Capítulo 33

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"Prometo que ficarei aqui até de manhã
E te pegarei quando você estiver caindo
Quando a chuva engrossar, quando você se cansar
Eu vou te tirar do chão
E te consertar com meu amor
Meu único amor"

Sebastian Yatra - My Only One

Alguns dias depois.

Mia

Desde o dia em que Edigar se acidentou ele me prometeu que não montaria mais, afinal, queria dedicar sua vida ao nosso pequeno. Eddie tem sido um fofo comigo todos esses dias, atencioso até demais, tudo o que eu iria fazer ele sempre estava lá para me ajudar, dizia ele que eu não podia fazer nenhum esforço, nada mesmo, nem o mais simples que era encher um copo d'água. Seu cuidado comigo estava sendo muito importante pra mim, eu me sentia acolhida, protegida por ele.

Acordei escutando alguns cochichos, demorei até entender da onde estavam vindo. Quando observo melhor Eddie estava deitado próximo a minha barriga, ele cochichava conversando com o bebê, aquela cena fez meu coração se aquecer.

- Eu vou te ensinar tudo que eu sei, principalmente a amar os cavalos. - ele alisava meu ventre e o admirava com carinho. - Você vai ser um excelente ponteira de comitiva, vai guiar o gado e principalmente vou te ensinar a tocar o berrante. - ele deposita um beijo em minha barriga. - Eu já te amo tanto, você e sua mãe são as pessoas mais importantes na minha vida.

- Nós também te amamos. - digo ele me olha pra me observar melhor. - E tenho certeza, que você vai ser o melhor pai que poderia existir.

Ele se aproxima de mim e me beija, aquele beijo calmo e carinhoso, Edigar era com toda certeza o homem da minha vida. Aquele por quem eu esperei tanto, a pessoa que melhorou a minha vida e me mostrou a melhor forma de viver, que me ensinou que o amor pode vir de onde a gente menos espera, Eddie era a minha pessoa, ele sempre diz que eu sou o sol mas ele mau sabe que quem me salvou da escuridão foi ele.

[...]

Depois no nosso café da manhã fomos até a cidade, eu tinha uma consulta com a obstetra, Edigar como sempre estava mais ansioso do que eu. Chegamos no consultório e ficamos aguardando até sermos chamados, não demorou e logo estavamos dentro da sala da doutora, fomos bem recebidos, a doutora era um excelente profissional.

Ela me encheu de perguntas e sem seguida me fez algumas recomendações, eu precisava fazer mais exercícios de maneira moderada, ela informou que isso poderia me ajudar na hora do parto, e logo chegou a nossa parte favorita da consulta, pela primeira vez iríamos ouvir juntos o coração do nosso bebê, me deitei sobre a maca e levantei a camiseta deixando a barriga ainda plana, amostra.

A doutora deposita um gel super gelado em minha barriga e começa a passar um espécie de sensor, a imagem na tela era um tanto distorcida, eu não estava entendendo nada.

- Aqui está o nosso bebezinho. - ela diz apontando detalhadamente na tela do ultrassom. - Essas são as perninhas, e já se mexem bastante.

Eddie aperta de leve a minha mão e notei em seu rosto que ele tentava segurar a emoção, vejo um leve sorriso em seus lábios, e uma lágrima escorrer a qual ele seca depressa.

- Os bracinhos. - a doutora continuava a nos explicar. - E o ponto mais crucial, o coraçãozinho.

A doutora aumenta a sonoridade do aparelho e podemos ouvir aquele som ecoando por toda a sala, o coração do nosso bebê batia rápido e parecia ser forte. Segurar a emoção já não era mais possível, lágrimas desciam pelo meu rosto, Eddie deposita um beijo em minha mão e me encara com o olhar mais doce que eu já vi, estávamos completamente felizes.

- Bate rápido! - ele diz emocionado. - Nosso bebê, o meu filho.

