EM FAMÍLIA

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Ouvi a porta do meu quarto abrir e levantei os olhos do meu livro pra ver qual das minhas duas filhas estava me procurando.

— O que houve, filha? — fechei o livro e me sentei na cama assim que vi os olhos vermelhos da minha filha mais nova.

Ela se sentou ao meu lado mas logo deitou sua cabeça nas minhas pernas e voltou a chorar.
— Desculpa te incomodar com isso mãe, mas eu sinto tanta falta da mamãe...

Uma raiva violenta me invadia toda vez que via minhas filhas sofrerem por causa de Stela, mas sempre me esforcei pra não transparecer pra elas.

— Filha, tá tudo bem... Você não precisa se sentir mal em conversar sobre isso, você sabe que pode falar de qualquer coisa comigo e isso inclui a sua mãe, lógico.

Fazia carinho em seus cabelos enquanto olhava para o teto me concentrando em secar meus olhos antes que as lágrimas tomassem conta de mim.

— Eu não entendo, mãe... Como ela pôde... Tem algo errado comigo?

Naquele instante eu a levantei do meu colo obrigando-a a me encarar.

— Vivian, presta atenção — eu segurei em seus ombros tentando controlar minha força — não tem absolutamente NADA de errado com você. A sua mãe teve os motivos dela pra fazer o que fez, coisas que talvez só faça sentido pra ela mesma, mas ela ama você e sua irmã, eu tenho certeza. Do jeito torto dela, mas ela ama. Você nunca mais diga um absurdo desses, você tá me ouvindo?

Ela me olhava um pouco assustada, talvez pela agressividade com que disse aquelas palavras, embora eu estivesse tentando não transparecer raiva era quase humanamente impossível aguentar ouvir isso saindo da boca da minha filha inocente que não tinha nenhuma culpa em ter uma mãe tão irresponsável.

— Desculpe, filha... — disse puxando seus ombros pra um abraço — mas eu fico fora de mim quando vejo você sofrendo desse jeito, pensando esse absurdos...

— Eu sei, mãe... Me perdoa...

— Eu te amo, ouviu? Eu tô aqui e nunca vou deixar de estar.

— Palavra de honra, mãe?

— Palavra de honra, filha.


Ela se soltou do meu abraço e me encarou, vi que a tristeza em seus olhos diminuiu um pouco, e com isso, o nó no meu peito também.

— Posso dormir aqui com você hoje?

— Claro que pode, mas vai chamar tua irmã se não a dona ciuminho vai ficar cheia de gracinha amanhã no café, você sabe.

Ela riu do meu comentário antes de sair correndo pra buscar Letícia e o meu coração se encheu de paz novamente.

***

— Eu não tenho mais idade pra deitar com vocês, fala sério, Vivi! — dizia Letícia enquanto Vivian a puxava pelo braço contra sua vontade.

— Vem, Lelê, vem ficar com a gente!

Minha filha mais velha parou na porta do quarto enquanto a mais nova ficava cada vez mais emburrada, até que acabou desistindo.

Nua (G!P) Onde histórias criam vida. Descubra agora