Capítulo 35

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Marília


— Olha só quem apareceu. Arrumou um tempinho pra gente? — Ela diz sorrindo vindo em minha direção.

Eu apenas me abaixo ficando na altura de sua barriga e deposito um beijo.

— Vim ver o meu filho! — Levando a cabeça pra olhá-la e dou um sorriso.

— Você é chata! — Diz revirando os olhos.

— Não mais que você!

— Acha que me engana? Vem com essa de veio ver o seu filho, mas eu sei que estava com saudade de mim.

Me levanto e fico de frente pra ela a encarando.

— Bom, pela forma que me olha e o jeito animado que me recebeu, arrisco dizer que quem estava com saudade de mim era você! — Me aproximo mais dela.

— E-eu... eu... — Gagueja.

— Tá nervosa? Não consegue terminar uma simples frase! — Dou risada.

Ela de ombros e sai indo em direção da cozinha e eu apenas a acompanho em silêncio. Vejo a Maraisa no canto da cozinha fazendo algo, me aproximo e ela logo se vira e me abraça.

— Lembrou o caminho de casa? — Ela diz rindo. — Estava com saudade, você e a Mai não se decidem logo!

— Ela não me quis né?! — Me afasto da Maraisa e olho em direção da Maiara que está sentada próxima da mesa. — A vida segue! — Dou uma piscada.

— Uai Marília... — Ela me olha sem entender. — Você tem alguém?

Vejo a Maiara ficar tensa com a pergunta que sua irmã me faz. Ela me olha e desvia o olhos com a cara feia.

— Uai, eu tinha que esperar uma vida?

— Eu acho que cê ficou doida! — Maraisa diz sem acreditar.

— É complicado falar agora. Mas essa pessoa também é complicada, percebi com o tempo que estava gostando dela, o tempo foi passando e comecei a sentir algo mais forte...

— Vou subir! - Ela diz se levantando com dificuldade e saindo da cozinha.

— Cê sabe que cê tá ferrada né?

— Quando é que eu não estou? — Dou risada.

— Eu espero do fundo do meu coração que isso seja apenas seu jeito chato de provocar a Maiara. — Ela me olha seria. — Se eu não superei vocês, imagina a Mai.

— Mas ela não me quer!

— Ela te quer, mas só não quer deixar as coisas entre vocês estranhas. Ela tá vivendo esse momento que ela tanto esperou, é normal ela sentir medo depois das inúmeras vezes que você mudou de ideia.

— Até você?

— Uai, sou sua amiga. Se precisar puxar sua orelha eu o farei, você sabe disso!

— Eu sei!

— Vai da um jeito de se resolver com ela. Ela passou uma semana inteira falando de você!

Dou um sorriso e balanço a cabeça sem acreditar. Apesar dela ser cabeça dura ela é a luz da minha vida. Apenas concordo e saio da cozinha e caminho até as escadas que lavam até o seu quarto.

Bato na porta e logo entro e a vejo de cara emburrada sentada na cama.

— O que você tá fazendo aqui? — Ela diz brava.

— Fiquei com saudade do Léo!

— Ótimo! Você já disse, agora pode sair por favor!

Eu me aproximo e sento ao seu lado na cama. Ela me olha de cara feia mas não diz nada.

— Por que está brava comigo?

— Não acho que deva passar tanto tempo assim comigo agora, já que você tem alguém. Se eu fosse ela, iria odiar, já que seu filho ainda nem nasceu.

— Mas se ela não entender ela não é boa o suficiente pra mim. — Eu a olho. — Eu quero ficar, passei a semana toda longe.

— Com ela não é? — Ela me olha. — Já que não está fazendo show no momento.

Dou apenas um sorriso e acaricio a sua barriga. Assim que a toca sinto um enorme chute em minha mão.

— Alguém está agitado hoje! — Me aproxima de sua barriga e depósito um beijos. — Oi leãozinha da mamãe! Estava com saudades!

E mais uma vez ele chuta a minha mão, só que ainda mais forte do que antes.

— Parece que ele também estava! — Ela diz sem muita animação. — Se quiser ficar, fica! Só não me enche o saco pois não estou com saco e nem disposição pra isso no momento.

— Nunca te encho o saco! — A olho e dou risada.

— Eu disfarço bem! — Ela força um sorriso.

Fico um tempo ali acariciando sua barriga e conversando com o Léo, até que percebo que a Maiara começa a soar só que não está quente o suficiente pra isso. A olho ela está levemente pálida. Automaticamente fico preocupada.

— Mai, Cê tá bem? — Me ajeito não cama e a olho.

— Minha pressão deve ter caído! — Ela fala um pouco baixo o que me deixa ainda mais preocupada.

— Você se alimentou hoje?

— Sim! Todas as refeições! — Ela fecha o olho com força e levante a mão com um pouco de dificuldade.

— Mai, Cê não tá bem não! — Fico de pé em sua frente e a encaro. — Vou chamar um médico.

— Marília, deixa de ser teimosa, não precisa!

Ignoro o que ela falou, pego meu celular e ligo pro nosso médico, que nos acompanha desde quando estávamos tentando.

Ele não demora pra atender, explico toda a situação em questão de minutos ele já está em casa.

Maraisa sobe com ele até o quarto da Maiara e ele logo começa a examina-la.

— Eai Dr. tá tudo bem? — Pergunto preocupada.

Ele faz um pequeno silêncio ainda concentrado em tudo que estava verificando até se virar pra mim.

— A pressão dela está um pouco desregulada. Nessa altura da gravidez é até normal, como ela não tem problema algum de saúde o que pode ter causado isso é um pico de grande stress que ela acabou tento.

— Ela parecia bem, não parecia estressada a não ser depois que eu falei...

— Culpa da Marília! — Maraisa diz me interrompendo.

— Meu...

— Seja qual for a brincadeira ou assunto abordado por vocês que a deixou assim, aconselho vocês deixarem isso de lado pra não a deixar estressada novamente. Fora isso ela e o bebê estão ótimos! — Ele a olha e da um sorriso. — Acredito que a ansiedade da chegada do bebê de vocês a deixe mais sensível pra alguns assuntos.

Eu apenas concordo com a cabeça enquanto a Maiara se mantém em silêncio e a Maraisa me encara como se quisesse me estrangular.

O Dr. termina seu atendimento, guarda a s suas coisas e logo sai do quarto acompanhado da Maraisa nos deixando sozinhas novamente.

— Mai...

— Marília, não é culpa sua, relaxa! — Ela força um sorriso. — O Léo já tá quase chegando, é só a reta final da gestação como o Dr. disse e outra... — Ela me olha. — Se você encontrou alguém como disse que encontrou, eu não tenho direito algum de te proibir de seguir em frente.

— Mai, eu não quero te causar desconforto algum. — A olho sentida.

— Tá tudo bem! Nossa vida não para por causa disso. Fica tranquila. — Ela da um sorriso sem graça e se ajeita na cama. — Eu vou descansar um pouco, se quiser ficar tudo bem.

Ela se vira algumas vezes na cama tentando achar uma posição menos desconfortável até que para. Fico alguns minutos a observando até que percebo que ela realmente pegou no sono.

Depois da tempestade. - MaililaOnde histórias criam vida. Descubra agora