INFERNO

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Notas da autora: já vou avisando que é sofrência, mas tenham paciência que uma hora vai!
Durmam bem, se é que vai dar pra dormir depois disso haha! <3


Foi uma noite infernal. 

Infernal.

Uma angustia alucinante ficou presa na minha garganta durante a madrugada mais longa que eu me lembrava de já ter vivido. Misturei todos os meus fantasmas e eles estavam por toda parte, dentro do meu guarda-roupa, embaixo da minha cama, atrás da cortina, andando no corredor, mexendo na minha maçaneta, uivando na janela, presos no espelho do meu banheiro, me olhando através da fresta da porta, puxando meu cobertor e dizendo coisas no pé do meu ouvido.

Eles estavam por todos os lugares.

Eu estava me sentindo na mais completa escuridão, assombrada por todo aquele maremoto de sentimentos que explodiam em ondas gigantescas dentro de mim numa tempestade épica com chuva torrencial e raios absurdos, eu mal conseguia entender como todo aquele barulho que fazia dentro de mim não estava ecoando por quarteirões, acordando toda a vizinhança. 

Eu andei pelo meu quarto tentando fazer minhas pernas cansarem, mas era inútil, elas ainda estavam com força total querendo me levar contra minha vontade para aquela boate em que Caroline estava e os meus punhos estavam cerrados desejando acertar o queixo de quem quer que estivesse ousando tocar nela. 

Meu corpo simplesmente não me obedecia. 

Logo eu que sempre fui tão racional, como que eu estava a ponto de enlouquecer, de perder a minha cabeça e sair por aí sendo apenas instinto, nenhum cérebro, só coração pulsante que batia tão, mas tão doído que meu peito chegava a doer às vezes.

Eu estava perdida.

Dentro da minha cabeça eu via Caroline dançando com todo aquele charme balançando seu corpo ao som de alguma música provocante enquanto uma mão enorme segurava firme em seu quadril, toda aquela sensualidade e audácia sendo entregue a ele que eu nem tinha ideia se dava o verdadeiro valor para aquilo. Um sorriso safado, a mão dela deslizando pela nuca dele com delicadeza, sua boca tocando a dele, as respirações aceleradas enquanto suas línguas se confundiam buscando entrar em ritmo. Seria o mesmo ritmo que a nossas tinham? 

Inferno! 

Era uma tortura. Uma atrás da outra. As imagens iam se confundindo entre amassos indiscretos na frente de todo mundo com escapadinha para algum cantinho e um sexo rápido e forte do jeito que eu sabia que ela gostava. Beijos doces, juras de amor e ela dormindo tão angelical, totalmente nua, no peito dele até amanhecer. A minha cabeça em uma madrugada foi capaz de escrever duas temporadas de uma série da Netflix com doze episódios de uma hora cada um. 

Eu tentei deitar, mas em menos de cinco minutos eu já havia me virado tanto na cama que fui parar com os pés na cabeceira. Meu colchão parecia ser feito de facas que me furavam inteira. Era assim que eu me sentia: toda furada. 

Levantei e fui tentar tomar uma ducha mas água nenhuma no mundo iria lavar toda a sujeira que eu estava criando dentro da minha mente. Fiquei um tempo com a cabeça embaixo da cascata de água até, algum tempo depois, fechar meus olhos e encostar minha cabeça na parede, sentindo a água morna bater nas minhas costas e foi aí que eu percebi que as gotas de água ainda caíam pelo meu rosto. Eu estava chorando?

Eu estava chorando.

Minha cabeça girava e meu lado racional me acertou como um touro: uma mulher de quase quarenta anos estava chorando por uma crise de ciúmes. Ciúmes de uma menina. Eu não poderia estar mais louca.

Me enrolei no meu roupão e fui até a minha varanda sentindo a brisa já começando a ficar gelada avisando que o verão estava indo embora, não me mexi, não quis me cobrir. Não havia nenhuma forma de eu sentir mais frio do que eu estava sentindo por dentro. Encarei a lua que estava cheia e ainda bem alta no céu indicando que a noite havia apenas começado e que meu inferno seria realmente longo.

Nua (G!P) Onde histórias criam vida. Descubra agora