- São pais de primeira viagem? - a doutora pergunta exibindo um sorriso gentil.

-Sim, somos. - digo tentando segurar o choro.

- É visto, tenho certeza que vocês serão pais incríveis. - ela diz e seu sorriso se expande. - Terminamos por hoje, está tudo bem o bebê de vocês, recomendo alguns exercícios e uma alimentação saudável.

- Pode deixar doutora, eu vou cuidar muito bem dos dois. - Edigar diz enquanto me ajuda se levantar.

Nos despedimos dela e saímos do consultório, Edigar abre a porta do carro pra mim e eu entro me acomodando no banco, em seguida ele entra e segui dando partida no automóvel. A viagem foi quase toda silenciosa, Eddie estava o tempo todo com um sorriso bobo nos lábios, ver ele feliz me deixava maravilhada. Ainda no caminho Eddie resolve quebrar o silêncio.

- Você já contou ao seu pai? - ele pergunta sem tirar os olhos da estrada.

Fico pensando por alguns segundos no que meu pai diria se soubesse que seria avô, aposto o quanto quiserem, que ele irá me esculhambar.

- Ainda não. - respondo em tom baixo, mantenho minha cabeça encostada no vidro. - Ele iria surtar, mau veio me visitar, tenho certeza que ainda tá chateado comigo.

- Posso perguntar o porquê vocês brigaram?

Me ajeito no banco e respiro fundo.

- A história é longa. - digo franzindo o nariz.

- Temos muito tempo até chegarmos em casa. - ele me lança um meio sorriso.

- Bem, quando a minha mãe era viva, a nossa fazenda sempre foi o lugar favorito dela, e sempre que podia ela vinha pra cá, no aniversário de casamento de meus pais eles resolveram vir passar aqui, meu pai tinha preparado uma surpresa pra minha mãe. - suspiro triste me lembrando vagamente daquela noite. - Era uma noite chuvosa e a estrada estava perigosa, meu pai já não estava mais tão animado, mas por insistência da minha mãe, o meu pai decidiu vir, e ele acabou se perdendo em uma das curvas o carro caiu num barranco, e a minha mãe infelizmente não resistiu.

Edigar segura minha mãe que estava repousando sobre a minha perna, seu olhar de compaixão sobre mim fez-me sentir acolhida.

- Meu pai até hoje se sente culpado pela morte dela, e ele sempre ressaltou o quanto eu e ela éramos parecidas. - sorrio ao lembrar dos momentos bons que tive com meu pai. - Quando ele soube que eu herdei a fazenda e viria pra cá, ele surtou, fez questão de deixar claro que se eu viesse eu podia esquecer dele.

- Você tinha opção de mandar alguém tomar conta da fazenda, porque quis vir? - Eddie pergunta com curiosidade.

- O meu pai já não era mais presente em minha vida, ele só vivia no escritório ou na empresa, a nossa convivência já não era mais agradável. - voltei a minha atenção a paisagem e encostei a cabeça no vidro novamente. - Por isso eu preferi vir, eu queria fugir do caos.

Depois que a minha mãe faleceu a relação que eu e meu pai tínhamos, mudou, ele dizia que não conseguia ficar muito tempo perto de mim, pelo fato de eu se parecer com a minha mãe. Eu obviamente não entendia nada, afinal, eu tinha só cinco anos. Depois que ele conheceu a Lúcia e se casou com ela, a minha vida mudou, Lúcia foi quem cuidou de mim e me deu a devida atenção e carinho, que eu nunca tive de meu pai.

Mas isso não mudava o fato de que eu deveria contar para ele sobre a minha gravidez, e isso o convenceria de vez que eu não vou mais voltar para o Rio de Janeiro. Minha vida agora era ali na fazenda, com o homem que eu amava e com as pessoas que se importavam comigo, e se ele realmente ainda sentisse alguma coisa por mim, ele viria até aqui.


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