VII

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– Yachi? Está tudo bem? – Sakusa meio que queria saber o porquê dela não parar de o encarar durante o almoço.

– N-não é nada! Você só... parece cansado. Não dormiu bem? – Yachi parecia genuinamente preocupada.

 Quando Sakusa chegou em seu alojamento na noite passada, só pôde dormir, não aguentando nem ouvir sua própria voz de tanta dor de cabeça.

 Normalmente, os acontecimentos prévios tomariam seu sono e o deixariam pensando durante toda a noite, mas ele já estava cansado desde a manhã de treinamento. Ficar acordado era quase impossível para ele, e Kiyoomi se sentiu grato por isso. Ainda assim, seu sono pesado não parecia ter sido o suficiente para repor toda sua energia.

 O pior foi ter que levantar cedo no outro dia, é claro. E ainda ter que repetir a dose de exercícios! Ukai não tinha piedade nenhuma.

– Eu estou bem, só me acostumando. – Não era totalmente verdade, mas também não mentira. Ele realmente estava tendo que se reabilitar a uma nova vida inteira, mas não estava com vontade de contar sobre possíveis casos amorosos com príncipes.

 Yachi assente, momentaneamente convencida. Sakusa se questionou sobre sua amizade com ela. Hitoka Yachi era inteligente, educada e agradável, tudo o que Kiyoomi esperava de uma boa companhia. Então, talvez... não teria problema em começar a formar laços por ela.

– Senhorita Yachi? – Ele chama, receoso.

– Sim? – Ela responde depois de tomar polidamente sua sopa.

– O que você faz quando... quando você quer rejeitar uma pessoa que gosta de você? – A grosso modo, isso resumia sua situação.

 Yachi enrubesce.

– E-eu não costumo ter admiradores então não sei como te ajudar, desculpe, senhor Sakusa.

 Kiyoomi já esperava isso, mas não deixou de ficar desapontado por não ter ninguém com experiência nisso para perguntar.

– Mas, se me permite dizer... acho que o ideal é você ser sincero com essa pessoa. – Ela conclui.

– Eu já fui, ele rejeitou a minha rejeição. Basicamente disse que ia me conquistar. – Sakusa revira os olhos.

– Ah, bem... mas você já considerou dá-lo uma chance?

 Ele havia sim propriamente considerado Osamu como uma possibilidade real de relacionamento. Sakusa nunca iria afirmar com todas as palavras, mas o achava atraente, ainda mais quando ele ficava sério e regia seu papel de herdeiro. Porém, participar de política nunca foi parte de seus planos. Muitos apertos de mão e interações. Ugh.

– É meio... complicado.

 Yachi iria retrucar, mas é impedida por uma leve comoção de estudantes cochichando. Uma voz chegou no refeitório por trás de Sakusa, e Yachi imediatamente fica vermelha ao reconhecer a figura.

– Ele está na cidade? E por que não me falou nada, Kenma? Chame-o imediatamente. – Sakusa vira para trás ao reconhecer a voz.

– Vossa Alteza, nem mesmo eu... Oh. Senhor Sakusa. – Um homem de cabelos escuros e olhos cansados encarou Sakusa do outro lado do refeitório.

 Osamu sorri de forma contida ao ver Kiyoomi.

 Se pelo menos os céus pudessem o dizer onde ele havia errado para merecer aquilo...

– Senhor Sakusa, pensou sobre a proposta?

– Sim, e continua sendo não. – Ele corta antes de dar algum tipo de esperança para o príncipe.

Acordei em um jogo otome mesmo sendo homem!Onde histórias criam vida. Descubra agora