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Sakusa acordou com mais preguiça do que tinha planejado.

Quem diria que ter um motivo para ficar na cama era realmente tentador. Em seu antigo dormitório, continuar deitado era ficar olhando para o teto com seus próprios pensamentos, e ele passava, muito obrigado.

Agora, podia continuar enrolado em Atsumu, em seu calor e cheiro. Ele não precisava pensar, só sentir a companhia do príncipe o trazer felicidade. A tentação era grande, mas seu senso de dever era maior, então rastejou até o armário do príncipe e pegou uma muda do uniforme e foi ao banheiro.

Após se banhar e trocar por inteiro, ajoelhou-se ao lado de onde Atsumu dormia. Suas feições estavam tão plenas e despreocupadas. A paz do príncipe dormindo o contagiou, e Sakusa despejou um leve beijo em sua testa antes de se levantar. Ao virar as costas, sentiu sua roupa ser agarrada.

  Atsumu resmungou, mas manteve os olhos fechados, meio dormindo meio acordado.

– Vou para o treino agora. Durma, amor. – Sakusa se aproximou novamente e o deu um leve selinho.

Atsumu sorriu e soltou sua roupa, voltando a dormir. Ao sair do quarto, Sakusa estava de cabeça erguida, confiante.

O campo estava diferente do comum. Não a arquitetura em si, mas a distribuição dos alunos. Eles formaram um meio círculo, alguns fazendo alongamentos, outros rodando o local. Todos pareciam ansiosos.

– Ei, Sakusa! – Tanaka o chamou de um lado.

Sakusa acenou e se aproximou.

– O que está havendo?

– Hoje vamos lutar! – Tanaka estava animado demais para um treino que eles costumavam ter.

– Ainda não arrumaram os bonecos? – Sakusa procurou pelos bonecos de treino que usavam para praticar, mas o campo estava completamente plano.

– Sem bonecos hoje. Vocês vão lutar uns contra os outros. – Ukai apareceu de repente, acompanhado por uma equipe de pessoas usando branco.

Yachi estava entre elas, e acenou levemente para Sakusa.

– Com uma equipe de enfermeiros aqui, vocês não precisam ter medo de se machucar. – Ukai falou, simplesmente. – Vamos formar as duplas.

O treinador pegou uma prancheta e começou a falar nomes. Yachi se aproximou.

– Não sei o que ele tem na cabeça. – Ela comentou. – Mas trato é trato.

Sakusa deu a ela um olhar de canto de olho.

– O que foi? – Ela fingiu não ter falado nada estranho.

Depois de um segundo, Yachi bufou, anunciando a vitória do silêncio de Sakusa.

– Ukai concordou em ajudar ontem em troca da nossa ajuda hoje. Ele vem pedindo para que a equipe monitorasse um treino e nós sempre dissemos que não tínhamos tempo, mas agora... – Ela colocou as mãos na cintura. – É um mal necessário. Além disso, não tem como algo muito ruim acontecer.

Antes que Sakusa pudesse responder, Ukai berrou.

— Kiyoomi Sakusa e... – Ele leu de novo o que estava em sua prancheta. – Tobio Kageyama.

Todos ficaram em silêncio. Sakusa sentiu uma antecipação gelada subir por suas veias. Ele não estava com medo, estava ansioso pela luta.

Ao trocar um olhar com Kageyama, viu que seu oponente pensava o mesmo.

– Kageyamaaa, cuidado para não levar a coça da sua vida, ouviu? – Hinata o cutucou, interrompendo a tensa troca de olhares.

– Cala a boca! – Ele grunhiu. – Sakusa não vai ganhar. Ele pode ter subido mais rápido do que qualquer um, mas, bem...

Acordei em um jogo otome mesmo sendo homem!Onde histórias criam vida. Descubra agora