XXXII

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A partir daquele dia, Sakusa entrou novamente numa rotina com Atsumu.

Ele e Atsumu estudaram muitas possíveis combinações entre suas magias com a orbe. A maioria os fazia agradecer terem o objeto consigo, porque parecia desastroso até demais.

Sakusa pensou sobre isso naquele dia. Estava aquele tipo de frio que sugava sua vontade de fazer outra coisa senão ficar de preguiça. Sakusa se perguntou se eles teriam outro "dia de nada". Ele estava ansioso por um desses.

O estresse das tentativas falhas estavam o fazendo içar a bandeira branca, pedir tempo e recalcular uma estratégia diferete. Da última vez que tentaram juntar suas magias, mesmo que na forma mais básica possível, apenas fazendo-as conviver em seu estado normal, havia gerado faíscas. Havia algo de errado, e Sakusa culpou os experimentos, a princípio, até ele pensar em outra coisa.

Talvez houvesse algo de errado entre os dois. Sakusa não tinha a maior inteligência emocional do mundo, mas ele também conhecia Atsumu, e sabia quando estava agindo estranho. Mas ele imaginou que era algo pequeno, porque o príncipe não falou consigo sobre. Mas se não fosse... ele gostaria que o príncipe se sentisse confortável para conversar com ele.

Talvez isso seja um pouco demais, ele pensou ao ver as velas perto da comida em cima da cama. Ele queria fazer algo legal para Atsumu, queria que ele se sentisse bem.

Sakusa se preparou para embrulhar tudo e jogar fora quando Atsumu entrou no quarto.

- Omi? - Ele chamou, e Sakusa derreteu.

Ele ficou quieto e esperou Atsumu se aproximar.

- Isso é pra mim? - Atsumu sorriu para ele e colocou uma mão em sua cintura.

Sakusa se sentiu um pouco culpado, mas ele tinha um objetivo. Ele se afastou um pouco e olhou o príncipe nos olhos.

- Você está estranho. Quero ajudar. - Ele falou, como um alienígena que tinha acabado de aprender a língua humana.

Atsumu arregalou os olhos e abriu a boca. Então riu.

- Estou bem, Omi... - Ele começou.

- Não. - Sakusa imediatamente interrompeu. Ele balançou a cabeça. - Quero dizer, tudo bem se você não quer falar, mas não finja que está tudo bem. É... importante curar as feridas do coração, lembra?

Aquilo pareceu ter mexido com Atsumu, de uma forma que Sakusa não compreendia totalmente. Ele sentou na beira da cama e observou a comida sobre a mesa ao lado. Sua bagunça pessoal tinha sido organizada e guardada em seu devido lugar. Não que Atsumu não pudesse apenas pedir para que limpassem seu quarto, mas ele nunca sentiu que outra pessoa poderia ter a liberdade de mexer em suas coisas. Até que houve uma pessoa, e ele estava feliz por isso. Uma onda de culpa passou pelo príncipe, que a engoliu como se fosse uma rocha entalada em sua garganta.

- Vinho? - Ele deu um sorriso de lado.

Sakusa sentiu as bochechas esquentarem, mas não perdeu a compostura. Atsumu serviu duas taças e virou de uma vez a sua.

- Tem algo que Osamu não está me contando. - Ele finalmente olhou para Sakusa. - Ele com certeza se acha um gênio ardiloso, mas nunca funcionou comigo. Eu só sei que tem algo errado.

Mágoa brilhou em seus olhos e ele bebeu mais vinho.

- Acho que não posso fazer um jantar para ele me contar. - Ele acrescentou em tom de brincadeira.

Sakusa colocou as mãos na cintura, apenas se contendo em não reclamar porque Atsumu estava finalmente se abrindo.

- A princípio, eu só notei porque fui falar com ele sobre sua viagem. Osamu estava me estressando e fui embora antes de pedir. - Atsumu titubeou, um tanto envergonhado por não cumprir o que dissera. Sakusa estava pronto para estapeá-lo por achar que ele ficaria irritado por disso. - Acho que é isso. Não queria que você se preocupasse, nem que as coisas ficassem estranhas entre nós. - Ele deitou para trás e colocou o outro braço em cima dos olhos, pensando em como fracassou em todas as coisas. - Desculpe.

Acordei em um jogo otome mesmo sendo homem!Onde histórias criam vida. Descubra agora