Tic Tac

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É que depois de ter tocado a minha pele, ela ficou totalmente ressecada e fria. Depois de beijar os meus lábios e de acariciar os meus cabelos, você se tornou uma pessoa fria e calculista. Como se cada movimento seu já tivesse sido arquitetado.

E eu fiz a escolha de crer em você, acreditar que você era uma pessoa boa e que fosse capaz de me fazer feliz. Mas a verdade é que o tic tac do meu relógio me mostrou que esse tempo ininterrupto estava sendo desperdiçado. Eu sabia que eu estava me obrigando a aceitar toda aquela frieza e indiferença.

É que depois do afeto nos tornamos irreconhecíveis. Como se tudo aquilo que estava pendente havia voltado para o presente para lembrar-nos que não éramos dignos. Tornamos o nosso relacionamento um verdadeiro jogo, no qual sempre haverá um perdedor. Jogamos com palavras vazias, bruscas e estratégicas e acertamos em cheio em nossas fraquezas.

É que muitas das vezes não basta ter fé, até porque a nossa já se encontrava sem significado

Éramos tolos e invasivos em sugar toda a energia do outro. Você se coloca em primeiro lugar em tudo, enquanto eu me fazia de escada para você alcançar o seu próximo degrau. 

É que para um relacionamento dar certo é necessário ceder algumas coisas, e nós nunca estávamos dispostos em estipular novas regras. Estávamos incertos se devíamos continuar juntos. 

É que quando você foi embora sem avisar para onde ia, eu sabia que o que eu sentia não iria fazer a menor diferença. E eu me permitia continuar em um relacionamento que não havia uma outra pessoa, era só eu e o sentimento que me atormentava e me fazia ficar. Você nunca me supriu nada, era uma pessoa tão vazia que nem tinha muito o que compartilhar. 

E de repente a morte me parece menos vazia do que permanecer ao seu lado. 
















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