Ciclo sem Fim

10 2 0
                                    

Quando te conheci você tinha o rosto liso com uns pelos soltos pela região do bigode que denunciava a dificuldade de uma barba crescer naquela região. Você tinha os olhos esperançosos com sede de tornar os sonhos em realidade. Os seus gostos musicais se reduziam apenas a música eletrônica e você ainda estava aprendendo Pensamentos Filosóficos na faculdade. O seu condomínio ainda estava terminando de reformar e a sua irmã do meio estava paquerando o seu vizinho do 4° andar.

Quando eu te amei pela primeira vez eu não estava tão próxima de Deus, desafiava a sua existência enquanto a vida corria pelas minhas veias. Eu desconhecia as belezas do seu corpo, apenas conhecia todas as pintas que havia em seu rosto. O meu coração pulava igual criança quando as suas mãos me tocavam em lugares que nunca tinha sido tocada, nem por mim e nem por outra pessoa. Você admirou cada detalhe, desde o fio rebelde do meu cabelo até o dedo do meu pé com unhas pequenas.

Quando você me amou pela primeira vez o amor para mim era insuperável, foi só te conhecer que o amor se tornou a última coisa que a minha consciência deixaria ignorar. Eu ainda gostava de vestir shorts jeans e queria cursar medicina veterinária. O pão da padaria perto de minha casa ainda custava 50 centavos. E seu amor se enrolava no meu pescoço e me sufocava com atenção.

A última vez que te amei não sabia que seria realmente a última. Eu não fazia ideia que existia a possibilidade de chorar por você, de não te ter por perto. Também não sabia que a minha cabeça ia martelar e meus olhos iam inchar faltando lágrimas para derramar.

A minha insônia que me pegava na madrugada era a agonia de te ter por dois anos e meio, e depois te perder a cada dia seguinte. Me vi perdida ao desejar que o último dia que me senti amada fosse como a primeira vez. Que tudo retornasse em um ciclo sem a possibilidade de chegar ao fim.






NósOnde histórias criam vida. Descubra agora