XVI

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 Atsumu estava com uma piadinha na ponta de sua língua quando ouviu a porta se abrir.

– Atsumu. – Tanto seu sorriso quanto sua piada morrem ao ouvir a voz de seu irmão.

– Osamu. O que traz Vossa Alteza até meu humilde laboratório? – Ele se reverencia de forma exagerada, o que faz os olhos do outro príncipe rolarem.

– Está sendo cada vez mais difícil falar com você.

– Oh, que curioso. Deve ser porque agora eu tenho tempo integral para dedicar ao nosso querido Kiyoomi.

– Tempo integral? – Osamu se aproxima, então joga em Atsumu um aglomerado de folhas. – Não sei onde você pretende chegar desobedecendo ordens assim, mas pare.

 Merda. Atsumu não achou que seria pego tão rapidamente.

– Se você usasse seus olhos perfeitos para ler o que está escrito aqui, veria que eu ainda tenho potencial para ajudar! – O segundo irmão aponta para o relatório que informava suas ações rebeldes.

– As ordens foram bem claras, Tsumu. – Osamu cruza os braços e o olha de cima a baixo. – Estou vendo com meus olhos perfeitos o quanto seu potencial está acabando com você.

 Atsumu se encolhe, com vergonha. Seu irmão estava certo. Ele estava tentando uma jornada dupla de trabalho, mas se dedicar às duas coisas era extremamente difícil, então teve que sacrificar horas de sono e refeições e... bem, sua magia escondeu por um pequeno tempo os resultados de suas ações, mas até ela começou a vacilar. Ele balança a cabeça e esconde de novo as olheiras e a fragilidade de seu corpo.

– Você vai parar de fazer sejá lá o que você esteja fazendo. – Após a firmeza de sua assertiva, a expressão de Osamu perde a intensidade por um segundo.

 Se fosse qualquer outra pessoa, não notaria a preocupação em seus gestos, mas era Atsumu. Ele percebeu e amaldiçoou não poder nem ao menos ficar irritado com o irmão, porque ele só estava genuinamente preocupado com sua saúde.

 E com razão, se Atsumu estivesse disposto a ser honesto consigo mesmo.

– Tudo bem, você venceu. – Atsumu levanta as mãos, tentando parecer sincero.

 Osamu levanta uma sobrancelha, mas o dá o benefício da dúvida.

– Além disso, o pai recusou seu requerimento. – Atsumu congela em meio a seu teatrinho. – E ele não parecia nada convencido. Talvez você soubesse disso mais cedo, caso entrasse em contato conosco.

– Eu não... espere, eu preciso que ele aceite. – Ele franze as sobrancelhas, pensando em alguma solução que contorne sua situação, mas não havia.

 Ele poderia farpar Osamu, mas ir contra as decisões do Rei era algo que nem mesmo ele tinha a imprudência de fazer.

– Isso é problema seu. – Osamu poderia muito bem o ter dado um soco. – Mamãe está chateada com você.

 Atsumu sente suas bochechas esquentarem. Ele nunca fora um filho negligente, mas esses últimos meses foram muito cheios, tanto que ele não se lembrava da última vez que havia visitado a Rainha para dar um "oi".

– Você poderia... – Osamu não acreditou que ainda iria ajudar esse imbecil. – Poderia aparecer no baile de outono, a mãe gosta dessas coisas e ficaria bem feliz se você aparecesse. Talvez o suficiente para mudar a decisão do pai.

 Os olhos de Atsumu brilham com a sugestão.

– Obrigado, Samu. – A magia do segundo príncipe oscila e ele tem certeza que voltou a sua forma original ao ver a expressão de seu irmão.

Acordei em um jogo otome mesmo sendo homem!Onde histórias criam vida. Descubra agora