BESTIAL

rascunho 3

Está prestes a bater na porta da sua aspirante aluna, no dormitório feminino, até um homem enorme atravessar a porta vizinha quase nu; simplesmente, jogado porta a fora, seguido por suas roupas: primeiro a camisa, jogada em seu rosto; depois o jeans, batendo forte em seu abdômen, tilintando com o barulho da fivela do cinto. Por um triz não alcança suas partes baixas.
'Seria um desastre e um grande desperdício. Não se deve estragar um bom equipamento. Pois o que não serve pra uma, serve para as outras. Com certeza!'
Tendo em vista que o homem alisa a área atingida pela fivela de aparência média, porém pesada. A calça atinge o chão num baque metálico, enquanto a camisa, agarrada antes que caísse, é esmagada pela mão livre dele.
Teria muito a imaginar o que teria feito ele, indo parar num corredor quase nu. Victoria só vislumbra a cena com a mente em branco. E, tanto ela, quanto o homem, que agora parado no meio do corredor, não acredita no evento ocorrente; e se espanta quando "o ser em questão" é o babaca do conselho: Bestial.

Victória ainda remoe sobre o homem a ter feito parecer tola na última reunião, na frente de Justice; Fury e todo o resto do conselho, sem contar os associados dela. Bestial questionou cada método seu exposto para resolver um problema que está dando dor de cabeça a ONE; e é obrigada a admitir que levou tudo aquilo para o coração.
'Quem ele pensa que é, para se meter em seu trabalho?'
Não o perdoou por tentar fazê-la parecer incompetente. Segundo ele, não quer expôr a ex mulher do doutor Kregkor.
'Faça-me o favor... A mulher é a porra da chave que resolveria seus problemas! Mas nãaao... porque tem um homem que quer bancar o defensor das mulheres frágeis. Pffff... tá bom.'
Toda aquela discussão deixou o pessoal da ONE dividido e sensível a idéia de buscar essa fonte de uso como um meio para derrubar o ex doutor da organização. Óbvio que não descartaram a possibilidade, por enquanto; mas está por um fio. Ao que parece, os homens da ONE são grandes defensores do gênero "delicado".
'Ahhh... Pelo amor de tudo que é mais sagrado. Se todos, somente, focassem na vitória do caso...'

__ Seu frouxo!! __ O "apelido carinhoso" é gritado pela fêmea de lingerie, sem cerimônia, que acaba de colocá-lo para fora:
Kit.

O cara está ultrajado pelo que a mulher o chamou. Isso é evidente. 'Convenhamos que é um tanto constrangedor esse... "jeito amoroso"; quanto mais em público'.
Ele avança em direção a mulher, como se fosse tomar uma atitude em relação a isso; mas, para sua total vergonha, Kit lhe bate a porta na cara. A pancada é tão forte que balança o punhado de cabelo emoldurando o seu rosto. Mais um pouquinho e ele perderia o nariz.
Kit o deixa encarando aquela barreira, que ela impôs entre eles. Bastou dois segundos para ouvir o rosnado aborrecido do cara ressoar por todo o corredor.
Em estado de graça, Victoria não deixa de notar toda aquela estrutura monumental, apesar das circunstâncias; ou melhor, por causa das circunstâncias.
'Porque o cara pode ser um idiota, mas seu corpo... era a personificação escultural de Adonis'.
Enfim, a percebe nas cercanias e a fuzila com humor de morte.
'Parece que hoje o mar não está para peixes'.
Pode ser que, quando é flagrada observando-o, seus olhos estivessem "um pouco" abaixo da linha do pescoço, vagando, em seções, por lugares um tanto além... não tinha certeza. E, talvez..., e só talvez, Victoria tenha notado todos aqueles gominhos em seu abdômen, juntamente, com a forma da sua cueca boxer o vestir tão bem. Muito bem, por sinal.
Ele arranca o jeans do chão e o veste com tamanha agressividade, que é uma beleza que a peça não se desintegre; depois, a camisa ganha lugar naquele corpo; por fim, se dá conta que faltam os sapatos.

__ Meus sapatos!! __ rosna para porta.

__ Joguei pela janela! __ a resposta vem do outro lado.

Ele dá um olhar de desdém para Victoria, antes de se virar em direção oposta do corredor.
Aquela atitude a ofende e, por alguma absurda razão, sente necessidade de provoca-lo: