CAPÍTULO VINTE E CINCO

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Bestial continua levando as refeições; Vic, mesmo escondida, assiste sua chegada e partida da janela, entre a brecha da cortina; não pergunta para Luna quem as trouxe, quando esta entra; Luna também não diz quem o fez; apenas ajeita as comidas nos pratos e as serve.
Sua barriga cresce rápido. Desponta com apenas dois meses; suas noites é alisar o local, onde guarda o seu neném, até dormir; ou olhar-se no espelho do banheiro e do quarto, de frente e perfil, todas as manhãs. Nunca pensou que pudesse voltar a ser mãe; achou que Mark tivesse quebrado isso dentro dela. Sinceramente, imaginou uma possibilidade perdida, desde o ginásio da escola, depois do que aconteceu, há tanto tempo trás. E, por mais que não diga a ninguém, teve medo de tentar e descobrir que não poderia mais, depois do aborto no banheiro de sua antiga casa; assim, não consegue deixar de admirar-se por estar grávida. Sua barriga só cresce e cresce.
'Santo céu! Serei uma mamãe!'
Agora, na mesa, adiante da sua refeição, chega a pensar que uma boa mãe não deixaria seu filho nascer e crescer sem o pai, que o quer tanto.
Por mais armada e revoltada com o que aconteceu com Mark; não é igual com Bestial. Nunca foi; e nunca seria, de acordo com tudo o que ouviu de Joy.
'Então por que não consigo me aproximar e dizer o quanto preciso dele para cuidar do bebê e de mim também?'

__ Não gosta da comida? __ Luna lhe pergunta.

Arrancada dos pensamentos, Vic une as palavras de Luna até fazerem sentido; e quando acontece, ela responde:

__ Claro que não!... Digo, claro que sim. O cheiro está ótimo; e minha barriga está roncando tão alto, que se não comer logo, vão me expulsar daqui por excesso de barulho.

Demora um momento, para que a outra mulher comece a rir. E agora está rugindo e segurando a barriga, enquanto se sacode na gargalhada.

__ Você é muito engraçada, Vic. __ diz Luna, quando consegue uma oportunidade. __ Agora, vamos comer.

Vic olha surpresa a mulher Espécie dar sua primeira garfada na refeição.
Ao notar-se observada, pergunta:

__ O que foi?

__ Nada. Mas acho que é a primeira vez que me chama de Vic.

__ Hmmm...
__ Joy vem hoje?

Vic, infelizmente, é obrigada admitir que adora conversar com a psicóloga da ONE; as coisas na Organização, de fato são diferentes do mundo lá fora. Embora muita resistente no início, conseguiu rir; se entristecer e conversar de coisas cotidianas.
É de se ponderar que seus preconceitos com uma consulta psicológica tivesse algo a ver com que costumava a ouvir a respeito. Foi bom ter uma troca com Joy. Ela é aberta para qualquer assunto; expressa opiniões sinceras, apesar de estar mais disposta a ouvir o "paciente". Joy até admitiu que seria capaz de matar quem tentasse fazer mal a qualquer Espécie.
Certo, isso deveria deixa-la receosa por está conversando com uma aspirante assassina. Mas sua empatia, ao ouvir de Luna alguns fatos ocorridos com Espécies na maldita Indústria Mercile; Joy observou os relatos, sem interromper. Vic soube que muitas coisas a psicóloga devia estar a par, mas por ética profissional manteve-se em silêncio. Contudo, pareceu pior ouvir de quem foi vítima. E, longe de toda hipocrisia, a fez admitir em seu íntimo que teria a mesma capacidade de cometer um crime, sem piscar. Categoricamente, na sua primeira sessão, Luna presente explicou alguns episódios de maldade sofridos por alguns em cativeiro, que lhe doeu o coração; quis ir atrás de Bestial e abraça-lo; e só para complicar seu estado de espírito, fez com que aumentasse a paixão que sente por ele; embora ainda tivesse dificuldade de ir atrás dele para se desculpar e tê-lo de volta ...
'Senhor, pode só fazê-lo voltar e pedir que eu fique com ele?'; mentalmente, Vic faz uma prece.

__ Ainda quer essa carne?

Descaradamente, Luna aponta o garfo aos dois grandes filés no prato de Vic.
Vic apenas a olha feio.

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