CAPÍTULO VINTE E TRÊS

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__ Estou cismado...

Informa Tiger, depois de entrar na sala de escritório; e ficar de olho em Bestial; enquanto este finge não notar o macho, em análise minuciosa na contabilidade, entrada e saída dos fornecimentos e ativos, no computador.

__ Uhm... __ Essa é a resposta de Bestial.

__ Você chega cedo. Sai tarde ... Preciso me preocupar, Bestial?

__ E por que deveria?

__ Porque tem uma fêmea grávida na sua cabana e você não está surtando, como qualquer outro macho faria.

__ Ela já disse que não é minha fêmea. Então também não sou o macho dela. Só quero a criança.

Depois de minutos em silêncio, Tiger responde:

__ Sei.

Bestial, por sua vez, segue teclando, sem desperdiçar sequer um olhar para o abelhudo, que traz sua presença para sonda-lo.
Isso irrita Bestial, mas não daria o prazer ao outro macho de saber.

__ É só isso? Ou tem algo em que posso realmente ajudar?

__ Não ... Só fiquei um pouco curioso. __ Tiger confessa.

__ Um pouco. __ Repete Bestial murmurando.

__ Sim, um pouco. Sabe o quê, você tem razão; isso é idiota. Preciso voltar ao trabalho.

__ Então vá de uma vez.

__ Sim. Sim. É claro.

Com o sorriso largo, que mostra todos os dentes, Tiger se despede.
Bestial resfolega, com o macho fora dali.
Assim, continua o trabalho ...

São dezenove horas, marca no digital de mesa. Bestial prepara suas coisas para terminar o expediente, como todos os dias, desde que chegou; assim, segue para a saída. Não há ninguém no prédio administrativo da Reserva. Exarcebara seu tempo de trabalho com o único propósito: não enlouquecer. Salvo a ronda dos oficiais de segurança, não há mais ninguém trabalhando a essa hora.
A corrida ao alojamento masculino é para sua higiene e alimentação.
Perto das 23:39, de roupas pretas e cabelo preso num coque frouxo, Bestial está fora do alojamento masculino, onde atualmente passa suas noites.
Ele espreita sebes e moitas; pula o primeiro muro; se pendura na grade da varanda e se aproveita do sono profundo de quem veio velar.
É uma questão de pegar o canivete e coloca-lo na estreita fresta; abrir o trinco e ...
'Voilà!'
O quarto escuro, limita a visão de um humano comum; para Bestial, é claro o formato feminino sob a coberta.
Como vem fazendo há quase uma semana, vai até a fêmea; ajoelha-se ao lado da cama e cheira o perfume natural da sua fêmea. A barriga está maior. E essa noite, como nas anteriores, ele demonstra tal fascínio por àquela que ressona despreocupada.

__ Durma tranquila, minha fêmea. __ sussurra. __ Eu cuido de você e do nosso bebê.

Então cheira o cabelo curto, na altura do queixo; o maxilar delineadamente delicado; e já não consegue viver sem isso. Vai a barriga e a toca, de leve, com os dedos, dando boas vindas ao filho não nascido.
O ruído leve o faz virar, imediatamente.
Distraído e muito afoito para ver sua fêmea, não notara a presença da Espécie sentada no canto mais escuro do quarto, que balança uma perna por sobre a outra.
Luna estivera ali a espreita, tão silenciosa, quanto os seus próprios movimentos para entrar no quarto e obter um momento com a advogada.
Bestial mostra os dentes para fêmea sentada ali.
Num movimento relaxado, Luna cria um espaço entre o indicador e o polegar, para descansar o rosto, num estado contemplativo.

__ Fiquei imaginando como a janela se abre durante a noite. __ Indaga ausente.

Um misto de sentimentos passa tão rápido por Bestial naquele instante: saudade; desejo; raiva; desespero e medo.
Luna se levanta, vai até ele e o pega pelo braço, para arrasta-lo para fora do quarto.
Quando feito, fecha a porta devagar. Então vira-se para o macho invasor.

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