Capítulo 25

627 93 26
                                    

Eu não me lembro da última vez que ri  tanto até a barriga doer como hoje. Não me lembro da última vez que me senti tão leve comigo e com ela.

— Você continua sendo engraçada! — Falo assim que recupero o fôlego.

— Eu? — Ela diz surpresa. — Eu não sei muito bem o que te fez rir desse jeito, mas acabou se tornando engraçado pra mim também.

— Você falou de nunca ter estado com uma mulher grávida antes e pra mim pareceu que somos quase uma espécie em extinção. Não parecia que estava falando de algo até que comum. — Me ajeito na cama pra me sentar e a olho — É tudo muito extremo pra mim, da mesma forma que coisas sem sentido algum me fazem chorar, coisa como essa me fazem rir até a barriga doer.

Ela se senta na cama e acende a luz.

— Acho que te ver rindo é menos assustador pra mim! — Ela diz me olhando sem jeito.

— Agora estou com fome! — Falo e automaticamente um bico surge em meus lábios.

Ela me olha de um jeito diferente, o que me deixa totalmente envergonhada.

— Posso pedir algo pra gente! — Ela diz pegando o telefone que tem em cima da mesinha ao lado da cama.

Não demora pra que alguém a atenda, ela faz o pedido e por sorte não demora pra chegar. Pois eu realmente estava cheia de fome.

Comemos assistindo algo na tv e por um momento pareceu que nada havia mudo entre nós, por um momento me senti como se estivéssemos apenas dando continuidade de onde havíamos parado.

Termino de comer e ela retira os pratos que havia em cima da cama e coloca em cima da mesa que tinha ali. Ela volta e se senta ao meu lado e num gesto totalmente inesperado, ela toca a minha barriga e aproxima seus lábios da mesma.

— Nenê, o que você tá fazendo com a sua mãe? Ela comeu o dela e um pouco do meu.

— Marília.. — Resmungo.

Quando ela me olha e esta prestes a afastar sua mão da minha barriga, sinto um enorme chute que não havia sentido antes.

— MEU DEUS! — Ela diz surpresa me olhando. — O bebê chutou? Pera! O serzinho que está aí acabou de chutar a minha mão?

Ela termina de falar e mais uma vez sente o chute em sua mão e eu uma leve dorzinha.

— Fala de novo.

— Oi nenê... — Ela diz outra vez próximo da minha barriga e outra vez o bebê chuta. — MEU DEUS!

— Eu acho que tem alguém aqui que gosta da sua voz! — Falo sorrindo a olhando.

Ela me olha com os olhos brilhando cheios de lágrimas.

— ESSE BEBÊ ME AMA, MAIARA! — Ela diz toda animada enquanto uma lágrima escorre pelo seu rosto. — Eu não sei pra você, mas subir no palco não se compara a isso. É ímpar, algo indescritível.

— Eu sei, talvez agora você entenda que não é fácil descrever qual a sensação de gerar alguém. Vai muito além...

Ela continua ali com a mão no mesmo lugar por longos minutos.. conversando hora o outra com a minha barriga e por incrível que parece ela não ficou uma vez se quer sem resposta. Não vou negar que no fundo, beeeeeem lá no fundo eu tenha sentido um pouquinho de ciúmes, pois eu nunca fui respondida com essa intensidade. Mas dizem que os filhos sempre tem um lado preferido, nesse momento julgo dizer que no momento em que o bebê ouviu a sua voz acabou a escolhendo e parece que não terá briga a altura pra fazer isso mudar.

— Desculpa! — Ela diz afastando a mão da minha barriga e me olhando.

— Por que?

— Você deve está cansada e eu estou aqui tomando o seu tempo parecendo uma criança feliz.

— Tá tudo bem. — Dou um sorriso. — Eu nunca senti os chutes tão intensos como agora. Sempre foram sutis e nunca fui respondia assim, parece que de alguma forma o bebê parece te conhecer.

— Você... — Ela dá uma pequena risada. — Te conhecendo, imagino que no fundo você deve está com ciúmes por saber que o bebê nem nasceu e já tem uma pessoa favorita.. — Ela faz uma pausa. — Que no caso sou eu!

— Iludida! — Dou um tapa em seu braço e a olho. — Desculpa!

— Tudo bem! — Ela da um sorriso e se levanta da cama.

— Onde você vai?

— Me deitar pra te deixar dormir!

— NÃO! Espera.. você pode ficar aqui! — Eu a olho. — Por favor, só até eu pegar no sono, depois você pode voltar prai.

— Medrosa como sempre?! — Ela diz voltando pra mim. — Tem coisas que não mudam, né?!

Ela se deita e apaga abajur que estava acesso. Eu me ajeito e me aconchego nos travesseiro que tem sobre a cama.

— É... algumas coisas não mudam!

Me viro e tento pegar no solo, mas mesmo sabendo que ela está ali é como se ela ainda estivesse a quilômetros longe de mim, meu cérebro não parece entender que tem alguém ao meu lado se eu não sinto seu toque em minha pele nem que seja o mínimo. Mas, não sou cara de pau ao ponto de pedi-la pra se aproximar só um pouquinho pra senti-la perto e então me sentir realmente segura.

Me viro na cama por vários minutos, aparentemente ela já havia pegado no sono, enquanto eu sigo brigando com meus pensamento.

— Merda! — Sussurro.

Eu quero muito dormir, mas eu não consigo. Não consigo me sentir bem pra fechar meus olhos e relaxar. Maldito pesadelo, maldito medo! Cadê você, Maraisa?

Me viro uma última vez até sentir o seu braço envolver a minha cintura. Paraliso, minha respiração perde o ritmo e eu não digo nada. Só sinto ela grudar os nossos corpos e colocar o seu rosto entre o vão do meu pescoço, enquanto se ajeito em meu corpo pra que possamos ficar confortáveis.

— Eu sei que precisa de contato físico pra entender que não está sozinha — Ela diz em um sussurro. — Estou vendo você virar na cama já faz alguns minutos... — Ela faz uma pausa. — Pode ficar tranquila, eu estou aqui!

Sua voz no pé do meu ouvido me faz fechar os olhos e prestar atenção apenas no que ela está falando, embora eu não tenha capacidade suficiente pra raciocinar algo nesse momento.

Fecho meus olhos novamente e sinto sua mão repousar sobre a minha em cima da minha barriga e  seus dedos entrelaçarem os meus. Um pequeno aperto é depositado ali e logo em seguida ela começa um pequeno carinho que atinge a minha mão e a minha barriga.

Algo de alguma forma faz com que o bebê fique um pouquinho agitado em minha barriga.

— Eu sou... a pessoa favorita! — Ela diz em um sussurro.

Sinto seus lábios abrirem um sorriso próximo ao meu pescoço. Dou um pequeno sorriso e logo pego no sono.




____________________________
Foi fofinho não foi? Acho que merecia muitos comentários como mimo.. 🥹
-J.E.C

Depois da tempestade. - MaililaOnde histórias criam vida. Descubra agora