CAPÍTULO DEZ

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Ainda na sala de reuniões, o sente atrás dela, quando guia seus passos para fora. Assusta-se prestes a chegar a porta; o ruído, um rosnado baixo, a faz estacar e olha-lo sobre o ombro. Bestial é pura inocência, o rosto em branco. Olhando a volta, todos também estão o olha-lo. Se abstém de perguntar o que aconteceu e reinicia os passos para um local privativo para uma conversinha breve.
O corredor é uma extensão comprida, de dois metros e meio de largura, coberto de piso anti aderente em pedra escura bem encerada e paredes claras, excepcionalmente limpos.
Até aí, tudo bem...
Ela desfila nos passos, pé ante pé, em saltos agulha azuis marinho de bolinhas vermelhas, exageradamente caros.
Passa pela porta, a direita do corredor, ao ser puxada pelo braço.

__ UOoof...

Retrocede para a porta que foi aberta e, agora, fechada, com ela dentro.

__ Seu idiota! Enlouqueceu?!

Ela grunhe no espaço que estão fechados.
Se inteira do lugar ao esbarrar no balde. Toma nota de vassouras e pá num espaço micro, de prateleiras compostas de flanelas; garrafas de desinfetantes; limpa vidros e outros materiais de limpeza. Uma luz foi acionada automaticamente com a abertura da porta.
Eles estão fechados num almoxarifado. Não. Nem chega a tanto. Aquilo é um pequeno armário de limpeza.

__ Acho que podemos conversar. __ ele informa muito perto.

Não era o tipo de lugar que imaginou exigir que parasse de atormenta-la durante a madrugada.
Teria cuidado no tom para não bancar a ressentida. Afinal, ele não deu nenhuma explicação por não ligar.
Sua mente a acusa, porque sim, está muito ressentida.
'Quem ele pensa que é?! O que ele pensa que sou?!'

__ Bem ... __ ela começa.

Ele está de olhos fitos nela. Esse tipo de atenção e proximidade a deixa decomposta.

__ Você poderia ... Han (pigarreia)... Poderia parar?

__ Parar o quê?

__ De fazer isso.

__ Isso o quê?

Ela perde a paciência: __ De me olhar assim!

__ Você quer que eu pare de olhar pra você?

E, de repente, a luz se apaga, deixando-os no breu total.
'Que legal! Iluminação com temporizador. Muito propício. Devia ter imaginado...'

__ Creio que assim está melhor. Não posso mais olhar pra você. __ comenta ele.

Ao ouvi-lo, olha para cima. Os olhos dele são dois pontos luminosos.
'Awnt ... Minha nossa! Isso é ... Realmente incrível'
A luminosidade na escuridão total é encantadora e perturbadora também.
Vic aciona o flash do celular, pensando no pedido tolo que fez a ele.
Ela odeia sentir-se tola.
Faz desaparecer a tremenda escuridão com uma leve sacudida no aparelho, que resolve o caso num instante.

__ Raxzzz...

Ele grunhe, quando o flash acerta em cheio os olhos.

__ Desculpe.

Ela desvia, imediatamente, a luz para baixo e pega uma visão inesperada.

__ Ohhh... hohoh. __ espantosamente, tem o péssimo senso de rir de um cara desse tamanho, excitado e preso num lugar minúsculo com ela.

Afastando-se, mais uma vez, se depara com prateleiras a bloquear sua fuga.

__ Já te disse que isso não vai mais acontecer.

__ Acontecer o quê?

__ Isso!

No rompante da ação de apontar a luz do celular para a muito visível ereção, a luz pisca algumas vezes no som de clicks.

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