Deus, Marília. A Maraisa faz isso, só vamos!

Eu seguro em sua mão e caminhamos pra fora do quarto, sinto ela aperta minha mão com força e se curvar um pouco se apoiando na parede.

— Você tá bem? — Falo preocupada.

— Não, tem um serzinho querendo sair de mim e isso tá doendo!

Ok! Respiro fundo pra tentar pensar racionalmente e não fazer merda alguma. Eu preciso ajudá-la nesse momento e não atrapalha-lá. Espero a sua contração passar pra que possamos continuar caminhando.

Descemos as escadas e vamos direto pro carro, abro a porta e a coloco dentro do mesmo. Fecho a porta e do a volta e sento ao seu lado. A olho e dou partida no carro. Sigo até a portaria, passo pela mesma e sigo caminho até o hospital. Minha cabeça estava a mil, eu não sabia se prestava atenção na via ou se prestava atenção nela, eu estava dividida, pois hora ou outra eu a ouvia gemer ao meu lado.

— Marília, que caminho longo é esse que você pegou?

— É o caminho da maternidade!

— Não é mesmo!

— Mai.. — Olho pra ela e pro gps na minha frente. — Eu errei, eu tô nervosa!

— Meu Deus, o Léo vai nascer no carro!

— PARA! Eu tô tentando manter a calma.

Ela começa a rir sem parar ao meu lado, eu não faço ideia do motivo exato de sua crise de riso, mas fico tranquilo, pois sei que de alguma forma ela tá tranquila, ao contrário de mim.

Dou a volta e volto pro caminho correto, em menos de cinco minutos estou estacionando o carro em frente a maternidade. Por sorte, por muita sorte a maternidade aqui é bem tranquila, então, não teremos paparazzis inconvenientes nos atormentando e tirando a nossa paz.

Desço do carro e vou até ela pra ajuda-la a descer e a caminhar até a parte interior do lugar. Entramos e logo somos atendidas. Não preciso explicar muito, pois a situação já era autoexplicativa, estava com uma mulher grávida, que por pouco não arranca meus dedos. O que mais eu precisava dizer? Esse era o momento de conhecer o grande amor das nossas vidas.

Preenchi o que havia faltado e logo somos direcionada ao quarto que ficaríamos em observação até que toda a dilatação da Maiara fosse concluída. Nesse meio tempo liguei pra Maraisa, que ligou pros nossos pais e veio até aqui nos trazer as roupas que eram necessário, pra Maiara e pro Léo.

De meia em meia hora uma enfermeira entrava pra examinar e a cada vez que ela passava pela porta nos deixando sozinhas novamente, me deixava ainda mais nervosa e ansiosa, pois a cada saída era menos um minutos pro grande momento.

— Lembre-se que depois do Léo, eu não quero mais filho! — Ela diz se contorcendo de dor.

— Vamos conversar sobre isso depois que ele nascer. — Falo rindo e ela me olha de cara feia.

— Só aceito se for você a ficar grávida! — Ela respira fundo e se ajeite na cama assim que a dor passa.

— Isso é um pedido de reconciliação, Maiara? — A olho rindo.

— Pode tirar esse sorriso bobo do seu rosto, pois não é! — Ela da de ombros.

— É Maiara.. eu, você e o Léo sabemos que é!

— Você consegue não me irritar pelo menos hoje?

— Vou me esforçar! — Falo aproximando dela e depositando um beijo em seu cabelo. — Eu te amo!

— Quem não me ama, né, Marília?! quem não?!

Ela da um sorriso mas logo volta as suas construções a fazendo se contorcer na cama. Mais uma vez a enfermeira entra em nosso quarto, aguarda a contração passar e realiza mais uma vez o exame.

— Falta pouco. — Ela diz nos olhando. — Se quiserem adiantar, pode tomar um banho, muitas vezes resolve.

— Nós vamos tentar! — Falo a olhando e sorrindo.

Ela sai do quarto e a Maiara me olha.

— Nós vamos continuar aqui!

— Não, nós vamos ir pro banho! — Eu a olho e a vejo franzir o rosto com mais uma contração — Bom, pelo pouco que sei, água quente alivia a dor.

— VAMOS AGORA! — Ela diz tentando se levantar.

Seguro em sua mão a dando apoio, ela desce e seguimos pro banheiro. Ligo o chuveiro e deixo a água numa temperatura agradável. Sem demora alguma ela se coloca debaixo da água, mas logo vem uma contração que quase a impossibilita de ficar em pé. Sem pensar duas vezes seguro o seu corpo contra o meu enquanto a água cai sobre nós. Ficamos ali até que a dor passasse.

Faço massagem em seu quadril, ela senta na bola que tem ali e se movimente tentando adiantar todo o processo. Ficamos ali por longos minutos até ela não aguentar mais.

Ela se deita na cama e dessa vez entra a enfermeira e o Dr. no quarto. Fico tensa assim que vejo eles atravessarem a porta, pois sei que o momento estava chegando.

— Tudo bem por aqui? Fora a ansiedade vocês estão tranquilas?

Eu apenas balanço a cabeça e a Maiara faz o mesmo. A enfermeira a examina novamente e vira pro Dr. e fala algo.

— Ok! Vamos lá! Esse é o momento mais esperado. Vocês estão prontas?

— Estou! — Ela diz com um pequeno desespero em sua voz.

Ele a ajeita, eu fico ao seu lado segurando sua mão, até que sinto ela apertar os meus dedos novamente e sei que mais uma contração está prestes a chegar.

— Maiara, empurra todas as vezes que sentir que deve! — Ele diz.

Então ela começa a empurrar, seus gritos começam a tomar conta do ambiente. Eu me desespero pois por um momento eu queria arrancar toda sua dor e colocar em mim. Eu sei que é por um motivo maior, mas minha fraqueza sempre foi vê-la sofrer.

— Empurra! Empurra! Empurra!

Os longos minutos seguintes foram baseados apenas a essa palavra: empurra. Olho pra Maiara e vejo que ela está dando tudo de si e mais um pouco.

— Eu não aguento mais! — Ela diz entre as lágrimas.

— Você aguenta, meu amor! — Grudo nossas testa — Você é forte e consegue. Eu sei que você consegue! Por esse e por tantos outros motivos eu te escolhi!

Um silêncio toma conta do ambiente, ouço bem ao fundo o Dr. falar mais uma vez empurra. Maiara da um último grito até que tudo a nossa volta seja tomada por um choro de bebê.. o nosso bebê.

Quando vi o Dr. entregar o nosso pequeno Léo aos braços da Maiara, não tinha nada que eu conseguisse fazer do que admirar aquela cena. Tudo parecia perfeito, eu aparecia ter ido pra um outro lugar, trocado de órbita. Tudo a minha volta começou a acontecer em câmera lenta enquanto o foco total era neles a minha frente.

Eu perdi o sentido.. Bom, na verdade eu ganhei um sentido. Eu só conseguia olhá-los e desejar que aquele momento não fosse um sonho, que fôssemos real quanto todo o sentimento que estava me envolvendo naquele momento.

Palavra alguma era necessário ser dita, nada era preciso pra entender o amor e a gratidão que pairava naquele lugar. Era palpável, era surreal, era único. A família que eu tanto sonhei havia acabado de nascer naquele momento!

Depois da tempestade. - MaililaOnde histórias criam vida. Descubra agora