Eu não faço ideia de quantas horas passei fora. Quando volto pra casa percebo que a maioria das luzes estão apagadas.
Não acendo nada, as led da escada era o suficiente. Apesar de ter bebido um pouco ainda tinha noção do que estava fazendo.
Tranco a porta da frente e sigo caminho pro nosso quarto. Abro a porta do quarto com
Cuidado pra não acordar a Maiara. Mas mal coloco um pé dentro do quarto e o abajur ao lado da cama é acesso.— Amor... desculpa não queria..
— A onde você tava, Marília? — Sua voz é firme e levemente irritada. Ela me olha como se quisesse pular em meu pescoço. — Eu te liguei inúmeras vezes e todas as ligações caíram em caixa postal. — Ela faz uma pausa e me encara. Se ajeita na cama e me olha como se pudesse atravessar a minha alma. — AONDE... VOCÊ...ESTAVA? — Ela diz pausadamente então percebo o quanto ela realmente está brava.
— Você estava com a sua irmã, então, acabei indo no barzinho que costumamos ir. Precisava respirar, pensar e espairecer.
Eu a olho com receio, e ela da um sorriso sarcástico. Eu fico alguns segundos sem entender a onde ela queria chegar, já que todas as vezes ela nem me deixa entrar no quarto até que ela fique mais tranquila.
— Impressionante! — Ela balança a cabeça em sinal de negativo e respira fundo. — Cê tem noção que eu fiquei sozinha aqui enquanto você estava simplesmente em um bar bebendo e espairecendo?
— Amor, Maraisa sempre fica com você.
— Que porra Marília. — Só falta sair fogo de seus olhos de tão brava que ela está. — Você sabe que você é a minha mulher? Dando certo ou não todas essas coisas, você continua sendo minha mulher. O mínimo que espero de você é que esteja aqui.
Eu me aproximo da cama e me sento, coloco a mão sobre sua perna e dou uma leve apertada. Em questão de segundos ela afasta minha mão de cima dela e me olha ainda com raiva.
— Desculpa.. — Falo arrependida. — Eu só pensei que a Maraisa ficaria, como ela fica todas as vezes.
— Você nem se preocupou!
— Óbvio que me preocupei. Mas sabia que estava em boas mãos.
— Talvez tenha sido melhor mesmo!
— Eu sei que não está falando sobre eu ter saído. — A olho com atenção e torço pra que ela não esteja se referindo ao que eu imagino que seja. — Só espero ter entendido mal.
— Não entendeu, Marília. Talvez tenha sido melhor mesmo. Na primeira oportunidade em que as coisas estão mais difíceis, você prefere passar horas em um bar ao invés de está em casa me ajudando.
— Você deve tá de brincadeira. — Dou risada sem humor. — Eu não vou entrar nesse assunto com você agora. Entendo que não esteja bem, que esteja com raiva por causa de tudo. Eu não quero que as coisas fiquem ruins entre nós. — Me levanto da cama e me viro olhando pra ela. — Eu vou tomar banho!
— Não é sobre estar com raiva. É sobre eu ter me sentido sozinha por horas por você não está aqui e nem ter a decência de me atender. Por que não consegue falar sobre isso? Por que não para e me ouve? Eu não quero alguém que foge sempre que as coisas estão ruins.
— Maiara, você nem sabe o que está dizendo. — Respiro fundo tentando manter o controle e não falar o que não devo. — Você entende que nesse processo não é só você que sofre? Eu entendo que sua expectativa é sempre alta. Eu juro que eu entendo. Mas não venha me dizer que eu fujo sempre que as coisas estão ruins, porque você falar isso é ser injusta comigo. Eu sempre estou do seu lado em todos os momentos possíveis. Mas você entende que não é só você que precisa de cuidado, não é só você que sente muito, não é só você que quer isso? Eu também quero, quero mais do que você imagina. Mas acho que já não é mais saudável tentarmos. Todas as vezes você fica mal. Sinceramente... eu não aguento te ver assim, é como se eu sofresse duas vezes. Eu não quero mais isso, eu não quero te ver sofrer e te ver chorando pelos cantos. Eu não quero Maiara, eu não quero mais!
A encaro e vejo seus olhos brilhando, sei que está prestes a chorar e está segurando, pois a ponta do seu nariz também já está vermelha. Ela engole a seco e desvia o olhar. Um silêncio ensurdecedor toma conta do ambiente. Respiro fundo e a olho uma última vez e sigo até o banheiro.
— Você não quer mais? — Ela diz antes que eu entre totalmente no banheiro. Paro, respiro fundo e a olho. — Não quer a nossa família? — Lágrimas escorrendo pelos seu rosto.
— Não é sobre querer ou não, Mai. É sobre não te ver sofrer mais. Eu não quero.. eu não suporto mais. — A olho como se pedisse desculpa por está falando tudo isso. — Eu sinto muito...
Ela apenas se ajeita na cama e não diz mais nada. Entendo que o assunto havia acabado, então entro no banheiro e tiro minha roupa e entro no banho.
Não sei quanto tempo em média demorei, mas foi tempo suficiente pra pensar em todas as coisas que aconteceram. Desligo o chuveiro, me seco, coloco a roupa e saio do banheiro e vou direto pra cama.
Diferente de antes agora o abajur está apagado. Me deito com cuidado na cama pra não acordar a Maiara caso ela esteja dormindo agora. Me ajeito e envolvo meu braço em volto do seu carpo e dou um beijo em seus cabelos.
— É o meu sonho, Marília. — Sua voz é rouca de quem havia acabado de acordar. Mas pelo fungados que ouço sei que não é voz de sono é voz de choro.
— Eu sinto muito, meu amor. Talvez em outro momento..
— Não sou tão jovem como você..
— O dia foi cheio, nenê. Conversamos depois e com mais calma.
— Seja feita a sua vontade! — Ela diz emburrada tirando meu braço de cima de seu corpo. — Preciso de espaço.
Apenas me afasto e me viro de costa e tento de toda os jeito pegar no sono, mas passo horas e horas pensando em tudo até que consigo adormecer.
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Depois da tempestade. - Mailila
FanficAlguns anos após o dia mais feliz de suas vidas se passaram. Tudo que desejam é começar de uma vez por todas construir a sua família. Um desejo que pulsa dentro do peito de Maiara é de ser mãe, gerar seu primeiro bebê ao lado de sua amada Marília...