Capítulo 5

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Marília

Volto os shows e sinto demais por dar graças a Deus que estou longe de casa. Pesado demais se sentir assim? Eu tendo olhar ao redor e ao menos me sentir um pouco mal com isso. Mas, acho que já estou tão cansada que não consigo sentir absolutamente nada.

Bom, na verdade já fazem algum dias que estou longe de casa, estou tentando usar esse tempo na estrada pra pensar sobre tudo, tentar de alguma forma colocar a cabeça e os sentimentos no lugar.

— Marília, seu celular está tocando. — Bahia diz apontando pro celular e me chamado a atenção.

— Eu ouvi..

— Não vai atender, pode ser importante.

— Depois eu retorno. Estou um pouco cansada pra isso agora.

Sigo até o sofá que tem no camarim e me sento colocando o celular em um canto qualquer e tentando não pensar em nada. Seja lá o que for acredito que de pra esperar até amanhã quando eu chegar em casa.

Fico perdida em meus pensamentos por longos minutos, até ouvir o Bahia chamar minha atenção, avisando que já iríamos começar o atendimento com os fãs.

Me levanto do sofá, me olho no espelho e vejo se está tudo no lugar. Bom, é difícil manter tudo em perfeito estado depois de horas de show, mas, eu realmente estou um espetáculo ainda.

Não demora pra que o camarim comece a encher de gente. Atendo, uma por uma, tirando uma foto, dando um abraço e ouvindo a todo momento as pessoas perguntarem ou me entregarem coisas pra levar pra minha mulher.

— Última. — Bahia fala assim que a última fã entra.

Não demora nem cinco minutos e tudo volta ao normal, o local vazio, só com algumas pessoas da minha equipe.

— Podíamos sair pra fechar com chave de ouro essas duas semanas agitadas. — Falo animada. — O que vocês acham?

— Você não acha melhor descansar pra poder voltar pra casa tranquila amanhã? — Bahia diz me olhando de uma forma preocupada, como se me implorasse pra eu concordar com ele.

— Não! — Alcanço meu celular e vejo as horas. — Três horas da manhã. Ainda é cedo Baba. Sairemos daqui só depois do almoço.

Ele me encara por alguns segundos e se aproxima de mim.

— Você tem certeza? Não prefere ir pro hotel, ligar pra sua mulher e descansar?

— Eu prefiro esticar a noite!

Ele balança a cabeça em sinal de negativo e me olha e não diz nada. Apenas levanta as mãos em sinal de rendição e se vira, abrindo a porta e passando por ela.

Tudo ali já havia acabado, só nos resta voltar pro hotel ou ir pra qualquer lugar que esteja aberto nesse horário.

Sigo caminho até o carro que estava me esperando e logo entro no mesmo. Apenas o Bahia, um segurança e o motorista me acompanhava no mesmo carro. No caminho pro hotel avisto um barzinho um pouco movimentado.

— Pode parar ali? — Falo apontando pro barzinho um pouco a frente.

— Mendonça... — Bahia me olha do banco da frente. — Eu te aconselharia a não parar ali.

— Qual o problema? Você quer me dizer alguma coisa?

— Não, Marília.. mas é que...

— Ótimo! — O interrompo. — Pode nos deixar ali, ficaremos por algum tempo e depois voltaremos pro hotel. — Faço uma pausa e o olho. — Mas caso queira ir pro hotel Bahia, pode ir. Ficarei aqui com o segurança.

Depois da tempestade. - MaililaOnde histórias criam vida. Descubra agora