XXVII

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 Osamu Miya, o príncipe herdeiro de Lovellin, não conseguia se acalmar.

– Vossa Alteza... – O mensageiro de sardas começou, nervoso.

– Silêncio. – Osamu interrompeu. O mensageiro ficou pálido.

 O primeiro príncipe passou as mãos pelo seu rosto, aflito.

– Eles querem... se acham no direito de convocar uma reunião conosco?

 A raiva em suas palavras era palpável. O mensageiro abriu e fechou a boca algumas vezes em busca de um resposta.

– Vossa Alteza, acalme-se, por favor. – Uma das únicas pessoas que poderia falar com o príncipe dessa forma se levantou.

 Kenma, mordomo da família real há mais de dez anos, se aproximou.

– A carta não é nada demais. Podemos aproveitar que eles estão sendo amistosos e cooperar antes que comecem a ameaçar...

– Não. – Osamu negou, absoluto, e o mordomo suspirou.

– Então vamos apenas ignorá-la. – Kenma, graças aos Criadores, estava tentando ser racional.

Atsumu não vai ignorá-la. – Osamu retrucou.

 O mordomo não tinha resposta para aquilo, pois era verdade.

– Vamos por fim àquele lugar de uma vez. – O capitão da guarda Ushijima não entendia por que toleravam algo como aquele submundo. – Se começarmos a mobilizar tropas hoje...

– Não. – Osamu o cortou.

 Ushijima não insistiu, não só por respeito, mas porque aquele assunto em específico nunca dava margem para argumentos com os príncipes. O capitão não era burro, ele sabia que havia algo que eles escondiam sobre o submundo, mas ele também tinha fé o suficiente na gestão dos Miya para acreditar que não havia motivos para se preocupar. Se eles não falavam, tinha um motivo, e seria sempre visando ao melhor para o povo do Leste.

 Se um dia ele desconfiasse que não era, bem... as coisas ficariam ruins.

 Osamu dispensou o mensageiro e suspirou, tomando uma decisão.

– Não iremos nos encontrar com aqueles... "chefes" do submundo. Nem revelar qualquer coisa sobre Sakusa para eles.

– Não há garantia de que eles estavam falando sobre o portador da luz quando disseram que havia um homem poderoso por lá uma semana atrás. – Kenma tentou.

 Ushijima apertou os olhos para ele.

– Quem mais seria? Não vamos ser inocentes aqui. Temos que aproveitar que eles ainda não sabem da identidade dele e investigar antes de entrarmos em contato com eles.

 Osamu pensou por um segundo, então concordou, mas o mordomo franziu o cenho.

Caso isso seja verdade, as intenções deles estão claras, eles obviamente querem raptar o portador da luz e manipular seu poder, não há o que investigar. – Ele argumentou, confuso.

– Kenma, não é assim que o alto submundo funciona. Se fossem meros mercadores, talvez sim, mas as ambições dos que comandam aquele lugar não são tão simples. – Osamu articulou, com mais compaixão pela falta de entendimento do outro do que com raiva por ter sido questionado.

 Kenma se calou, reconhecendo sua ignorância sobre o assunto.

 Assunto encerrado, então. Ushijima estava pronto para sair da sala quando Osamu completou:

Acordei em um jogo otome mesmo sendo homem!Onde histórias criam vida. Descubra agora