Áquila era Salieri.Quanto tempo eu levaria para acreditar nisso? Se fosse verdade, continuar negando poderia custar a vida de todos os outros membros de Cartago. Até das outras comunas.
— Eu não te julgo por ficar assim, pirralho. — o duende tentou me consolar com voz mansa, mas não funcionou — Nesse mundo amaldiçoado, não existe ninguém digno de absoluta confiança.
— Se ele realmente for Salieri, então não tenho motivo algum para não enfrentá-lo agora mesmo.
O duende suspirou, depois concordou com a cabeça.
— Sim, atacá-lo antes dele fazer o primeiro movimento pode ser uma boa ideia. Mas precisamos ser cuidadosos, não vamos o atacar logo de cara, precisamos pensar em alguma coisa antes.
A porta da sala onde estávamos se abriu bruscamente.
— Então aquele desgraçado na verdade é o Sarará? — essa era a forma em que Piatã se referia a Áquila. — Eu escutei tudo.
O duende e eu nos entreolhamos surpresos.
— Piatã! — balbuciei seu nome — Por que você...
— Eu tinha vindo me desculpar pelo jeito que te tratei, Franz... Aí acabei ouvindo. — Piatã fechou os olhos, seu rosto estava tão vermelho que temi que ele fosse desmaiar — Como ele pode... Como ele pode fazer isso com a gente.
— Piatã...
— Não, Franz! Eu vou matar aquele desgraçado! Não, não só isso, eu vou desmembrá-lo, vou fazer ele sofrer segundo por segundo até que enfim morra. Uma morte rápida é pouco pra ele. — Piatã deu um berro em seguida — QUE DESGRAÇADO!
— Vamos agir com cautela, Piatã. — ele me encarou, senti medo, senti um frio na espinha que nunca havia sentido antes por causa de um olhar. Depois Piatã deu as costas e saiu de lá sem pronunciar uma única palavra.
— Isso é um problema. — o duende iniciou.
— E você acha que eu não sei?! Eu nunca vi ele assim, ele sempre foi o calmo, o equilibrado e o responsável do grupo. Mas também, dá pra entender pensando em tudo o que Salieri fez para ele. — me apressei e conclui enquanto já caminhava em direção a saída — Tô indo atrás dele, fique atento e me avisa qualquer coisa, tá bem?
Corri pelo corredor, ainda tinha bastante gente no prédio, mas a exposição já estava para fechar. O sol se deitava no horizonte e a luz que iluminava o caminho era alaranjada. Entre uma sala e outra, alguém se pôs a minha frente. Não foi um acidente, aquele homem alto e bigodudo me interrompeu de propósito. E de todas as ocasiões possíveis, aquela era a que eu menos estava afim de perder tempo conversando com meu tio.
— Por favor tio, pode sair do meu caminho? Eu realmente não tenho tempo para o senhor agora.
— E eu realmente preciso conversar com você agora, Franz.
— Tio...
— Não Franz, não vou sair daqui enquanto você não me escutar. — eu tinha alguma escolha? Bem, de todo modo ele viu meu rosto cheio de desdém.
— Então fale, fale logo! — normalmente eu não trataria qualquer adulto assim, normalmente, mas meu tio foi quem escolheu minha pior hora. Ele ficou surpreso e isso estava mais do que evidente. Normalmente ele ficaria bravo ou chateado, mas em comparação a tudo o que ele já me fez, imagino que tenha tentado ignorar.
— Eu pensei bem nesses últimos dias e decidi que é melhor te contar de uma vez, afinal, com o fim dessa viagem não vamos mais poder nos encontrar. Quero que você saiba o porquê não pode confiar em Cartago.
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Homens Também Sentem Medo
Paranormal《《《 Livro Concluído 》》》 Não há problema homens sentirem medo. E Franz descobriu o porquê. Além do fato de ser filho de um herói de guerra, o herdeiro da casa milenar Silvertoch precisava ser forte, um homem de coragem, de confiança, um homem que nã...