Sakusa poderia amaldiçoar a própria sorte, ou as próprias escolhas, ou aqueles deuses que talvez olhassem para ele, mas fazer isso não o iria tirar de sua... situação.
Atsumu foi rápido ao pegar sua mão e fugir para a esquerda, de encontro a um muro. Sakusa quis choramingar ao ver que aquela era realmente sua única escolha, mas fez conforme deduziu e subiu.
Sentindo seus músculos e tendões reclamarem, se impulsionou naquela estrutura cheia de musgo e coisas não-identificadas. Fora um milagre ele não ter escorregado naquelas coisas. Ele deixou para se enojar quando estivessem a salvo.
Sakusa se sentou no telhado do prédio encostado no muro e se inclinou para puxar o príncipe para cima, o ajudando a escalar da forma que podia. Atsumu estava quase no topo quando seu ombro rugiu em dor. Alguém havia atirado uma faca, que passou rasgando um pedaço de sua pele.
– Porra! – Ele xingou e colocou a mão sobre o ombro, sentindo o sangue quente manchar seu manto.
Mas Atsumu conseguira subir o muro e Sakusa não se permitiu prestar atenção em nada além de sair dali.
– Ali! – Apontou o príncipe rapidamente para a varanda daquela construção.
Sakusa engoliu o medo, abraçando o desespero que sentiu ao ver outra adaga ser jogada, errando por pouco o príncipe, e a ponta de uma cabeça aparecer no muro. Atsumu segurou sua mão e o ajudou a descer do telhado para a varanda.
– Não use magia agora, é muito arriscado. – Ele sussurrou de forma ofegante.
Sakusa sentiu uma pontada de alívio com isso, porque isso significava que eles tinham chances de sair dali sem mesmo magia, não é? A magia, mesmo que poderosa, não poderia ser uma muleta para ele. Sakusa viveu sua vida inteira sem ela, correr de uns bandidos sem usar suas vantagens era possível. Não é?
Descer da varanda da construção até a rua fora demorado, mas valeu a pena. Eles agora corriam pelo lugar mal iluminado, sem ter a certeza do quanto haviam despistado os caçadores de recompensa.
Atsumu o guiou pelas ruas, decidido, como se soubesse onde ir, os sons de armas e corrida os perseguindo por cada rua que dobravam e corriam. Sakusa aproveitou o momento para esconder o ferimento, desejando não causar preocupação desnecessária.
De repente, em vez de seguir o caminho, Atsumu se escorou em parede e colocou um dedo sobre sua boca, pedindo silêncio. Sakusa não questionou e deixou ser puxado pelo outro junto a parede. Atsumu deu três batidas com os nós dos dedos nos tijolos que um dia foram inteiros e pintados.
Os passos de corrida ficaram mais altos, mas antes que tivessem sua posição revelada, a parede na qual estavam encostados os engoliu. Sakusa segurou um xingamento e só não caiu para trás porque o príncipe já estava lá e o segurou firme contra seu corpo.
Sakusa piscou, e quando abriu os olhos olhava para uma parede inteira de novo.
– A senha. – Uma voz soou atrás dos dois.
Sakusa se retesou e virou lentamente, avaliando o local com cuidado. A parede da qual passaram era real, encoberta com uma tinta de cor clara e bem feita, com algumas inscrições desenhadas no canto. Um feitiço, e provavelmente era um de intangibilidade ou algo do tipo, bem mascarado ao ponto de passar despercebido por todos.
O cubículo onde estavam não tinha nada além de um balcão com uma pessoa usando uma máscara de tigre e outra parede com escritas atrás dela.
– A. Senha. – A voz feminina repetiu pausadamente.
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Acordei em um jogo otome mesmo sendo homem!
FanfictionJogos Otome... tão famosos entre as jovens! Aqueles em que você escolhe seu par romântico e se aventura em um mundo de fantasia! Kiyoomi Sakusa nunca foi especialmente interessado neles, apenas jogava um com sua irmã mais nova. O que ele não sabia...