Já passava das cinco horas da tarde quando finalizei uma reunião online de quase três horas para escolher as cores e a composição do novo cardápio de um dos meus clientes mais importantes da capital paulista, eu estava exausta, apenas a escolha do maldito escopo havia sido difícil de apresentar para o novo gerente de projetos da marca que, além de ser o neto do dono, ainda era um tremendo pau no cu, um pirralho mimado e egocêntrico, loiro dos olhos azuis, forte e com um topete ridículo, só faltou a jaqueta do time da escola e o título de capitão. Eu havia mostrado a ele um projeto simplesmente sensacional que tinha produzido nos dois últimos meses, algo que eu já havia validado com o velho várias vezes, eu não esperava que no dia da apresentação ele iria jogar o neto boçal dele pra meter o bedelho. Ouvi coisas totalmente sem sentido e não me surpreendi em nada quando ele comentou em determinada altura que ele não era do mercado publicitário, ele era formado em direito. O que uma pessoa formada em direito saberia para trabalhar num cargo em que você planeja identidade visual, estuda mercado, estratégias de marketing e mais uma infinidade de coisas relacionadas a arte?! Nada, obviamente. A pior parte foi a falta de humildade pra ouvir, a arrogância era nitidamente forte o tempo todo como se ele soubesse tudo o que eu passei a vida inteira estudando e eu, bem, eu não passasse de uma idiota que acabou de fazer um cursinho online sobre marketing digital.
Era completamente irracional pra mim a ideia de colocar alguém num cargo tão importante de uma puta empresa conceituada no mercado há mais de três décadas apenas por ser da família, o velho só podia estar maluco! É claro que eu tinha planos de colocar Letícia na minha empresa mas, nunca, jamais, começaria por um cargo de chefia, isto estava, definitivamente, fora de questão.
Eu ainda estava me martirizando e ofendendo aquele fedelho prepotente e babaca quando meu celular tocou e um numero desconhecido apareceu na minha tela.
— Alô?
— Oi, Day — a voz conhecida disse suavemente me provocando um arrepio.
— Caroline. — pontuei num fio de voz.
— Está ocupada? Pode falar? — me pegou de surpresa, afinal, desde quando ela era esse tipo de pessoa que pergunta se pode ou não alguma coisa?
— Não, não, pode falar. Como posso te ajudar? — tentei soar fria.
— Eu quero que você jante comigo essa noite. — disse assim, como quem diz bom dia e eu, sabe-se-lá por quê fui pega de surpresa.
— E-eu, eu... — engoli em seco — Por que? — foi só o que consegui dizer.
— Porque eu quero ver você, oras. Preciso de um evento pra jantar com você por acaso? — ameaçou.
Era quinta-feira e eu não via Caroline desde domingo de madrugada, era mais do que óbvio que tudo que eu mais queria era vê-la e naquele momento de estresse isso seria simplesmente delicioso, então achei melhor ignorar todos os meus demônios e aceitar o convite, afinal, jantar significava ficar perto dela com bastante gente ao redor em um lugar publico, parecia mais confortável pra mim.
— Tudo bem, onde vamos? — disse simplesmente e ela hesitou.
— Assim? Não vai nem fazer um cu doce? Estou pasma! — caçoou gargalhando.
— Não enche o meu saco antes que eu desista. Diz logo onde vamos.
— Ok, ok, já vi que o dia foi difícil, não é?! — afirmou e eu fiquei me perguntando como diabos ela poderia saber disso apenas falando comigo ao telefone.
— Já tive melhores... — confessei.
— Prometo ser uma boa companhia e melhorar o seu dia — disse em tom inocente — vamos até o Aizomê? — sugeriu.

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Nua (G!P)
FanfictionDayane é uma mulher divorciada que vive totalmente para os filhos após descobrir uma traição de sua esposa. O trauma foi tão grande que rompeu todas as suas convicções sobre o amor. Ela nunca mais se interessou por ninguém, até sua filha trazer uma...