Capítulo 16

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Marília

Mesmo sabendo que estava na cara que em algum momento isso iria acontecer, eu senti como se tivesse levado um soco no estômago quando me dei conta de que o que ela estava falando era sério. Por todas as fases difíceis que já passamos, nenhuma foi tão difícil como essa está sendo. Quando sai do nosso quarto e caiu a ficha de que aquela poderia ser a última vez em que eu passaria por ali sabendo que talvez tudo que foi dito poderá não ter volta.

Eu de fato não planejei isso, não sonhei com isso e nem esperava que de fato acontecesse. Minha cabeça parece está uma bagunça, os pensamentos parecem estar fora de ordem e tudo em volta parece muito confuso. O que eu faço agora? Continuo a vida dando tempo ao tempo ou eu preciso fazer algo? Eu sinceramente não sei, não sei como agir, o que fazer e muito menos como lidar com isso. Talvez seja algo pra eu pensar quando a cabeça estiver no lugar.

Desço as escadas e assim que chego na sala e me aproximo de um pequeno móvel que tem no canto da parede com algumas coisas nossas e a chave do meu carro, observo o pequeno pingente com o símbolo do infinito que ela me deu pra sempre me lembrar dela quando saísse, pra me fazer lembrar pra ir com cuidado e me cuidar pois ela sempre estaria me esperando em casa ou seja lá onde for. 

Um enorme nó se forma na minha garganta e só piora quando vejo o pequeno retrato do nosso casamento um pouco mais distante. Me aproximo pra ver com mais clareza. Estamos sorrindo, eu a segurando em meus braços enquanto parece que eu contei a melhor piada do mundo pra ela.

— Nos perdemos, pequena! — Sussurro.

Fico parada ali por longos segundos até voltar a si e me dirigir até a porta. Passo pela mesma a fechando atrás de mim, entro no carro e sigo caminho até a casa da minha mãe. Ja era fim de tarde e num dia normal eu não estaria indo pra casa da minha mãe sozinha.

Menos de dez minutos estou estacionando o carro na garagem de sua casa. Desço e logo entro em casa. Olho em volta e não vejo ninguém, até ouvir um barulho vindo da cozinha

— Mãe? — A chamo caminhando até a cozinha.

— Estou na cozinha. — Ela diz animada. Me aproximo e ela logo vem em minha direção me abraçar. — Tá tudo bem? Como foi de viagem? Cada a minha outra filha? — Ela olha em volta procurando a Maiara mas desiste assim que percebe que estou só. — Veio só?

— Não tá feliz em me ver? — Forço um sorriso. — Estou bem.. a viagem foi tranquila e a M-mai, bom, ela não vem. — Abaixo a cabeça pois não consigo nem encara-lá.

— Óbvio que estou feliz, mas conhecendo vocês, sei que quando você aparece aqui sozinha é porque vocês brigaram. — Ela segura a minha mão e me olha. — Quer me contar o que houve?

— É uma longa história...

Não estava no clima pra explicar tudo que havia acontecido, conhecendo minha mãe sei que ela não passaria a mão na minha cabeça caso eu não estivesse com a ração. Ela sempre foi sincera demais comigo, mesmo que doa ouvir algumas coisas, ela sempre puxou minha orelha e me mostrou onde eu errava. Mas também nunca deixou de reconhecer os meus acertos. Não possa negar, minha mãe é perfeita e além de tudo a minha melhor amiga.

— Você está com sorte. — Ela diz se afastando e sentando no banquinho que tem na bancada da cozinha. — Estou com tempo, pode contar!

— Mãe...

— Uai Marilia, o assunto pode ser chato mas você não terá que resolver? — Ela me olha aponta pro banco em sua frente. — Senta aí.

Sento pois sei que ela não mudará de ideia até que eu explique o que está acontecendo. Eu poderia simplesmente ignorar, mas seria estranho passar a noite aqui sem dizer o que de fato está acontecendo.

Depois da tempestade. - MaililaOnde histórias criam vida. Descubra agora