O EVENTO II

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- Você e a Carol estão namorando?! - perguntou simplesmente fazendo eu me soltar de Caroline num solavanco.

- Não! Não! Está maluca, filha?! E-eu, nós, ela... Bem, não é nada disso que você está pensando... Nós só... Só... - me enrolei toda e olhei para Caroline que tinha um olhar tão mas tão triste, um misto de decepção com incredulidade e foi ali que eu soube que não estava pronta para aquela situação. - Somos apenas amigas, filha.

- Mas eu vi vocês se beijando, eu não sou criança, eu sei o que isso significa.

- Vivi... - me abaixei para olha-la mais de perto, por favor, isso é coisa de adulto, eu estou carente, aconteceu, mas não foi nada demais, por favor, por favor, não conta pra Letícia, ok? Ela vai ficar chateada com a gente e não tem motivo pra isso, isso nunca mais vai se repetir.

Vivian ficou olhando para Caroline muito intrigada, sem olhar pra mim, apenas tentando entender o motivo de nós duas estarmos tendo reações muito diferentes eu imaginei.

- Você gosta da mamãe, não é Carol?!

Eu apenas olhei para Caroline quase chorando, meu olhar suplicando para que ela me ajudasse naquela situação, eu estava desesperada e não sabia direito como agir. Vi em seus olhos marejados a força que ela estava fazendo para mentir, algo que era contra todos os princípios daquela mulher: mentir, esconder sobre seus sentimentos. Ela era a mulher que mais tinha orgulho da firmeza e clareza que ela tratava tudo em sua vida. Eu sabia o que estava pedindo a ela e meu peito estava do tamanho de uma ervilha porque eu sabia que aquilo ali estava sendo muito, muito difícil pra ela e eu não saberia se ela iria conseguir.

- Gosto, Vivi... - disse já derramando uma lágrima, fazendo meus ombros despencaram do corpo - gosto, mas como a sua mãe disse, estávamos aqui conversando e acabou acontecendo, mas não vai mesmo se repetir, então por favor, eu também te peço para que não diga nada pra Letícia, eu tenho medo de perder vocês... - as lágrimas agora caíam grossas por sua face.

Vivian foi, imediatamente, até ela e a abraçou.

- Eu não vou dizer nada, não fica triste... Eu sei que você gosta dela, senão não estaria chorando, mas a mamãe é assim mesmo, ela não sabe gostar, a mamãe que fez isso com ela, não fica chateada não, está bem? Ela está meio morta por dentro, a Lelê sempre diz isso e agora eu entendo o que ela quer dizer com isso... - vem - puxou Caroline pela mão - vamos brincar, deixa a mamãe pensando sobre o que aconteceu, eu vou cuidar de você.

Dizendo isso ela levou Caroline embora, eu tentei olhar para ela, queria dizer algo, mas ela não olhou para mim, apenas foi junto com Vivian e eu fiquei sozinha com todas as merdas dentro de mim, um misto de ódio de mim mesma por ser tão fraca, um pavor de perder Caroline mas, acima de tudo, culpa por ter deixado que ela ficasse exposta completamente sozinha... Será que minhas filhas estavam certas? Eu estava morta por dentro? Será que tudo que eu vinha sentindo por aquela mulher não passava de carência?! Eu estava perdida, nocauteada e perdida.

Durante a festa ela não olhou mais pra mim nenhuma vez sequer e eu sabia que ela estava com raiva de mim, que no momento em que ficassemos sozinhas ela iria, no mínimo, me bater enquanto me xingava, eu acreditava naquilo, mas não houve nada disso, Caroline ficou grudada em Vivian o resto da noite até finalizar os parabéns, quando a vi se despedir do pessoal e ir para fora da casa, me apressei em segui-la, nós precisávamos conversar.

- Carol, espera! - chamei inutilmente vendo-a ir ainda mais rápido para o portão. - Carol! Precisamos conversar! - consegui alcança-la e a segurei pelo braço, fazendo-a virar para mim.

- Não temos mais nada pra conversar, Dayane. - foi só o que ela disse e, ao contrário do que eu esperava, não tinha um pingo de raiva ali, só tristeza... E aquilo me quebrou em mil pedaços.

Nua (G!P) Onde histórias criam vida. Descubra agora