XXI

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 Era isso, fim de carreira. Fim da vida, era ali mesmo que Sakusa iria cair no chão e morrer.

 Como diabos ele faria essa decisão? Além de não querer magoar os outros, ele conseguia sentir os olhares que eles estavam dando entre si. Todos sabiam o que estava ocorrendo ali. E Sakusa tinha que escolher alguém.

 Sakusa abre a boca para responder, num impulso de fazer o que seu coração mandava. Mas, em vez de falar um nome e segurar sua mão, ele escuta uma voz vindo de trás de si.

– Sakusa! Senhor Sakusa, o senhor está aqui! Caramba, como está bonito! – Uma Yachi corada apareceu, vestindo um simples vestido de cor laranja claro, acenando freneticamente com as mãos. As mangas franzidas e a barra decorada com renda, combinando com um corselet de mesma cor, a davam um ar mais maduro e respeitável. – Vem, vamos dançar!

 Como um anjo enviado diretamente do lugar mais bonito dos céus, Yachi entrelaçou seus braços e o puxou para o centro do salão, o tirando seu poder de decidir com quem ele teria a primeira dança.

– Yachi? Não sabia que viria. – Ele segurou a cintura de sua amiga com uma mão, a guiando para uma dança mais lenta do que o previsto. Yachi não costumava xingar, e a aquele rosado em suas bochechas certamente vinham do álcool. Ele sabia o que aconteceria de ela se mexesse demais, e sua roupa estava muitíssimo bonita para ser vomitada.

– S-seu Atsumu, quer dizer, o príncipe Miya m-me convidou. – Agora ela não gaguejava por timidez, mas sim por conta de soluços. Céus, como ela chegou nesse estado?

– É mesmo? – Sakusa começou a olhar em volta, procurando uma saída para deixar Yachi descansando.

 Com o canto dos olhos, Sakusa viu um Hinata corado segurando desajeitadamente a cintura de Kageyama, guiando o filho do duque da forma que podia. Era possível ver um leve rubor sob a pele pálida de Kageyama, assim como um sorriso que ele estava tentando reprimir.

 Osamu estava dançando com uma dama, uma mulher bem poderosa que o cumprimentara mais cedo. Ushijima voltou a seu posto, não muito perto para invadir a privacidade do príncipe herdeiro, mas não muito longe para agir caso fosse preciso.

 Quando os olhares de Osamu e Sakusa se cruzam novamente, ele percebe que o príncipe o olhara com certo desdém em seus olhos.

 Atsumu, por sua vez, estava fora de vista, assim como o Rei e a Rainha. Ele provavelmente estava conversando com eles em particular. Bom, ótimo. Era isso que esse baile significava, não?

– S-sim! – Ela falou mais alto. – Eu consegui... hic! – Mais um soluço. – Conversar com Kenma, o mordomo. Ele me indicou um patrocinador interessado na pesquisa. 

 Ela sorriu, tão feliz que Sakusa se sentiu amolecer.

– Fico feliz. – E ele realmente estava. Sakusa deu um meio sorriso com a bondade de Atsumu, orgulhoso de sua atitude. Em uma de suas conversas, ele tinha despretensiosamente "deixado no ar" que Yachi estava precisando de contatos para financiar sua pesquisa.

– Seu príncipe... hic! Ele é muito legal. – Sua voz foi abaixando e ela deitou sua cabeça sobre o peito de Sakusa, que estava corado com a forma em que ela se referiu a Atsumu. M-mas é claro que Atsumu era legal, ele era o mais legal!

 Sakusa de repente percebeu que seus pés já não estavam mais se mexendo. Yachi estava cochilando sobre seu ombro. Ele sorriu, contente por sua amiga, e chacoalhou da maneira mais suave que conseguia.

– Oh? A dança já acabou? Vamos outra? – Ela despertou energética.

– Hm... que tal esperarmos um pouco? – Seu olhar de repente é levado a um homem que os observava, nervoso.

Acordei em um jogo otome mesmo sendo homem!Onde histórias criam vida. Descubra agora