XXXI

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- Como saberemos que ele não está mentindo? - Sakusa iniciou o debate após escutar o plano de Atsumu. Não que ele tivesse motivos para desconfiar do mordomo, mas o príncipe parecia tão convencido sobre isso que Sakusa sentiu necessidade de recuar.

- Eu confio em Kenma. - Atsumu gesticulou. Sakusa estava prestes a reclamar quando ele continuou - Mas eu sei que isso não é garantia.

Atsumu deu um sorriso como se dissesse que ele sempre sabe o que fazer e era o mais esperto de todos. Sakusa teve um momento de apreensão por ser essa pessoa por quem ele era apaixonado.

- Faremos um acordo por intermédio da magia natural. - O sorriso do príncipe poderia parecer um tanto insano para os olhos de fora.

As sobrancelhas de Sakusa se uniram e seu cérebro começou trabalhar, tentando entender como Atsumu faria aquilo.

- Isso... como isso funciona?

- Caso algum lado minta, a magia avança. - Atsumu explicou, como se não estivesse falando nenhum absurdo. - Não é uma prática comum, por motivos óbvios, mas estaremos aqui caso ocorra algum imprevisto.

Ele estava fazendo um notável esforço para fazer parecer que ele não tinha praticamente inventado o feitiço sozinho. O príncipe abertamente tinha começado a se sentir confortável em explorar mais a magia natural e seus mistérios depois do dia no submundo. Sakusa apenas o olhava de lado e o dizia para ter cuidado, e era respondido com um simples "Você vai me proteger se der errado, não é, Omi?".

Sakusa se perguntou onde ele tinha errado para Atsumu ter se tornado tão folgado.

- Além disso, Kenma não vai mentir. - Atsumu sorriu, certo. Ninguém podia ir contra uma convicção vinda de um relacionamento de anos.

Sakusa acenou brevemente e leu as anotações do feitiço que fariam. Mesmo havendo muitas palavras riscadas e rasuras pelas folhas do caderno de couro, o conteúdo era... muito bom. Não que Sakusa fosse o maior entendido do assunto, mas sua presunção aumentava cada vez mais devido sua afinidade à magia natural. Ver a união de diversas fontes, arcaicas e com muitos erros pela oralidade de antigamente, num feitiço real, o fez lembrar-se de quem era o experiente ali.

Houve um tilintar. O feitiço estava pronto.

Sakusa contraiu a mandíbula, tenso. Mas não houveram reviravoltas nem explosões, realmente tinha dado certo.

- Presumo que esteja tudo pronto. - Uma voz soou da porta.

- Entre, Kenma. Vamos começar as perguntas agora mesmo. - Atsumu estava animado. Sakusa não conseguiu dizer o porquê disso parecer ruim. - Então, Kuroo tem a nossa idade?

Sakusa tentou fisgar alguma reação do mordomo, mas Kenma parecia como sempre. Cansado, mas tranquilo.

- Não muito mais que trinta. Se os príncipes estavam em sua adolescência quando o antigo ditador caiu, Kuroo tinha recém chegado a maioridade. Se me permitem. - Após dizer a última frase, Kenma se sentou em uma das cadeiras ali presentes, provavelmente deduzindo que as perguntas levariam tempo.

Atsumu não viu problema em seguir seu exemplo, puxando outra para ficar próxima. Sakusa ficou um tanto desconcentrado. Eles não exatamente escondiam nada, e praticamente andavam juntos a maior parte do tempo, mas mostrar sua intimidade na frente de outra pessoa... Sakusa deu um olhar furtivo para a expressão de Kenma, buscando sua reação. O mordomo estava sereno como sempre, portando um pequeno sorriso estratégico para confortá-los. Sakusa não precisou pensar a fundo, porque Atsumu começou a falar:

- Onde se conheceram? - Uma pergunta simples e que marcava um início. Sakusa balançou a cabeça levemente em concordância, aquela era uma das que eles já tinham preparado.

Acordei em um jogo otome mesmo sendo homem!Onde histórias criam vida. Descubra agora