Sakusa deu crédito a maioria dos estudantes por não agirem completamente como adolescentes e saírem por ai cochichando. Ele realmente entendia a curiosidade dos outros, ele mesmo queria saber mais sobre esse poder adormecido em si mesmo. Porém, nada daquele entendimento todo o fazia se sentir menos tímido ao encontrar com diversos olhares.
– I-Isso pode ser bom, senhor Sakusa. – Yachi começa. – Ser popular e ter contatos na Academia é importante para, sabe... quando você tiver dificuldades.
Sakusa categoricamente a entendia. Para ela, assim como a maioria dos estudantes, permanecer na Academia era um serviço árduo caso seus estudos não estejam trazendo resultados. Entretanto, era meio que sabido entre a maioria das pessoas que não era por esse motivo que ele ou protagonista haviam sido convidados.
Prever um sequestro ou assassinato era uma boa maneira de começar a citar motivos. Pensando nisso, Sakusa meio que entendeu o alarme de Motoya. Era difícil ter que encarar o fato de que não estava mais protegido em sua própria casa. Além disso, a Coroa tinha um interesse nem um pouco sutil nos potenciais poderes da protagonista. Ninguém sabia ao certo como enquadrar aquele poder de cura tão intenso, além das teorias de que ela poderia fazer muito mais com essa magia bruta.
Poderes elementais eram os mais fortes, porém raros, e eram os que mais se aproximavam do que ela era. Kiyoomi tinha uma leve impressão de que "poder da luz" era uma definição genérica para "não sabemos o que você é, mas seja feliz tentando descobrir, e, oh! Ofereceremos a você um lugar para te vigiarmos... quer dizer, você estudar."
– Hm... sim, obrigado.– Sakusa fala quando percebe que Yachi estava esperando uma resposta.
Ela pareceu mais aliviada, então seguiu seu caminho pelos corredores.
– Acredito que aqui reside sua área de interesse, senhor Sakusa. – Ela passa por um grande arco, decorado com arabescos em gesso. – A área médica.
Ao contrário da parte leste, que era composta por salas fechadas e iluminação pontual, a parte oeste continha diversos painéis de vidro, que mostravam a vista de fora do castelo. A direita, as alas hospitalares estavam todas abertas, com algumas pessoas transitando silenciosamente entre os quartos e os corredores.
Era como se a atmosfera inteira do local tivesse mudado de algo caótico e turbulento para pacífico e sério. Sakusa imediatamente gostou daquele lugar.
Ao passarem pelo corredor, Sakusa tinha alguns vislumbres de dentro das instalações. Alguns jovens em cima de macas, uns descansando e outros sendo tratados. A sensação da magia era mais presente, o que fez aquela coisa formigar na pele de Sakusa em curiosidade. Uma enfermeira segurou o pulso de um rapaz, que gemeu de dor ao ser tocado. Ela calmamente o pede para respirar fundo, então suas mãos ganham um leve brilho. Era lindo de se ver.
– Shimizu é excelente no que faz, todos temos muito orgulho dela. – Yachi comenta baixinho, tirando Sakusa de seu modo hipnotizado.
Ele nem notou que estava parado e olhando que nem bobo a cena!
– É realmente... uma dádiva. Poder curar os outros, digo. – Yachi continua, parecendo estar falando mais consigo mesma. – Um dia você vai ser que nem ela, tenho certeza!
Sakusa corou, de repente muito esperançoso e determinado. O que diabos ele estava fazendo? Mesmo que a ideia soasse adorável, ele não seria um médico da Academia, ele voltaria para casa. Ainda assim... não conseguiu impedir seu coração patético de desejar estar ali.
– M-me desculpe, senhor Sakusa! Eu falei demais, me perdoe. – Yachi de repente exclama.
Sakusa nega com a cabeça, escondendo um leve sorriso cativado.
– Tudo bem.
Yachi sorri timidamente.
– Ótimo, vamos em frente. – Ela se movimenta meio roboticamente, ainda um pouco envergonhada.
Porém, em vez de seguirem o caminho que os levariam às escadarias, Yachi o chama atenção para um grande portão aberto.
– As alas hospitalares ficam aqui embaixo por um motivo. – Ela passa pelo portão, caminhando agora por uma estrada de blocos de pedra por cima da terra.
O lado de fora da Academia.
– Os campos de treinamento ficam aqui. – Yachi coça a nuca. – Não é muito raro alguém se machucar. Mas não se preocupe, erros fatais nunca acontecem! É que os estudantes das áreas marcais às vezes podem ser... imprudentes.
Se a parte interna do castelo era grande, a externa era imensa. Por conta de sua localização mais isolada e a riqueza de seus fundadores, a Academia tinha autorização para obter uma enorme quantidade de terras. Construções eram mais difíceis, mas quando se falava de simples campos abertos com alguns instrumentos para treinamento... espaço era o que não faltava.
Os campos eram rodeados por uma densa floresta, que provavelmente só acabariam quando se encontrasse com a Capital, a muitos quilômetros de distância dali.
– Fui instruída a deixá-lo para assistir uma aula ao ar livre de preparo físico para utilização da magia. – Yachi para ao se aproximarem de um grupo com uma quantidade considerável de pessoas no meio de um dos campos. – Quando terminar, podemos ir almoçar, o que acha?
– Tudo bem. – Sakusa sabia que essa conversa era parte do protocolo que Yachi aceitou em fazer ao ser convidada a guiar Sakusa pela Academia, mas ele ainda assim sentiu a gentileza em suas palavras.
– Bom, estarei logo ali na ala de enfermagem se precisar de mim. Quer dizer, eu espero que não precise, porque isso significaria... Mas você pode me ver! Não no meio de suas aulas ou algo assim... Ah... me desculpe, vou indo! – Yachi sai apressada sem dar a oportunidade de Sakusa respondê-la.
Sakusa fica alguns minutos parado, meio longe do grupo que havia começado a se aquecer, ponderando se valia a pena o esforço. Pensando bem, ele não era estranho a exercícios, e, além disso, poder ter algum controle sobre a própria magia enquanto estava naquele lugar era algo benéfico.
Antes de ter a iniciativa de se aproximar, um grito o chamou atenção.
– Ei, cuidado!
Algo vinha em sua direção, muito rápido.
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Acordei em um jogo otome mesmo sendo homem!
Fiksi PenggemarJogos Otome... tão famosos entre as jovens! Aqueles em que você escolhe seu par romântico e se aventura em um mundo de fantasia! Kiyoomi Sakusa nunca foi especialmente interessado neles, apenas jogava um com sua irmã mais nova. O que ele não sabia...