Quatro semanas haviam se passado desde a última vez que permiti Letícia trazer seus amigos em casa, embora esteja cada vez mais nítido pra ela que há um problema comigo pelo fato de não ter mais deixado que as reuniões, jantares e afins acontecessem aqui em casa como de costume, eu não me importava com isso mais do que com o fato de me sentir tão vulnerável a ponto de cometer uma loucura com uma de suas amigas da faculdade. Àquela altura já estava mais do que claro pra mim o quanto Carol poderia simplesmente desgraçar a minha vida, ou pior, o quanto eu poderia desgraçar a dela.
Talvez o pior fato de todos que eu havia constatado até então era o quanto eu estava pateticamente carente para me interessar, naquele nível, por uma menina.
Ela era só uma menina. E eu, uma velha tarada que mal podia aguentar assistir uma cruzada de pernas.
Argh!Carol parecia ser o tipo de mulher que conhecia perfeitamente todas as armas para destruir uma pessoa aos seus pés ou, talvez, eu estivesse tão sozinha a ponto de ficar completamente rendida por qualquer arminha infantil que ao invés de atirar com balas atirasse um jato de água.
Seja qual fosse o motivo, as ultima semanas eu havia passado assim: pensando nela.
Uma guerra travada com meus instintos e minhas convicções mais moralistas, um questionamento sem fim sobre o que ela me fazia sentir e o que isso poderia representar verdadeiramente. Em meio a tudo isso havia, óbvio, as lembranças de todos os seus toques, de todos aqueles olhares, e todos os absurdos que aquela menina foi capaz de me dizer ao pé do ouvido.
Por que ela sempre arruma um jeito de falar tão perto da minha orelha?!Era um inferno.
O mais quente, escuro e úmido — meu Deus, tão úmido! — inferno.Principalmente quando eu vacilava por um instante minha vigília e as lembranças davam lugar às minhas imaginações perversas em que eu só conseguia parar quando me dava conta do estado do meu membro rígido dentro da minha calça, pedindo por socorro, esmagado e latejando, embalado pelas imagens desesperadoras de estar dentro daquela mulher.
Menina. Ela era só uma menina! Mas que droga, Dayane!Evitei minhas filhas durante as noites porque eu andava sonhando com ela e acordando no mesmo estado em que eu ficava sonhando com ela acordada, ou pior, já que eu dormindo não tinha controle de nada. Nada, absolutamente nada, era capaz de me fazer acordar antes de gozar.
***
Já havia passado da meia noite quando eu saí do banho enrolada num roupão verde musgo enquanto enxugava meus cabelos que nunca estiveram tão compridos e igualmente rebeldes quando secos. Sentei na cama e encostei minhas costas nos travesseiros devidamente posicionados entre a cabeceira de madeira e eu, peguei meu livro dentro da gaveta da mesinha de cabeceira, apaguei a luz do quarto e acendi o abajur deixando meus olhos confortáveis, prontos para ler não mais do que quinze minutos até eu pegar no sono.
Quando eu já estava piscando pesadamente em cima do meu livro ouvi meu celular tocar e meu coração deu uma leve acelerada com o susto. Num movimento involuntário, me estiquei para segurá-lo nas mãos e me deparar com uma chamada de número desconhecido, talvez pelo sono ou pelo susto eu não ponderei direito o quão estranha era aquela situação com uma ligação daquelas naquele horário em plena quarta-feira.
— Alô? — falei apressada.
Tudo que ouvi do outro lado foi uma respiração pesada.
— Alô? — repeti.
A respiração se anunciou mais uma vez com um pouco mais de ênfase e eu me endireitei na cama e esfreguei os olhos tentando analisar melhor o que aquilo dizia, se é que queria dizer alguma coisa.

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Nua (G!P)
FanfictionDayane é uma mulher divorciada que vive totalmente para os filhos após descobrir uma traição de sua esposa. O trauma foi tão grande que rompeu todas as suas convicções sobre o amor. Ela nunca mais se interessou por ninguém, até sua filha trazer uma...