Enredo Insuficiente

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O mais difícil foi ver tudo aquilo que construímos se desmoronando, ver a gente se desapegando de tudo aquilo que nos tornava um só

Depois que você foi embora eu pensava constantemente no que erramos, eu chorava ao fitar a cômoda que ficava cheia de roupas suas e que naquele instante se encontrava vazia. O meu coração me dizia para te mandar uma mensagem falando o quanto eu te queria de volta, mas o meu orgulho me impedia com um sermão de ser mais forte e de não demonstrar tudo aquilo que eu sentia.

E eu queria poder te abraçar novamente e dizer o quanto eu gostava do seu sorriso. Queria sentir seu cheiro, a textura da sua pele, o peso do seu corpo sobre o meu, as pupilas dos seus olhos dilatando quando éramos levados por aquela conversa cheia de significados e esperanças. Tudo o que eu queria era observar a sua essência de perto e saber desfrutar de maneira correta a energia positiva que emana da sua alma. Porque você era verdadeiro e inexplicável.

E pra nós tudo sempre foi tão natural, o nosso amor nos fortalecia e curava os machucados passados. Mas nem tudo era suficiente, éramos tão compatíveis que procurávamos algum erro em nós dois. O que tínhamos em comum era duvidar de coisas que tinham provas o suficiente para nos fazer crer. Eu desacreditei de você e das milhares formas que tínhamos de nos dar tão bem.

Mas estávamos na mesma situação, desconfiados e cansados de mais para procurar um ao outro. A saudade apertava o peito e a nossa insegurança vinha com uma contradição. Perdidos na nossa própria bolha, e fracos de mais para nos dar uma nova chance .
Precisávamos de um tempo indeterminado, para ficarmos sozinhos e criarmos forças para quebrar a barreira da insegurança que nos afastava.

A verdade é que nos apaixonamos, e tudo desde o começo foi intenso e não podia ser diferente para a dor. Sempre nos importávamos com tudo, éramos zelosos com o sentimento do outro, mas hoje eu vejo que esquecemos do que era primordial.

O término foi dolorido e vazio, as ruas escuras da cidade era da mesma cor que eu daria para o meu sentimento. A lua iluminava a varanda da minha casa e me dizia que ela era o único meio de comunicação entre eu e você. Às 19:17 da noite eu sentava na varanda e conversava com a lua, parte de mim sabia que do outro lado você também estaria observando-a e pensando em mim. A lua escutava os meus choros e olhava a minha insônia indo me buscar de madrugada. Os meus dias eram tomados por conversas malucas com um satélite e olhos
inchados pela insônia .

Os dias foram se passando e a minha vontade de dizer que te amava aumentava junto com a outra vontade que eu tinha de te culpar pelos meus dias escuros e bizarros. Simplesmente tudo me lembrava você, até o meu insenso insignificante que eu tinha ganhado da minha vó havia se tornado um mistério significativo, com um cheiro parecido com o seu quando eu te encontrava sorridente no café da manhã.

E finalmente eu consegui entender que toda aquela dor era necessária. Tudo tinha um propósito, só não sei se o término aconteceu para nos fortalecer ou para nos dizer que não somos tão bons juntos como pensávamos. A verdade é que eu não estava mais com medo do que o futuro me planejava. Eu sabia que com você ou sem você ia ser difícil da mesma maneira. Porque todas as dificuldades pessoais só podiam ser curadas com a própria essência da minha alma. Eu aceitei que eu não deveria depositar tantas coisas na outra pessoa porque o desgaste físico e emocional iria aparecer no dia seguinte.

Sem você as coisas continuam as mesmas, só um pouco desorganizado do que costumava ser: a minha cama está vazia mas ela continua tão confortável como antes, a gaveta que era sua agora virou um refúgio com diversos gibis antigos que eu coleciono.  Eu parei de te esperar para o jantar e de ser levantada pelo seu despertador barulhento.

Eu perdoei a nossa insignificância com a nossa história
Hoje eu entendo que ela era realmente muito boa mas não tinha enredo o suficiente para fazer um grande sucesso










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